BAVT no ECG: saiba como identificar a condição no resultado do exame
Sinais de BAVT no ECG podem indicar condições de maior ou menor gravidade no exame de eletrocardiograma.
O prognóstico depende do tipo de bloqueio atrioventricular, sendo que os mais leves não requerem tratamento.
Por outro lado, o BAVT total representa uma ameaça à vida do paciente, exigindo rápido manejo para a reversão de seus efeitos sobre o ritmo cardíaco.
Neste artigo, explico como identificar o bloqueio atrioventricular, potenciais causas e de que forma a telemedicina auxilia no diagnóstico através do eletrocardiograma.
Se o tema interessa, avance na leitura até o final.
Como identificar BAV no ECG?
Bloqueio atrioventricular ou BAVT é aquele que atrasa a condução do estímulo elétrico dos átrios para os ventrículos.
Por consequência, diminui a frequência cardíaca (FC), desencadeando diferentes bradiarritmias.
Existem cinco tipos de BAV, todos identificáveis a partir da presença de intervalo PR estendido – maior que 200 ms (5 quadradinhos no papel do ECG).
Isso faz todo o sentido, já que o intervalo PR corresponde à despolarização dos átrios, seguida pela estimulação dos ventrículos.
Comento os sinais de cada BAVT no traçado do eletrocardiograma a seguir.
BAV de 1º Grau no ECG
Geralmente, não tem qualquer manifestação clínica, nem impacto sobre a saúde cardiovascular.
No bloqueio atrioventricular de primeiro grau, a única anomalia no ECG está na duração do intervalo PR, que é maior que 200 ms.
Todas as demais ondas, intervalos e sequências ocorrem dentro dos padrões de normalidade, ou seja, cada batimento é formado por uma onda P seguida por um complexo QRS e uma onda T.
BAV de 2º Grau 2:1 no ECG
Apresenta traçado irregular, com intervalo PR aumentado e sequências com uma onda P conduzida aos ventrículos e uma onda P bloqueada (o que fica claro na ausência do complexo QRS após essa onda).
O que explica a denominação 2:1, já que há duas ondas P para cada complexo QRS.
BAV de 2º Grau Mobitz I no ECG
Nesse tipo de BAV, o traçado do ECG dá sinais anteriores ao bloqueio.
Ocorre uma extensão progressiva do intervalo PR a cada batimento, até chegar ao bloqueio de uma onda P (supressão do complexo QRS).
Essa condição é conhecida como fenômeno de Wenckebach.
O complexo QRS retorna no próximo ciclo, pois essa modalidade de bloqueio é parcial.
BAV de 2º Grau Mobitz II no ECG
Embora estejam aumentados, todos os intervalos PR têm a mesma duração.
Assim como no Mobitz I, há ciclos normais seguidos por um bloqueio e retomada de batimento normal.
Em alguns casos, o complexo QRS aparece alargado, com duração maior que 120 ms.
BAVT, de 3º Grau no ECG
Este é o bloqueio AV total, caracterizado por supressões do complexo QRS devido ao fenômeno de dissociação atrioventricular.
Pode ser observado a partir de sequências com três ou mais ondas P bloqueadas, sendo potencialmente fatal se não houver resposta rápida.
Como laudar ECG com BAVT?
A interpretação e o laudo do ECG competem apenas a cardiologistas especializados no exame.
Cabe a eles analisar o traçado obtido a partir do registro da atividade elétrica do miocárdio.
Basicamente, essa tarefa é dividida nas seguintes etapas:
- Determinação da frequência cardíaca: o BAVT está relacionado a bradicardias, com FC menor que 40 bpm
- Análise do ritmo cardíaco: nesta fase, é possível notar atrasos e bloqueios de condução através da duração de intervalos e supressão de ondas do ECG
- Cálculo do eixo cardíaco
- Avaliação de anormalidades no segmento ST: podem revelar quadros de isquemia e infarto.
Na sequência, falo sobre as causas do bloqueio atrioventricular.
O que causa BAVT?
Degeneração do tecido cardíaco e patologias isquêmicas são as principais causas de bloqueio atrioventricular.
No entanto, existem outras doenças e eventos que podem estar por trás dessa condição, como listo abaixo:
- Fibrose e esclerose das células do sistema de condução
- Infarto agudo do miocárdio (IAM) e outras doenças isquêmicas
- Miocardite
- Endocardite
- Miocardiopatia chagásica
- Hipercalemia e outros distúrbios eletrolíticos graves
- Intoxicação por medicamentos como betabloqueadores e bloqueadores do canal de cálcio
- Cardiopatias congênitas
- Valvulopatias.
A investigação das causas é um componente importante para a definição do tratamento médico.
Qual o tratamento para BAVT?
Uma vez diagnosticado, o bloqueio atrioventricular deverá ser monitorado por um cardiologista.
A sequência vai depender do tipo de BAV, uma vez que bloqueios de 1º grau, 2º grau 2:1 e 2º grau Mobitz I são parciais e nem sempre requerem tratamento.
No entanto, é importante que o doente seja acompanhado para evitar que evoluam para as formas mais graves.
Já em casos de BAV de 2º Grau Mobitz II e BAVT de 3º grau, é necessário investigar a raiz do problema, considerando inicialmente causas reversíveis como isquemia e intoxicação por fármacos.
A suspensão desses medicamentos ou administração de substâncias como a atropina podem reverter o bloqueio, estabilizando a FC.
Em outros casos, será preciso implantar um marcapasso permanente para corrigir o distúrbio de condução.
Quais os benefícios da telemedicina no diagnóstico do BAVT com ECG?
Identificar o BAVT no ECG requer treinamento e conhecimento profundo sobre as características do exame normal ou alterado.
Daí a necessidade de avaliação por parte de um cardiologista experiente, que nem sempre está disponível durante todo o horário de funcionamento das clínicas e hospitais.
Nesse cenário, é possível reforçar a equipe usando a plataforma da Telemedicina Morsch.
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Conclusão
Ao final desse texto, espero ter ajudado na detecção do BAVT no ECG, seus diferentes tipos e tratamentos.
Esse é um tema de interesse tanto para cardiologistas como médicos que dão plantão no pronto-socorro, sala de emergência ou ambulância.
Afinal, dependendo da gravidade, o bloqueio atrioventricular exige rápido manejo para prevenir a morte e sequelas.
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