Eixo cardíaco: como identificar e calcular no ECG, tem calculadora
Você sabe calcular o eixo cardíaco?
Essa é uma das etapas indispensáveis para interpretar o ECG de forma correta.
E, por consequência, identificar anormalidades que sinalizem doenças cardíacas.
Daí a importância de aprimorar os seus conhecimentos sobre o eletrocardiograma e seus resultados, pois eles podem salvar a vida do paciente.
Principalmente se você estiver atendendo uma emergência, como o infarto.
Foi pensando nisso que construí este texto com noções básicas sobre o eixo cardíaco, mostrando por que e como encontrá-lo a partir do gráfico do ECG.
Se o assunto interessa, siga com a leitura.
O eixo cardíaco no eletrocardiograma
De forma bastante simplificada, podemos definir o eixo cardíaco como a principal direção na trajetória do impulso elétrico através dos ventrículos.
Também chamado de eixo elétrico ou vetor médio, ele é formado pela soma de todos os vetores que expressam a despolarização ventricular.
Para explicar melhor, vamos recordar as aulas de física em que estudamos o conceito de vetor.
Qualquer força que tenha direção e sentido pode ser representada por esse trecho de reta em um plano cartesiano.
E o impulso elétrico nada mais é do que uma força que deve seguir um padrão na direção e sentido para manter o coração batendo em ritmo sinusal ou normal.
Portanto, esse impulso pode ser representado por um vetor.
Mas o eletrocardiograma não capta sinais a partir de um único ponto de vista e, sim, de vários.
Cada derivação do teste mostra um mesmo estímulo elétrico a partir de diferentes ângulos, sendo que:
- Dados sobre o plano frontal são descritos nas derivações periféricas
- Existem 3 derivações periféricas bipolares (D1, D2 e D3) e 3 derivações periféricas unipolares (aVR, aVL e aVF)
- Dados sobre o plano horizontal do coração são avaliados a partir das 6 derivações precordiais: V1, V2, V3, V4, V5 e V6
- Assim, foi criado um vetor médio que serve para indicar se o eixo está em posição normal ou se tem algum desvio – fator relacionado a patologias cardíacas.
Como identificar o eixo do QRS no ECG
Encontrar o eixo cardíaco é uma tarefa complexa que requer treino e análise minuciosa.
Especialmente para os médicos que estiverem iniciando a carreira e não tiverem contato prévio com a interpretação de exames cardiológicos.
Então, minha primeira recomendação é que você tenha calma e esteja atento a cada detalhe no gráfico do ECG.
Considerando o plano frontal, o mais comum é que o eixo elétrico esteja para a direita e para baixo, a uma inclinação entre -30° a +90°.
Já no plano horizontal (das derivações precordiais), é comum que o vetor seja negativo nas derivações direitas, de V1 a V3, e positivo entre V4 e V6.
Outra situação corriqueira é que o complexo QRS seja positivo nas derivações D1 e aVF.
Nesse caso, o eixo estará entre 0º e 90º.
Assim, é preciso avaliar o traçado nas derivações D3 e aVL, que atravessam as duas primeiras.
Caso o QRS seja negativo em D3, o eixo estará posicionado entre 0º e 30º.
Já se o QRS foi isoelétrico em D3, o eixo estará exatamente na linha de aVR, a 30º.
Se o complexo estiver positivo em D3, estará abaixo da linha de aVR, entre 30º e 90º.
Como calcular o eixo cardíaco
Antes do cálculo em si, ressalto a importância de se atentar a critérios de qualidade do eletrocardiograma.
Embora seja um teste simples, é preciso cuidado para coletar os dados corretamente, evitando artefatos e outros problemas.
Um dos principais está na colocação dos eletrodos.
Eles devem ser fixados sobre a pele limpa e posicionados de modo adequado.
Escrevi um texto completo para ajudar nessa tarefa – você pode conferi-lo aqui.
No cálculo do eixo cardíaco, é possível saber se existe anormalidade em seu posicionamentoCom o resultado do ECG em mãos, vamos ao cálculo do eixo cardíaco.
Para isso, utilizamos as seis derivações periféricas.
Elas oferecem uma visão a partir da esquerda, direita, de cima e de baixo.
Vamos tomar por base o método simples para investigar anormalidades quanto ao eixo deste artigo.
Tudo começa pela divisão do plano em 4 quadrantes iguais.
Em seguida, traçamos os vetores referentes às derivações periféricas.
E verificamos se os complexos QRS são positivos ou negativos nas derivações D1 e aVF.
Depois, devemos observar o comportamento do complexo QRS para tirar conclusões:
- Se for positivo em D1 e aVF, o eixo é normal
- Se for negativo em D1 e aVF, há desvio extremo
- Se o QRS é positivo em aVF e negativo em D1, vemos um desvio à direita
- Se for negativo em aVF e positivo em D1, será preciso tirar a dúvida analisando D2. Se em D2 o QRS for positivo, indica eixo normal. Se for negativo, revela desvio à esquerda.
Calculadora exata do eixo cardíaco
Você pode salvar nos seus favoritos esse link onde você preenche com a amplitude do QRS em D1 e a amplitude do QRS em D3 e instantaneamente você terá o cálculo exato do eixo do QRS.
CALCULADORA DO EIXO DO QRS clique e calcule
O que caracteriza eixo cardíaco normal?
Ao olhar para o vetor médio calculado, é possível saber se existe anormalidade em seu posicionamento.
Utilize a seguinte regra:
- De -30° a 90°: eixo normal, esperado
- Entre -30° e -90°: eixo desviado à esquerda
- Entre 90° e 180°: eixo desviado à direita
- Entre -90° e -180°: desvio extremo do eixo elétrico.
Vale lembrar que existem outros aspectos que devem ser analisados para concluir que o eletrocardiograma tem resultado normal.
Por exemplo, verificar a frequência cardíaca, que deve ficar entre 50 e 100 bpm em um adulto jovem e saudável.
E conferir se o ritmo é sinusal, observando a presença, padrão e sequência das ondas do ECG.
No ritmo cardíaco normal, cada batimento é formado por uma onda P, seguida por um complexo QRS e, ainda, uma onda T.
Conclusão
Espero ter contribuído para tirar dúvidas e ajudar no cálculo do eixo cardíaco, passo fundamental na análise do eletrocardiograma.
Se ficou alguma pergunta ou sugestão, deixe um comentário.
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