Polissonografia de noite inteira: quando é indicado e como funciona o exame?

Por Dr. José Aldair Morsch, 30 de janeiro de 2025
Polissonografia do sono

A polissonografia de noite inteira feita em laboratório é considerada o método padrão ouro para o diagnóstico de distúrbios como a Síndrome de Apneia obstrutiva do sono (SAOS).

Supervisionado por profissionais de saúde, esse é um dos principais exames de medicina do sono.

Mas as tecnologias modernas também permitem a realização do procedimento em casa, se for permitido pelo médico solicitante.

Trago mais detalhes sobre as indicações e tipos de polissonografia nas próximas linhas.

Incluindo os benefícios da telemedicina que dão mais celeridade à interpretação desse importante exame.

O que é polissonografia de noite inteira?

Polissonografia de noite inteira é um exame que mede diversos parâmetros durante o sono.

Geralmente a expressão “de noite inteira” se refere à polissonografia basal ou tipo 1, que é realizada sob supervisão em laboratório do sono.

Trata-se da modalidade mais completa do método, que monitora 7 canais de forma simultânea. No entanto, como mencionei na abertura do texto, também existe a polissonografia domiciliar que pode, inclusive, ser feita com 7 canais (tipo 2).

Essa alternativa costuma dar mais comodidade ao paciente, além de diminuir as chances de problemas para dormir por estar num ambiente desconhecido.

Conforme a solicitação do exame, o paciente pode realizar, ainda, a versão com pelo menos 4 (tipo 3) ou 1 canal (tipo 4).

Quando a polissonografia de noite inteira é indicada?

De maneira resumida, o exame está indicado na suspeita de distúrbios do sono ou complicações que afetem a qualidade do sono.

Geralmente, essas condições se manifestam através de sintomas como:

  • Ronco
  • Dor de cabeça ao acordar
  • Sonolência excessiva durante o dia
  • Dificuldade para adormecer
  • Ataques súbitos de sono durante o dia
  • Alterações do humor, como irritabilidade
  • Lapsos de memória
  • Depressão
  • Ansiedade
  • Problemas cognitivos que afetam a concentração, aprendizado, raciocínio e pensamento.

Contudo, o exame também é recomendado para rastrear doenças como a apneia obstrutiva do sono (AOS) em situações específicas.

Um exemplo está nos pacientes com doença obstrutiva do sono (DPOC), nos quais os sintomas clássicos podem não ser úteis para a suspeição da apneia.

Nesses casos, o Consenso em Distúrbios Respiratórios do Sono da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia recomenda o seguinte:

“Nos pacientes com DPOC, a polissonografia (PSG) está indicada quando houver suspeita clínica de AOS, surgimento de complicações hipoxêmicas (cor pulmonale e policitemia) ou presença de hipertensão pulmonar desproporcional ao comprometimento do fluxo aéreo.”

Polissonografia Basal

A interpretação da polissonografia é um desafio para as instituições de saúde

O que a polissonografia de noite inteira detecta?

A polissonografia basal pode detectar uma série de distúrbios do sono, incluindo:

  • Insônia
  • Narcolepsia
  • Hipersonia
  • Apneia obstrutiva do sono
  • Hipopneia
  • Síndrome da hiperresistência das vias aéreas superiores (SHVAS)
  • Estágios avançados de DPOC
  • Síndrome dos movimentos periódicos dos membros (PLMS)
  • Síndrome das pernas inquietas
  • Sonambulismo
  • Terror noturno
  • Paralisia do sono
  • Pesadelos
  • Bruxismo
  • Enurese noturna.

A seguir, entenda como o exame é realizado.

Como é feito o exame de polissonografia de noite inteira?

O exame começa com a orientação do paciente, que deverá comparecer ao laboratório próximo ao horário em que costuma dormir.

Dependendo da recomendação no pedido médico, ele terá eletrodos e/ou sensores fixados em diferentes partes do corpo.

São esses itens que captam os dados de diferentes funções do organismo, permitindo sua avaliação durante a noite toda.

As ondas cerebrais, por exemplo, são registradas por meio dos eletrodos do EEG (eletroencefalograma), e convertidas em gráficos analisados posteriormente por um especialista.

O monitoramento do sono pode englobar exames como:

  • Eletrocardiograma (ECG) para mostrar a atividade elétrica do coração
  • Eletroencefalograma (EEG) para monitorar os impulsos elétricos do cérebro
  • Oximetria de pulso para medir o nível de oxigênio no sangue
  • Eletromiograma para medir o movimento dos músculos
  • Eletro-oculograma para identificar as fases do sono e em que momento se iniciam, através do movimento dos olhos (indicativo de sono REM).

Entenda a seguir quais parâmetros são avaliados.

Parâmetros polissonográficos

A partir desses procedimentos, pode-se observar os seguintes parâmetros – descritos no estudo “Métodos diagnósticos nos distúrbios do sono”:

  • Tempo total de sono (TTS), tempo de vigília, tempo total de registro (TTR)
  • Eficiência do sono: TTS/TTR
  • Latência para o início do sono, Latência para o sono REM e para os demais estágios do sono
  • Duração (minutos) e as proporções dos estágios do sono do TTS
  • Número total e o índice das apneias e hipopneias (IAH) por hora de sono
  • Valores da saturação e os eventos de dessaturação da oxi-hemoglobina
  • Número total e o índice dos movimentos periódicos de membros inferiores por hora de sono
  • Número total e índice dos micro despertares por hora de sono e sua relação com os eventos respiratórios ou os movimentos de pernas
  • Ritmo e frequência cardíaca.

Continue lendo para saber como é o preparo para o exame.

Polissonagrafia completa

O exame também é recomendado para rastrear doenças como a apneia obstrutiva do sono (AOS)

Preparo para a polissonografia de noite inteira

Indolor e não invasiva, a polissonografia tem preparo simples.

O paciente pode realizar as atividades diárias e tomar os medicamentos normalmente, a não ser que o médico tenha solicitado sua suspensão.

Vale evitar bebidas alcoólicas e estimulantes, como a cafeína, pois eles podem interferir na qualidade do sono.

Também é importante que o paciente compareça com o couro cabeludo e a pele limpos, mas sem qualquer cosmético aplicado.

Ele deve usar roupas confortáveis e levar objetos de uso pessoal, como a escova de dentes e o travesseiro ao laboratório.

Vantagens da telemedicina para o diagnóstico do paciente

Por reunir vários exames, a interpretação da polissonografia é um desafio para as instituições de saúde.

Afinal, é preciso dispor de um verdadeiro time de especialistas para emitir o laudo médico.

Mas você pode contar com a telemedicina para agilizar a entrega de resultados de exames, diminuindo o tempo de espera pelo diagnóstico.

Basta compartilhar os registros via plataforma de Telemedicina Morsch para que sejam avaliados por médicos especialistas, que elaboram e assinam digitalmente o laudo.

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Conclusão

Ao final deste artigo, você está informado sobre a polissonografia de noite inteira e sua relevância na identificação dos distúrbios do sono.

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Leia também outros conteúdos sobre neurologia que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin