Conjuntivite: o que é, tipos mais comuns, causas e como tratar

Por Dr. José Aldair Morsch, 19 de janeiro de 2024
Quais são os tipos mais comuns de conjuntivite e como tratar?

Se você nunca teve conjuntivite, certamente já viu alguém com essa doença.

Normalmente, tratamos a condição como algo simples, comum e que passa logo. 

De fato, sua duração é curta e raramente existem complicações, mas é sempre importante consultar o oftalmologista.

Isso porque muitas pessoas só buscam por um médico quando os sintomas se agravam e geram incômodos mais severos. 

Contudo, se a conjuntivite for reconhecida e tratada cedo, a tendência é que ela seja minimizada até a cura completa.

Ainda, por menores que sejam as chances, as complicações podem sim ocorrer. 

Então, procure dar ao caso a mesma atenção que você daria para qualquer problema de saúde.

No texto a seguir, explico como saber se você tem conjuntivite.

Além disso, entenda como ela ocorre, quais os tipos, causas, duração e alternativas de tratamento, assim como formas de prevenção.

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O que é conjuntivite?

Basicamente, a conjuntivite é um processo inflamatório que atinge uma membrana dos olhos, que é chamada de conjuntiva.

Trata-se de uma membrana fina e transparente com função de revestir a parte interior das pálpebras e a frente do globo ocular, conhecida como “o branco dos olhos”.

Sua duração geralmente é curta, não ultrapassando duas semanas.

Normalmente ataca os dois olhos, porque o tipo mais comum é infeccioso, então é normal que a pessoa com um olho infectado acabe passando para o outro ao coçar e mexer neles.

Por falar nos tipos, suas causas podem ser associadas a bactérias e vírus.

Além disso, é possível que a origem seja alérgica (como alergia à fumaça, cloro, maquiagem, etc).

Para você ter ideia, cerca de 75% dos casos de conjuntivite têm origem bacteriana, de acordo com um estudo da Revista Brasileira de Oftalmologia.

Além disso, segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), o maior número de atendimentos de emergência oftálmica é motivado por conjuntivite, representando 28% dos casos.

Mesmo que os sintomas de conjuntivite sejam bastante incômodos e tenham potencial contagioso, quase sempre os tratamentos são simples e não deixam sequelas.

Extremamente raras, as complicações são associadas a alguns fatores específicos, aos quais é importante ficar atento, mesmo que as chances sejam pequenas.

Isso inclui tratamentos incorretos, falta de tratamento em pacientes com bastante recorrência da doença e até situações de uso de lentes de contato sujas ou durante o sono.

Dos agravamentos mais severos, se destaca a úlcera de córnea, que causa um tipo de “buraco” na área, e a ceratite, que gera vários pontos de lesão, como se a córnea estivesse “ralada”.

No próximo item, entenda melhor como os diferentes tipos de conjuntivite se caracterizam e quais cuidados cada um deles exige.

Principais sintomas da conjuntivite

Os sintomas de conjuntivite considerados “clássicos” são aqueles sentidos diretamente nos olhos.

Eles incluem, por exemplo:

  • Excesso de lacrimejamento ou vermelhidão
  • Constante ardência
  • Incômodo que se assemelha à sensação de ter areia nos olhos
  • Sensibilidade acentuada sob a presença de luz
  • Bastante coceira
  • Pálpebras inchadas
  • Presença de secreção de cor amarelada ou esbranquiçada
  • Olhos que ficam levemente grudados ao acordar (por conta da secreção)
  • Visão levemente embaçada.

Em muitos casos, especialmente se alérgico ou viral, o paciente pode também sentir certos sintomas na região do nariz.

Os principais deles são:

  • Vontade constante de espirrar
  • Corrimento nasal
  • Congestão nas narinas.

Vale relembrar que, como a conjuntivite na maioria das vezes é desencadeada por infecções de microrganismos, outros sintomas diversos podem surgir.

Os tipos e a intensidade variam de acordo com o agente em questão.

Contudo, o mais comum é que surja dor de garganta (que pode evoluir para amigdalite se não tratada), febre e dores de cabeça.

Normalmente, isso sinaliza a presença de um vírus.

Conjuntivite viral

Quanto à secreção, a conjuntivite viral apresenta um padrão diferente, sendo mais fina e esbranquiçada

Quais são os tipos de conjuntivite?

Como expliquei acima, é mais recorrente que a conjuntivite seja infecciosa.

Atrás dos vírus e das bactérias, também estão as causadas por alergias (que não podem passar de uma pessoa para outra).

Enquanto o tipo infeccioso pode atingir apenas um olho (e passar para o outro através das mãos), o mais comum é que o alérgico acometa os dois olhos simultaneamente

Dito isso, podemos dividir os tipos de conjuntivite justamente entre as bacterianas, virais e alérgicas.

Confira as principais características de cada uma delas a seguir. 

Conjuntivite bacteriana

A conjuntivite bacteriana é, de longe, a mais recorrente.

Ela é transmitida por contato direto (quando o indivíduo encosta suas mãos em uma área contaminada e depois a leva aos olhos) ou indireto (como toalhas compartilhadas).

Os agentes causadores mais comuns são as bactérias Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus spp, mas muitas outras podem gerar conjuntivite.

Sua característica mais marcante é a presença de uma secreção amarelada e volumosa nos olhos (discorro mais sobre os sintomas mais adiante neste artigo).

Conjuntivite viral

Já as conjuntivites virais, evidentemente, são aquelas causadas por vírus.

O grupo viral que se instala nos olhos e gera a doença é o adenovírus.

Esse agente causador também é responsável por algumas doenças respiratórias conhecidas, como resfriado, pneumonia, sinusite e bronquite, por exemplo.

Acredita-se que a transmissão viral não ocorra pelo ar, mas sim pelo espirro do paciente, tosse ou pela própria secreção ocular (como no caso das conjuntivites bacterianas).

Em relação à secreção, a conjuntivite viral é diferente, mais aquosa e esbranquiçada.

Conjuntivite alérgica

Por fim, há a conjuntivite alérgica.

Considerada a forma mais simples da doença, também demanda a procura por um oftalmologista para prevenir o agravamento dos sintomas.

Diversos agentes alérgicos podem causar essa forma da patologia. 

Os exemplos vão desde a poeira aos pelos de animais, passando por ácaros, pólen, insetos e até alimentos ou medicamentos.

A manifestação da conjuntivite alérgica pode ser crônica ou aguda. 

Quanto mais tendências alérgicas o paciente tem, mais chances ele possui de desenvolver o problema.

Principais sintomas de conjuntivite

Os sintomas de conjuntivite considerados “clássicos” são aqueles sentidos diretamente nos olhos

Como saber se estou com conjuntivite?

O diagnóstico da conjuntivite geralmente é clínico, baseado nos sintomas descritos pelo paciente – como olhos vermelhos, lacrimejamento, coceira, sensação de areia nos olhos, sensibilidade à luz e secreção ocular – e na observação da conjuntiva pelo oftalmologista.

O médico pode também realizar exames adicionais, como culturas de secreção ocular, para determinar a causa específica da conjuntivite.

Como saber o tipo de conjuntivite?

Como já expliquei, existem três tipos principais de conjuntivite: viral, bacteriana e alérgica.

É o médico que determinará o tipo com base nos sintomas, histórico médico, visualização das estruturas oculares por meio da lâmpada de fenda e, se necessário, exames laboratoriais.

Aqui estão alguns exames adicionais que podem ser realizados:

  • Cultura de secreção ocular
  • Testes de reação em cadeia da polimerase
  • Testes de imunofluorescência
  • Testes alérgicos
  • Exames de citologia conjuntival.

Antes de me aprofundar sobre os sintomas e como tratar conjuntivite, compartilho abaixo mais algumas informações importantes sobre seus agentes causadores.

O que causa conjuntivite?

Quando expliquei os principais tipos de conjuntivite, você deve ter notado que as causas quase sempre são associadas a três fatores bem definidos.

Contudo, essa relação pode ser um pouco mais complexa do que parece. 

Isso porque, os agentes desencadeadores podem ir além dos vírus, bactérias e alérgicos que citei anteriormente.

Em relação à conjuntivite infecciosa, qualquer microrganismo que entra em contato com os olhos pode gerar a doença.

Portanto, apesar de o adenovírus e os tipos bacterianos apresentados anteriormente serem mais comuns, eles não são os únicos.

Por exemplo, você sabia que até mesmo a covid-19 pode ser uma causa de conjuntivite?

Isso acontece quando o coronavírus entra no organismo através das mucosas dos olhos.

Apesar de ser uma manifestação rara, ela é possível.

De acordo com estudo da UFMG, toda infecção aérea superior pode desencadear a conjuntiva inflamada.

Até por isso, o oftalmologista deve perguntar ao paciente se ele teve algum quadro respiratório recente.

Se for o caso, as suspeitas de conjuntivite viral aumentam bastante.

Como define-se a doença pelo processo inflamatório da membrana conjuntiva, há inúmeros fatores que podem causar essa patologia. 

Basicamente, é tudo o que é capaz de causar essa inflamação.

É possível ter conjuntivite até mesmo por fungos e parasitas, o que inclui larvas, vermes, amebas e até Candida.

Claro que essas são situações muito mais raras. 

Contudo, independentemente da suspeita, uma consulta médica é sempre fundamental para minimizar sintomas e prevenir agravamentos.

A conjuntivite é contagiosa?

Apenas a conjuntivite bacteriana e a conjuntivite viral são contagiosas, excluindo a do tipo alérgica

Como se pega conjuntivite?

A conjuntivite pode ser transmitida de pessoa para pessoa por meio do contato direto com secreções oculares infectadas, objetos contaminados e até mesmo pelo contato com as mãos.

Por exemplo, ao utilizar a mesma toalha de uma pessoa com conjuntivite, compartilhar travesseiros ou até mesmo óculos de realidade virtual usados previamente por alguém infectado e que não foi higienizado corretamente, você fica vulnerável ao contágio.

O contágio indireto também é comum, já que o vírus ou bactéria responsável pela conjuntivite pode se espalhar facilmente, especialmente em locais públicos.

Portanto, não tocar os olhos e manter uma boa higiene pessoal são medidas essenciais para prevenir a propagação, além de evitar compartilhar itens pessoais e praticar boa higiene ocular.

Como tratar conjuntivite?

Como ocorre nas demais características da doença, a resposta para como tratar conjuntivite varia de acordo com a sua causa.

Quase sempre, a definição do diagnóstico ocorre a partir dos sintomas relatados pelo paciente e pela avaliação do quadro clínico.

No consultório, o exame consiste na visualização do meio ocular

Isso é feito com o apoio da lâmpada de fenda, um instrumento que emite uma fonte de luz de alta intensidade focada, que brilha como uma “fenda” para observação junto a um microscópio específico.

Independentemente dos tipos de conjuntivite diagnosticados, é direito do paciente ser orientado sobre a limpeza diária das pálpebras com apoio de água ou soro fisiológico.

Quanto ao tratamento em si, veja algumas alternativas a seguir.

Tratamento para conjuntivite bacteriana

O principal objetivo da intervenção é combater a bactéria que causa a inflamação da membrana conjuntiva.

Para isso, o remédio para conjuntivite é antibiótico. 

Geralmente, aplica-se a solução na forma de pomadas ou colírios.

Também é importante que o paciente mantenha os olhos limpos, realizando a limpeza constante ao longo do dia.

Além disso, recomenda-se compressas úmidas e frias para proporcionar mais alívio aos sintomas.

Tratamento para conjuntivite viral

Já no caso das infecções por vírus, o oftalmologista quase nunca receita um remédio para conjuntivite específico.

Isso porque esse tipo de manifestação geralmente tem duração menor

Portanto, a ideia é garantir alívio para os sintomas até que a doença passe sozinha. 

Como resultado, as limpezas constantes (com água ou soro) são ainda mais importantes todos os dias.

O mesmo vale para as compressas.

Mais adiante explicarei melhor qual é o tempo médio de infecção e por que isso garante um tratamento mais leve.

Tratamento para conjuntivite alérgica

Para finalizar, os quadros alérgicos também exigem o uso de remédio para conjuntivite

Nesses casos, são empregados antialérgicos.

As substâncias servem para combater os sintomas e minimizar a doença. 

Contudo, também se recomenda para prevenir crises.

Caso o paciente utilize lentes de contato, é importante que seu uso seja suspenso sempre que qualquer irritação surgir.

O tratamento e a prevenção da conjuntivite alérgica são muito importantes.

Isso porque, sem os cuidados corretos, a córnea pode ser opacificada, o que prejudica gradualmente a visão.

Aproveite e ouça este conteúdo no formato de podcast Morsch:

Qual o melhor colírio para conjuntivite?

A escolha do colírio depende do tipo de conjuntivite diagnosticada.

Colírios antibióticos ou antialérgicos podem ser prescritos pelo médico, dependendo da origem da inflamação.

Como a conjuntivite viral tem curta duração, o colírio indicado geralmente é para fins de hidratação, como Moura Brasil ou Lacrima Plus, entre outros.

Para conjuntivite bacteriana, colírios como Maxitrol, Tobradex e Zypred podem ser indicados.

No caso da conjuntivite alérgica, colírios com antialérgicos como cetirizina ou azelastina podem ser prescritos.

Importante ressaltar que a automedicação nunca é recomendada.

Além isso, o colírio deve ser prescrito por um profissional de saúde.

Só um especialista pode ministrar remédios de forma eficiente e segura.

Do contrário, você pode piorar a sua situação. 

Quanto tempo dura a conjuntivite?

De maneira geral, a conjuntivite dura de 7 a 15 dias

Claro que tudo pode variar conforme a situação do paciente e a causa da doença.

Conforme expliquei antes, o tipo viral é o que tem menor duração.

Normalmente, seu período de ocorrência varia de 4 a 7 dias.

Contudo, a conjuntivite bacteriana normalmente leva uma semana.

Entretanto, esse tempo pode aumentar e ela tem chances de durar mais se o tratamento correto não for adotado.

Por sua vez, condiciona-se a alérgica ao quão sujeita a pessoa sofre com alergias.

Se as crises forem recorrentes, a conjuntivite será mais constante (e vice-versa).

Além disso, os quadros alérgicos tendem a ser mais duradouros se o ambiente for seco, muito poluído ou tiver outros fatores não propícios aos indivíduos alérgicos. 

O que não pode comer quando está com conjuntivite?

Não há uma dieta específica para a conjuntivite, mas é aconselhável evitar alimentos que possam causar alergias ou tenham potencial de aumentar a irritação ocular, como picantes.

Isso pode ocorrer devido à liberação de substâncias irritantes que podem piorar a sensação de ardência e coceira nos olhos.

Além disso, manter uma boa hidratação e uma dieta equilibrada pode contribuir para uma recuperação mais rápida.

Outros cuidados são não usar lentes de contato durante o período da doença, lavar as mãos com frequência, não coçar os olhos para não aumentar a irritação e limpá-los diversas vezes ao dia, não deixando acumular secreção que possui restos de microrganismos.

Use óculos de sol para proteger os olhos da sensibilidade à luz.

É possível prevenir a conjuntivite?

Em resumo, algumas práticas preventivas podem ser adotadas para evitar a propagação da conjuntivite oriunda de causas infecciosas.

Em geral, as dicas incluem todas as ações básicas para minimizar a transmissão de microrganismos

A única diferença para os cuidados em relação a outras doenças é o foco maior na proteção dos olhos.

Nesse sentido, as principais recomendações são: 

  • Lave as mãos e o rosto com frequência
  • Evite coçar os olhos, principalmente se tiver apertado as mãos de alguém ou tocado em algum objeto que não pertence a você
  • Se tiver alguém infectado na sua casa, troque as fronhas dos travesseiros todos os dias
  • Troque também as toalhas do banheiro com maior frequência
  • Evite usar piscinas públicas ou de clubes
  • Priorize as toalhas de papel para os rostos e as mãos se usar o banheiro fora de casa
  • Não compartilhe produtos de limpeza, como rímel, delineador ou esponja
  • Evite aglomerações.

Leve essas dicas para o dia a dia e fuja da conjuntivite.

Conclusão

Ao longo deste artigo, expliquei em detalhes o que é conjuntivite, quais os seus principais tipos, causas, sintomas, opções de tratamento, tempo de duração e métodos de prevenir-se contra possíveis contágios.

Ciente das características da doença, lembre-se de procurar um oftalmologista ao perceber um sintoma.

Afinal, ela pode gerar incômodos severos e até agravamentos se não tratada corretamente.

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Gostou de saber tudo sobre conjuntivite e como combatê-la?

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin