Estenose mitral tem cura? Veja como diagnosticar com a telemedicina
A estenose mitral está entre as valvulopatias mais comuns no mundo.
Geralmente, surge como sequela de febre reumática vivenciada durante a infância, tendo maior prevalência na população de países subdesenvolvidos.
A gravidade dessa patologia varia conforme o grau de estreitamento da válvula e a associação com outras condições, inclusive a insuficiência mitral.
Falo mais sobre a manifestação clínica, possíveis causas e como detectar a estenose ao longo deste artigo.
Siga com a leitura e confira também dicas para acelerar o diagnóstico com a telemedicina.
O que é estenose mitral?
Estenose mitral é uma doença caracterizada pelo estreitamento da área valvar entre átrio e ventrículo esquerdo.
Por consequência, o fluxo sanguíneo entre essas duas câmaras cardíacas é reduzido.
Isso eleva a pressão sobre o átrio esquerdo, provocando hipertrofia dessa câmara.
Muitas vezes, a pressão contínua sobre o átrio desencadeia alterações no ritmo cardíaco, com destaque para a fibrilação atrial.
Conforme o artigo de revisão “Estenose Mitral Reumática”, publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, a condição pode ser classificada em três tipos principais:
- Tipo comissural: envolve basicamente as comissuras valvares, que podem fundir-se em maior ou menor grau
- Tipo valvar: o envolvimento primário é das cúspides, tornando-as espessas, rígidas e deformadas
- Tipo subvalvar: envolve o chamado aparelho subvalvar, compreendido pelos músculos papilares e cordoalhas tendinosas, que podem espessar, encurtar e fusionar, impedindo a mobilidade da válvula.
Um mesmo paciente pode apresentar combinações entre os tipos de estenose, aumentando o grau de estreitamento.
Em um indivíduo normal, a área do orifício mitral tem entre 4 e 6 cm², enquanto casos graves de estenose podem reduzir esse espaço para menos que 1 cm².
O que é sopro da estenose mitral?
Sopro da estenose mitral é um ruído decorrente da passagem dificultada do sangue pelo orifício valvar.
Costuma ser identificado em pacientes que mantêm ritmo sinusal, durante a ausculta com um estetoscópio sem diafragma.
Segundo o já mencionado artigo de revisão sobre o tema, é possível notar, ao exame físico:
“Sopro diastólico que ocupa toda a diástole, iniciando-se com grande intensidade, diminuindo na mesodiástole, para novamente acentuar-se na pré-sístole, precedendo uma 1ª bulha intensa e vibrante. A introdução desse sopro é feita por um ruído de alta frequência, audível na ponta, mas melhor separado do sopro na região mesmo cardíaca, seguindo-se à 2ª bulha, que corresponde ao estalido de abertura da valva mitral”.
Quais os sintomas da estenose mitral?
O principal sintoma da estenose mitral é a dispneia aos esforços.
Ou seja, um desconforto ao respirar.
Nos quadros graves, a dificuldade respiratória pode estar presente mesmo durante o repouso.
Percepção dos batimentos cardíacos (palpitações), fadiga e hemoptise são outras manifestações clínicas da patologia.
Quais as causas da estenose mitral?
História pregressa de febre reumática (FR) é a causa mais comum, marcando presença em 70 a 80% dos casos.
Os demais pacientes podem ser acometidos pela forma congênita da EM, ou infecção viral da válvula mitral, provocada por agentes como o Cocksakie B4.
De acordo com o estudo “A estenose mitral como sequela em pacientes com febre reumática”:
“A febre reumática aguda é uma sequela inflamatória não supurativa que acomete principalmente o tecido conjuntivo por meio de uma reação cruzada após uma infecção de vias aéreas superiores, causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A. Essa doença abrange a cardite, artrite, coreia, eritema marginatum, nódulos subcutâneos, febre, taxa de hemossedimentação elevada e intervalo PR prolongado. Cerca de 70% das pessoas com febre reumática evoluem para cardite, que acomete principalmente a válvula mitral, e um terço das cirurgias cardiovasculares realizadas no Brasil são consequências desse acometimento”.
Estenose mitral tem cura?
Nem sempre os efeitos adversos podem ser revertidos.
Contudo, pacientes com grau leve de estenose e sem sintomas devem apenas receber acompanhamento cardiológico preventivo, a fim de evitar complicações.
Se houver desconforto, o tratamento inclui medicamentos como diuréticos e betabloqueadores, a fim de controlar a pressão e corrigir anomalias no ritmo cardíaco.
Casos moderados e graves são considerados para correção definitiva por meio de cirurgia de estenose mitral.
Dependendo do tipo, grau de estenose e condição clínica, é indicada valvuloplastia por balão, substituição da válvula mitral ou comissurotomia aberta.
Como diagnosticar a estenose mitral?
O diagnóstico tem início com exame clínico e conclusão a partir das observações de exames complementares.
Na anamnese, deve-se investigar possíveis casos de febre reumática durante a infância ou juventude, ainda que o paciente tenha idade avançada.
A etapa de observação e ausculta deve ser minuciosa, podendo revelar sopro diastólico característico de estenose mitral.
Com base nessa avaliação, o médico solicita exames como eletrocardiograma, raio X de tórax e ecocardiograma.
Embora pedido com frequência, o ECG não tem grande especificidade.
Porém, permite identificar anomalias como taquicardia atrial, fibrilação atrial e alterações na onda P.
Na radiografia torácica, pode-se visualizar a hipertrofia do átrio esquerdo.
No entanto, o exame de maior relevância é o ecocardiograma, que revela espessamento, calcificações, aumento do volume nas câmaras cardíacas e regurgitação mitral (se houver).
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Conclusão
O diagnóstico de estenose mitral é complexo, mas exames complementares auxiliam na detecção de anomalias no fluxo sanguíneo no coração esquerdo.
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