Estenose mitral tem cura? Veja como diagnosticar com a telemedicina

Por Dr. José Aldair Morsch, 11 de maio de 2023
Estenose mitral

A estenose mitral está entre as valvulopatias mais comuns no mundo.

Geralmente, surge como sequela de febre reumática vivenciada durante a infância, tendo maior prevalência na população de países subdesenvolvidos.

A gravidade dessa patologia varia conforme o grau de estreitamento da válvula e a associação com outras condições, inclusive a insuficiência mitral.

Falo mais sobre a manifestação clínica, possíveis causas e como detectar a estenose ao longo deste artigo.

Siga com a leitura e confira também dicas para acelerar o diagnóstico com a telemedicina.

O que é estenose mitral?

Estenose mitral é uma doença caracterizada pelo estreitamento da área valvar entre átrio e ventrículo esquerdo.

Por consequência, o fluxo sanguíneo entre essas duas câmaras cardíacas é reduzido.

Isso eleva a pressão sobre o átrio esquerdo, provocando hipertrofia dessa câmara.

Muitas vezes, a pressão contínua sobre o átrio desencadeia alterações no ritmo cardíaco, com destaque para a fibrilação atrial.

Conforme o artigo de revisão “Estenose Mitral Reumática”, publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, a condição pode ser classificada em três tipos principais:

  • Tipo comissural: envolve basicamente as comissuras valvares, que podem fundir-se em maior ou menor grau
  • Tipo valvar: o envolvimento primário é das cúspides, tornando-as espessas, rígidas e deformadas
  • Tipo subvalvar: envolve o chamado aparelho subvalvar, compreendido pelos músculos papilares e cordoalhas tendinosas, que podem espessar, encurtar e fusionar, impedindo a mobilidade da válvula.

Um mesmo paciente pode apresentar combinações entre os tipos de estenose, aumentando o grau de estreitamento.

Em um indivíduo normal, a área do orifício mitral tem entre 4 e 6 cm², enquanto casos graves de estenose podem reduzir esse espaço para menos que 1 cm².

O que é sopro da estenose mitral?

Sopro da estenose mitral é um ruído decorrente da passagem dificultada do sangue pelo orifício valvar.

Costuma ser identificado em pacientes que mantêm ritmo sinusal, durante a ausculta com um estetoscópio sem diafragma.

Segundo o já mencionado artigo de revisão sobre o tema, é possível notar, ao exame físico:

“Sopro diastólico que ocupa toda a diástole, iniciando-se com grande intensidade, diminuindo na mesodiástole, para novamente acentuar-se na pré-sístole, precedendo uma 1ª bulha intensa e vibrante. A introdução desse sopro é feita por um ruído de alta frequência, audível na ponta, mas melhor separado do sopro na região mesmo cardíaca, seguindo-se à 2ª bulha, que corresponde ao estalido de abertura da valva mitral”.

Quais os sintomas da estenose mitral?

O principal sintoma da estenose mitral é a dispneia aos esforços.

Ou seja, um desconforto ao respirar.

Nos quadros graves, a dificuldade respiratória pode estar presente mesmo durante o repouso.

Percepção dos batimentos cardíacos (palpitações), fadiga e hemoptise são outras manifestações clínicas da patologia.

Quais as causas da estenose mitral?

História pregressa de febre reumática (FR) é a causa mais comum, marcando presença em 70 a 80% dos casos.

Os demais pacientes podem ser acometidos pela forma congênita da EM, ou infecção viral da válvula mitral, provocada por agentes como o Cocksakie B4.

De acordo com o estudo “A estenose mitral como sequela em pacientes com febre reumática”:

“A febre reumática aguda é uma sequela inflamatória não supurativa que acomete principalmente o tecido conjuntivo por meio de uma reação cruzada após uma infecção de vias aéreas superiores, causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A.  Essa doença abrange a cardite, artrite, coreia, eritema marginatum, nódulos subcutâneos, febre, taxa de hemossedimentação elevada e intervalo PR prolongado. Cerca de 70% das pessoas com febre reumática evoluem para cardite, que acomete principalmente a válvula mitral, e um terço das cirurgias cardiovasculares realizadas no Brasil são consequências desse acometimento”.

Estenose mitral tem cura?

Nem sempre os efeitos adversos podem ser revertidos.

Contudo, pacientes com grau leve de estenose e sem sintomas devem apenas receber acompanhamento cardiológico preventivo, a fim de evitar complicações.

Se houver desconforto, o tratamento inclui medicamentos como diuréticos e betabloqueadores, a fim de controlar a pressão e corrigir anomalias no ritmo cardíaco.

Casos moderados e graves são considerados para correção definitiva por meio de cirurgia de estenose mitral.

Dependendo do tipo, grau de estenose e condição clínica, é indicada valvuloplastia por balão, substituição da válvula mitral ou comissurotomia aberta.

Estreitamento da válvula mitral

Existem três tipos de estenose mitral e um mesmo paciente pode apresentar combinações entre os tipos

Como diagnosticar a estenose mitral?

O diagnóstico tem início com exame clínico e conclusão a partir das observações de exames complementares.

Na anamnese, deve-se investigar possíveis casos de febre reumática durante a infância ou juventude, ainda que o paciente tenha idade avançada.

A etapa de observação e ausculta deve ser minuciosa, podendo revelar sopro diastólico característico de estenose mitral.

Com base nessa avaliação, o médico solicita exames como eletrocardiograma, raio X de tórax e ecocardiograma.

Embora pedido com frequência, o ECG não tem grande especificidade.

Porém, permite identificar anomalias como taquicardia atrial, fibrilação atrial e alterações na onda P.

Na radiografia torácica, pode-se visualizar a hipertrofia do átrio esquerdo.

No entanto, o exame de maior relevância é o ecocardiograma, que revela espessamento, calcificações, aumento do volume nas câmaras cardíacas e regurgitação mitral (se houver).

Vantagens do laudo eletrônico do eletrocardiograma

O serviço de laudos online da Telemedicina Morsch é ideal para quem deseja otimizar a interpretação e entrega dos resultados do ECG.

Basta que o médico ou técnico de enfermagem faça o exame normalmente e compartilhe os gráficos em nossa plataforma.

Em seguida, um cardiologista de plantão analisa os dados considerando a suspeita clínica e histórico do paciente.

Ele emite e assina digitalmente o laudo, liberando-o no sistema com as seguintes vantagens:

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Conclusão

O diagnóstico de estenose mitral é complexo, mas exames complementares auxiliam na detecção de anomalias no fluxo sanguíneo no coração esquerdo.

Conte com o time Morsch para dar suporte na interpretação do ECG, raio X e outros procedimentos que fazem parte da rotina em serviços cardiológicos.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin