Paciente oncológico: o que cabe ao médico para qualificar o atendimento?
O paciente oncológico não é um paciente comum, afinal, o câncer é uma enfermidade singular.
Talvez por isso exista todo um estigma associado à doença, a qual, quando anunciada pelo paciente, provoca uma grande comoção.
Embora seja uma doença com características únicas, o câncer está longe de ser uma condição rara.
Por exemplo, de acordo com o Real Instituto de Oncologia e Hematologia, em 2020, foram registrados 522.212 novos casos, com 260 mil pessoas indo a óbito, perfazendo 49,7% do total.
Considerando a alta taxa de mortalidade, é dever de todo médico e profissional de saúde buscar não só o melhor tratamento.
Ele também deve oferecer apoio e suporte emocional.
Isso, claro, sempre respeitando a vontade do paciente.
Neste texto, vou indicar como pode ser feita uma abordagem profissional e compreensiva.
E já adianto que ela vai além dos protocolos convencionais ao tratar pacientes oncológicos.
Acompanhe o texto até o final!
Paciente oncológico e o papel do médico
O maior desafio para o paciente e para o médico oncologista em um tratamento é encontrar formas de levar uma vida com qualidade enquanto a doença é tratada.
Nesse sentido, vale mais uma abordagem simples, buscando aproximar-se da pessoa portadora de câncer para que ela sinta que não está só.
Afinal, uma parte do sucesso do tratamento pode ser creditada à postura do paciente ao enfrentar a situação e, para isso, é essencial uma atitude positiva.
9 ações de atenção ao paciente oncológico
Toda pessoa submetida à terapia (ou quimioterapia) precisa de máxima atenção.
Vale destacar que pacientes com câncer não devem ser tratados com condescendência, mas com respeito e empatia.
Ou seja, são pessoas que precisam de um suporte firme em que possam se apoiar ao longo da jornada de recuperação.
Sendo assim, destaco 9 tipos de abordagens e posturas esperadas para médicos e profissionais de saúde envolvidos no tratamento.
1. Acolhimento sempre
Já falei aqui anteriormente sobre acolhimento, um aspecto do atendimento fundamental para qualificar o serviço prestado pelo médico.
No caso dos pacientes oncológicos, acolher é sem dúvida uma parte indispensável dos cuidados com fins terapêuticos.
É preciso desconstruir a ideia de que o câncer é apenas uma doença celular.
Do contrário, não existiriam casos em que ela se revela uma enfermidade psicossomática.
2. Foco na qualidade de vida
O câncer tem diversos tipos e estágios e, muitas vezes, focar em aumentar a qualidade de vida durante o tratamento acaba ajudando bastante.
Dessa forma, médico, paciente e familiares devem buscar juntos meios para garantir que a pessoa enferma leve uma vida tão normal quanto for possível, considerando possíveis limitações.
Essa abordagem ajuda, inclusive, a acelerar a volta às rotinas diárias quando a doença entrar em remissão ou for considerada extinta, razão pela qual trabalhamos.
3. Comunicação clara
Como destaquei no primeiro ponto de atenção, a pessoa com câncer não deve ser tratada de forma excessivamente benevolente.
Ela não é alguém que tenha dificuldades em se comunicar, mas um ser humano que, como tal, precisa conhecer a verdade sobre os fatos.
Assim sendo, é dever do médico oferecer apoio, suporte e ajuda, mas sem deixar de observar a clareza e transparência sempre que se dirigir ao seu paciente.
4. Seja um bom ouvinte
Ouvir o paciente é parte da ação médica em qualquer situação, mas o atendimento a uma pessoa com câncer tem suas especificidades.
Em muitos casos, o paciente passa a ser confrontado com muitos dos seus medos, expectativas e aspirações, o que o faz repensar seu modo de ser, pensar e agir.
Naturalmente, alguém que se encontra nessa situação precisará muito mais falar do que ouvir.
Logo, o médico precisa estar preparado para escutar com atenção genuína tudo o que o paciente oncológico disser, opinando sempre que solicitado.
5. Saiba o que perguntar
Perguntar o que está incomodando o paciente abre espaço para ele falar e revelar sintomas de problemas relacionados à doença.
Essa é uma parte importante da anamnese, que vai ajudar a identificar possíveis hábitos e comportamentos que possam ter levado a desenvolver uma neoplasia.
Não se pode jamais esquecer que o câncer é uma das doenças mais complexas de se tratar.
Portanto, toda informação que venha do paciente é valiosa.
6. Identificar e atacar sintomas do paciente oncológico
O diálogo com o paciente é fundamental para identificar sintomas que prejudicam a qualidade de vida e que abram caminho para outras doenças.
É dever do médico perguntar, diagnosticar e tratar de todos os sintomas relacionados ao câncer.
Sempre considerando para isso os impactos de cada proposta de tratamento na qualidade de vida.
Em certos casos, por exemplo, o paciente é relutante em se alimentar por sondas, o que é perfeitamente compreensível.
Cabe ao médico esclarecer sobre a importância dele estar bem nutrido, a fim de ter forças para enfrentar as fases mais duras do tratamento.
7. Indicação de métodos alternativos
Nem só de medicamentos pesados vivem as pessoas em tratamento contra o câncer.
Em certos casos, vale apostar em paralelo em métodos alternativos de baixo impacto, como a prática de exercícios (sempre assistidos por um profissional) ou mesmo acupuntura.
Como já destaquei, o foco deve ser não só no tratamento da doença, mas em oferecer ao paciente condições para que consiga manter uma vida tão próxima do normal quanto possível.
8. Conte com o suporte familiar
Não tenho dúvidas de que o apoio dos familiares representa chances maiores de sucesso no tratamento oncológico.
Quanto mais cuidados e ajuda o paciente receber dos seus entes queridos, mais acolhido e amado ele vai se sentir, o que exerce um poderoso e necessário efeito estimulante.
9. Tenha uma rede de apoio
O tratamento contra o câncer é, via de regra, multidisciplinar.
Nesse aspecto, um verdadeiro pool de profissionais deve estar alinhado com o médico, compartilhando a mesma empatia e cuidado com o paciente. Alguns desses especialistas são:
- Anestesiologista
- Enfermeiros
- Nutricionista
- Endocrinologista
- Planejador de alta.
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Afinal, como vimos, o tratamento demanda abordagem multidisciplinar.
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Conclusão
O tratamento contra o câncer não se resume à quimioterapia.
Para que ele seja completo, é fundamental que médico e paciente oncológico se comuniquem livremente e, para isso, a internet é uma aliada imprescindível.
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