Como elaborar uma campanha Novembro Azul na sua clínica?

Por Dr. José Aldair Morsch, 9 de novembro de 2021
Como elaborar uma campanha Novembro Azul na sua clínica?

A sua empresa já aderiu à campanha do Novembro Azul?

Há mais de uma década, o penúltimo mês do ano é marcado por inúmeras ações de conscientização sobre a saúde do homem.

Neste momento, praticamente todos os setores da sociedade se unem para difundir informações voltadas à quebra de tabus em relação ao cuidado masculino.

Esta é uma excelente oportunidade para a sua empresa se engajar com um tema de tamanha importância e contribuir para gerar impactos positivos na população.

Para esclarecer a importância de participar do Novembro Azul e como fazer isso da melhor maneira possível, preparei este artigo completo sobre o assunto. 

A seguir, confira os detalhes mais importantes sobre a campanha, sua história, principais características e como apoiar. 

O que é Novembro Azul?

Você com certeza já se deparou com algum tipo de ação relacionada ao Novembro Azul nos finais de ano.

Por mais que os esforços informativos sejam voltados principalmente à prevenção do câncer de próstata, a campanha também engloba outros temas importantes de saúde para os homens.

Sua finalidade é difundir informação e mudar a cultura da população, que ainda é cercada por diversos preconceitos.

Isso porque, os exames preventivos contra o câncer de próstata ainda sofrem com certos tabus. Além disso, está o fato de que os homens historicamente se cuidam menos que as mulheres.

Muitas noções ultrapassadas contribuem para esse atraso. Isso passa pela ideia de que “homem tem que ser forte”, que cuidar-se é sinal de fraqueza, entre outras visões parecidas.

Felizmente, ao longo dos anos, o Novembro Azul tem contribuído (e muito!) para mudar este cenário. 

Hoje em dia, cada vez mais pacientes do sexo masculino já estão atentos à sua saúde e buscam prevenir-se graças ao incentivo das campanhas de conscientização.

Ciente sobre o que é Novembro Azul, nos próximos itens, entenda melhor a sua relevância, história e outras características que definem o movimento. 

Porque a campanha Novembro Azul é importante?

Em resumo, toda empresa que adere ao Novembro Azul passa a contribuir com a conscientização sobre doenças importantes e com a valorização da vida. 

Na área da saúde, isso é ainda mais importante. Afinal, clínicas, consultórios, hospitais e unidades em geral têm uma responsabilidade ainda maior no cuidado com a população.

Como expliquei acima, a informação é crucial para que os homens previnam-se e fiquem atentos aos riscos que podem ser evitados com suas próprias ações.

Sendo assim, contribuir com o Novembro Azul também é valorizar os pacientes. Somado a isso, você torna os serviços ainda mais humanizados e reforça seu compromisso com o público. 

Para você ter ideia, o câncer de próstata foi o tipo de tumor maligno mais comum entre os indivíduos do sexo masculino em 2020.

O dado é do INCA, que aponta que 29% dos diagnósticos de neoplasias são ligados à doença. A cada ano, 65.840 novos casos devem surgir. 

Considerando que o diagnóstico precoce é imprescindível para diminuir a mortalidade da patologia, conscientizar a população e incentivar os exames preventivos é indispensável. 

A mesma lógica vale para outras doenças que atingem exclusivamente o sexo masculino e que podem ser prevenidas com cuidados essenciais.

O câncer de pênis, por exemplo, deve ter 1.130 novos casos anuais. Sua prevenção envolve informações sobre higiene íntima e uso de preservativos. 

Já o câncer de boca deve ter 11.180 novos diagnósticos por ano. Ele está ligado a muitos comportamentos nocivos comuns entre os homens, como o tabagismo e o alcoolismo. 

Esses exemplos demonstram como a informação é a chave para difundir o cuidado, a prevenção e a segurança da população. O Novembro Azul atende justamente essa demanda. 

Qual a relação entre Novembro Azul e câncer de próstata?

Qual a relação entre Novembro Azul e câncer de próstata?

Ainda que o câncer de próstata no Novembro Azul não seja um tema exclusivo, é fato que ele sempre ocupou o centro das discussões.

Afinal, isso não ocorre por acaso. Como você viu acima, a doença é muito comum entre a população masculina e pode ter consequências fatais.

A conscientização entra em cena justamente pelo fato que as chances de cura podem chegar a 90% quando o diagnóstico é precoce. Isso segundo dados da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.

Entretanto, o grande desafio para a prevenção é cultural. Isso porque, grande parte dos homens ainda não preza por um acompanhamento médico constante.

Por mais simples que seja a bateria de exames, a coleta de sangue no PSA muitas vezes é negligenciada. 

Já o toque retal sofre com tabus que aos poucos estão sendo superados. Contudo, eles ainda geram resistência entre homens pouco conscientizados. 

Com o engajamento de órgãos governamentais e privados, profissionais de saúde, veículos de comunicação e instituições em geral, esta realidade está mudando. 

A ideia é que o Novembro Azul gere uma transformação positiva em nossa cultura e faça com que o cuidado seja uma busca constante entre os pacientes.

Além disso, não são apenas os homens impactados. O objetivo da conscientização é também informar a família, os amigos e todos que os cercam.

Dessa maneira, todos podem deixar de lado a ideia de que a atenção à saúde afeta a masculinidade e contribuir mutuamente com o combate do câncer de próstata.

O melhor é que a mudança comportamental não impacta apenas a busca pelo laudo do câncer. Na verdade, ela influencia o autocuidado como um todo.

Assim, a prevenção e o acompanhamento médico contínuo também influencia o combate de outras doenças (o que inclui desde as patologias cardiovasculares, até o câncer de mama masculino, doenças respiratórias, diabetes, entre outras). 

A história da campanha Novembro Azul 

Entender como surgiu o Novembro Azul também é importante. Afinal, isso ajuda a refletirmos sobre os impactos que a campanha gera nos dias de hoje.

A história remete à 2003, quando os amigos Luke Slattery e Travis Garone, de Melbourne, Austrália, decidiram criar uma “versão” do outubro rosa voltada à saúde masculina.

Novembro foi o período escolhido porque no dia 17 do mesmo mês há a celebração do Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata.

Para chamar a atenção da população, eles deixaram seus bigodes crescerem no período. Seus amigos fizeram o mesmo.

Sobretudo, os bigodes do grupo despertavam a curiosidade das pessoas. Criava-se então o engajamento necessário para discutir a importância dos exames e de outras medidas preventivas.

Com o sucesso da ideia, logo no ano seguinte eles decidiram criar uma organização sem fins lucrativos. Seu objetivo era arrecadar doações para combater o câncer de próstata no país.

O nome escolhido foi Movember Foundation. Trata-se de uma “brincadeira” com as palavras “november” (novembro) e “moustache” (bigode). 

A partir disso, o movimento cresceu tanto que logo foi adotado em mais de 20 países. Veja abaixo como ele chegou no Brasil. 

Sobre a campanha Novembro Azul no Brasil

Com a difusão global do Novembro Azul, a campanha chegou ao Brasil no ano de 2008, através da Sociedade Brasileira de Urologia e Instituto Lado a Lado pela Vida. 

A cor azul foi escolhida justamente como uma forma de integrar o movimento ao Outubro Rosa e de criar um reconhecimento análogo entre as duas ações.

No primeiro ano, a ideia foi justamente derrubar os tabus sobre o exame de toque retal e seu respectivo laudo. Para isso, o lema escolhido foi “Um Toque, Um Drible”. 

Atualmente, o engajamento da sociedade com o Novembro Azul e a prevenção do câncer de próstata é maciço.

Sobre a campanha Novembro Azul no Brasil

Todos os anos, há a difusão de campanhas em prol dos exames, palestras de conscientização e divulgação que ajudam a reforçar a importância do cuidado com a saúde masculina.

O que diz o Ministério da Saúde sobre Novembro Azul?

Apesar de a prevenção ser um tema central no Novembro Azul, o Ministério da Saúde e a OMS têm algumas ressalvas sobre os exames.

Vale ressaltar que as duas entidades aprovam a campanha e contribuem com sua difusão. Contudo, elas reforçam algumas mudanças nas recomendações.

Isso porque, diversos especialistas indicam o exame de toque retal e PSA para todos os homens com mais de 50 anos de idade.

Contudo, tanto a Organização Mundial da Saúde, quanto o MS, não recomendam sua realização constante em pessoas que não façam parte dos grupos de risco. 

Isso porque, as investigações de rotina podem gerar aflições desnecessárias com resultados falso-positivos e até biópsias que não precisariam ser feitas. 

Dessa forma, o objetivo é garantir que o Novembro Azul seja mais voltado à conscientização da doença em si, à quebra de preconceitos e aos cuidados gerais com a saúde masculina. 

Quanto aos exames de rotina, defina a periodicidade para cada caso específico junto a um médico de confiança. 

O que deve conter uma campanha de Novembro Azul?

Conforme ressaltei ao longo deste artigo, a base de toda campanha do Novembro Azul deve ser a desmistificação sobre a prevenção do câncer de próstata.

Sendo assim, a ideia é demonstrar como o cuidado e a quebra de tabus podem ser importantes para uma vida mais saudável, segura e pautada no bem-estar dos homens. 

Neste processo de conscientização, é possível ressaltar como o autocuidado e a preocupação com a própria saúde também impactam a minimização de riscos sobre outras doenças. 

Em todos os casos, cabe às empresas investir em uma boa comunicação para informar seu público. Isso pode envolver: 

  • Divulgação de dados estatísticos de alerta; 
  • Compartilhamento de conteúdo em geral; 
  • Ações especiais para a realização de consultas; 
  • Programas conjuntos com instituições voltadas ao câncer; 
  • Esforços internos junto aos colaboradores;
  • E assim por diante. 

Confira abaixo algumas dicas sobre como você pode se engajar ao Novembro Azul de maneira bem-sucedida.

Como criar ações de conscientização na sua clínica?

Se o foco for informação, prevenção e conscientização, qualquer ação é válida para uma boa campanha de Novembro Azul. Confira algumas sugestões:

Elaboração de materiais informativos

Você pode oferecer aos seus clientes e aos seus colaboradores conteúdos especiais sobre o câncer de próstata e outras doenças de risco para o sexo masculino.

Dessa forma, as possibilidades são inúmeras. Elas vão desde simples panfletos, até e-mail marketing, posts em redes sociais, e-books, infográficos ou qualquer formato que “converse bem” com a sua audiência. 

Realização de palestras

Outra possibilidade é organizar palestras com médicos e especialistas sobre o tema. Elas ajudam a difundir as informações de forma ainda mais humanizada.

Os encontros podem ser internos, apenas para os funcionários, ou abertos ao público. Você pode agendar eventos presenciais ou mesmo videoconferências online, que ficam disponíveis para acesso mesmo depois da data de realização. 

Decoração temática e divulgação

Para mostrar que sua empresa está engajada, “pinte” ela de azul. Isso vale para a decoração, iluminação especial e para o próprio material informativo colocado nas paredes.

O mesmo também deve se estender ao seu marketing. Não importa se você divulga sua marca na TV, em jornais ou na internet. Aproveite o Novembro Azul para que toda a comunicação reflita a identidade da campanha. 

Eventos especiais

Além das palestras em si, você pode engajar as pessoas com eventos de integração. Eles podem ser feitos na forma de “olímpiadas” da empresa, campeonato de futebol, gincanas ou eventos esportivos em geral. 

Eventos especiais

Esses espaços, proporcionam ao público e também aos funcionários um momento lúdico, contudo com ações para a saúde de todos.

Conclusão

Ao longo deste artigo, você pôde entender melhor as características do Novembro Azul, como o movimento surgiu, quais os seus impactos no Brasil e no mundo, além da sua importância para a promoção da conscientização entre a população masculina.

Quando tratamos sobre a saúde do homem, não é só o câncer de próstata que merece atenção. Na verdade, ele reforça como a prevenção é indispensável em termos de qualidade de vida, mas que o cuidado também deve ser estendido à saúde como um todo.  

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin