Entenda o laudo da ressonância magnética para esclerose múltipla

Por Dr. José Aldair Morsch, 19 de dezembro de 2022
Laudo ressonância magnética esclerose múltipla

O laudo de ressonância magnética para esclerose múltipla (EM) é uma das principais ferramentas para diagnosticar a doença.

Graças às propriedades das imagens de RM, é possível detectar hipersinais nas lesões características de EM, completando informações coletadas através de anamnese e exame físico.

Além do diagnóstico, a ressonância do encéfalo e medula espinhal ainda possibilitam o monitoramento da progressão da doença, que é essencial para nortear o manejo do paciente e recomendações para o tratamento.

Falo mais sobre o tema ao longo deste artigo, incluindo benefícios do diagnóstico precoce e como a telemedicina contribui para agilizar o laudo de RM.

Acompanhe até o final.

Laudo de ressonância magnética para esclerose múltipla: como diagnosticar?

Qualidades como alta resolução espacial e sensibilidade fazem da ressonância magnética o principal exame de imagem na detecção da esclerose múltipla.

Lembrando que a EM é uma doença neurológica degenerativa que resulta de ataques à bainha de mielina, camada que envolve e protege os axônios.

Estes, por sua vez, são responsáveis pela transmissão de impulsos elétricos pelos neurônios.

Substância branca, regiões justacorticais e infratentoriais são as áreas do cérebro comumente afetadas por lesões provocadas pela esclerose múltipla.

Também chamadas de lesões desmielinizantes, elas podem ser observadas como pontos hiperintensos (brancos) em imagens da RM do tipo T2 ou FLAIR, como afirma esta tese.

Segundo o Projeto Diretrizes, da Associação Médica Brasileira (AMB):

“Desde o início dos anos 1980, a RM é a técnica de imagem considerada como ‘padrão-ouro’, com a maior sensibilidade para a demonstração in vivo das lesões desmielinizantes no encéfalo e na medula, mas dependendo do tipo da ressonância há sensibilidade variando de 35% a 100% e especificidade entre 36% e 92%. Com o intuito de melhorar a possibilidade diagnóstica, sugere-se associação dos achados da RM com a avaliação do líquor (que apresenta sensibilidade variando de 69% a 91% e especificidade, de 59% a 94%). Essa combinação aumenta a sensibilidade para 56% a 100% e a especificidade entre 53% e 96%”.

O documento também detalha a apresentação de sinais de esclerose múltipla, conforme a técnica de RM utilizada, descrevendo a seguinte relação:

  • Técnica T2/DP: Focos ovalados de hipersinal contrastando com o fundo normal de substância branca
  • Técnica FLAIR: Demonstra com mais clareza as lesões periventriculares e justacorticais.

Combinados a sintomas como alterações na sensibilidade, fraqueza nos membros, visão turva e tonturas, estes achados são importantes no diagnóstico da doença.

Dificuldades do diagnóstico da esclerose múltipla

Nas fases iniciais, a maioria dos casos de EM aparece com episódios isolados que duram poucos dias e são seguidos pela remissão completa do paciente.

Isso prejudica sua detecção precoce, pois as manifestações clínicas são essenciais para a identificação da patologia e o diagnóstico diferencial.

Após alguns anos, porém, os danos aos neurônios intensificam os sintomas, impactando a qualidade de vida do paciente.

Inclusive, a própria AMB cita dificuldades das técnicas de ressonância magnética empregadas para visualizar lesões desmielinizantes, por exemplo:

  • Técnica T2/DP: Identificação das lesões periventriculares e justacorticais
  • Técnica FLAIR: Qualidade inferior para detecção de lesões infratentoriais e da medula, onde o T2 e DP são preferidos.

Outro ponto de atenção é a confusão entre lesões de EM e patologias vasculares, como placas de ateroma e coágulos.

Uma solução para essa questão é não limitar a RM ao encéfalo, esclarecendo a suspeita clínica com o auxílio da ressonância magnética da coluna cervical e/ou lombar.

Lesões medulares da EM possuem as seguintes características:

  • São pequenas, circunscritas e ovoides
  • Acometem até dois corpos vertebrais em extensão
  • Estendem-se por até metade da secção transversa da medula, com predomínio na porção lateral e posterior
  • Não são confinadas à substância branca
  • Mais comuns na região cervical
  • Não determinam efeito expansivo significativo (mínimo ou ausente)
  • Realce variável pelo gadolínio.

A seguir, comento sobre os benefícios do diagnóstico precoce.

Benefícios do diagnóstico precoce da esclerose múltipla com ressonância magnética

Embora complexo, o diagnóstico precoce é capaz de diminuir a velocidade de progressão da EM, que já é relativamente lenta.

A detecção na fase inicial dá chances de adiantar o início do tratamento, a partir do uso de fármacos que reduzem as inflamações em estruturas do sistema nervoso central (SNC).

Nesse cenário, em vez de perder certas funções neurológicas depois de alguns anos, o paciente pode levar décadas para sofrer com a perda de movimentos, disfagia, parestesia, perda da visão etc.

Exames como a ressonância magnética contribuem para o diagnóstico precoce, permitindo a identificação de pequenas lesões no cérebro e medula espinhal.

Laudo ressonancia magnetica EM

A esclerose múltipla é uma doença neurológica degenerativa que resulta de ataques à bainha de mielina

Como a telemedicina pode ajudar no diagnóstico da esclerose múltipla?

Comecei o texto dizendo que o laudo da ressonância magnética tem uma contribuição fundamental no diagnóstico da esclerose múltipla.

Esse é um relatório que exige conhecimento aprofundado não apenas sobre o exame, mas também da doença e suas características.

Portanto, o laudo da RM só deve ser elaborado por radiologistas qualificados.

Ou, ainda, neurorradiologistas, uma vez que essa é uma das patologias que mais acometem o SNC.

Esses especialistas são escassos no Brasil, em especial nas regiões afastadas de centros urbanos.

No entanto, existe uma solução tecnológica para esse problema: a telemedicina.

Essa disciplina usa sistemas intuitivos e seguros para conectar unidades de saúde a especialistas qualificados na interpretação da RM.

Para usar a plataforma de Telemedicina Morsch, por exemplo, nem é preciso acessar a rede do seu hospital, clínica ou consultório.

Com login e senha, a equipe médica pode acessar o nosso software na nuvem (internet) e compartilhar as imagens da ressonância magnética.

Junto ao histórico e suspeita clínica de esclerose múltipla, que serão considerados pelo radiologista enquanto avalia os registros.

Assim, os profissionais produzem o laudo médico, assinado digitalmente para garantir a autenticidade.

Dessa maneira, a telemedicina acelera o diagnóstico da EM e outras doenças neurológicas.

E também contribui para um melhor prognóstico do paciente.

Acesse esta página e conheça todas as vantagens da telemedicina radiológica para auxiliar na rotina do seu time!

Conclusão

A importância e colaboração do laudo de ressonância magnética para esclerose múltipla pautaram este artigo.

Para tirar dúvidas, fazer sugestões ou complementos, deixe um comentário.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin