Exame de risco cirúrgico: o que é, como é feito e quais são os tipos

Realizar o exame de risco cirúrgico pré-operatório é uma etapa tão importante quanto a intervenção em si.
A razão para isso é que, nos exames que antecedem a cirurgia, valiosas informações sobre a situação clínica do paciente são levantadas.
Todas elas são consideradas no momento da operação, permitindo à equipe médica uma tomada de decisão mais assertiva.
Neste artigo, vou apresentar um guia completo, com tudo que você precisa saber sobre o risco cirúrgico pré-operatório.
Você vai ficar sabendo quais os fatores de risco em uma cirurgia, quais são os exames de risco cirúrgico, modelos e escalas utilizados na avaliação e também como a tecnologia tem contribuído para qualificar esse processo.

O que é exame de risco cirúrgico pré-operatório?
Exame de risco cirúrgico pré-operatório é a avaliação do estado clínico do paciente antes de uma cirurgia, calculado com base em escalas e padrões aprovados por sociedades médicas.
Essa avaliação sofre influência de fatores relacionados à idade, doenças crônicas, histórico familiar do paciente e características do próprio procedimento cirúrgico ao qual ele será submetido.
Por isso, a determinação do risco cirúrgico faz parte de uma avaliação pré-operatória completa e eficiente.
Anamnese (entrevista com o paciente), exames físicos, de diagnóstico e laboratoriais podem ser usados para calcular o risco cirúrgico.
Mas vale lembrar que a avaliação pré-operatória nem sempre é recomendada.
Um exemplo disso são pacientes com menos de 40 anos, sem sintomas, doenças crônicas ou histórico de patologias graves, que irão realizar procedimentos simples.
Como cita este protocolo, o exame pré-operatório útil sugere uma mudança na conduta durante o cuidado com o paciente.
Nesse cenário, testes com resultados normais ou dentro dos limites tolerados se revelam desnecessários.
Portanto, é preciso considerar a relação custo-benefício antes de realizar qualquer exame.
Dependendo do quadro do paciente, qualquer alteração nos resultados pode causar preocupação e estresse, mesmo que não sinalize doença.
Esse estresse pode interferir na recuperação pós-operatória, aumentando o tempo de recuperação e de internação do paciente.

A determinação do risco cirúrgico faz parte de uma avaliação pré-operatória completa e eficiente
Por que fazer exame de risco cirúrgico?
Calcular o risco cirúrgico é importante para diminuir as chances de morte, de sequelas e de complicações após a operação.
Também é essencial na redução de ameaças potenciais durante a cirurgia, principalmente se o paciente integra grupos de risco.
Não é exagero afirmar que o exame de risco cirúrgico é tão importante para os pacientes quanto a cirurgia em si.
Muitas pessoas não possuem o costume de realizar exames com frequência. Por conta disso, é normal que muitos só descubram problemas de saúde enquanto realizam o exame de risco cirúrgico.

Isso só reforça a importância desse tipo de procedimento, que pode causar fatalidades, caso não seja cumprido adequadamente.
Para que serve um exame de risco cirúrgico?
O exame de risco cirúrgico é feito com base em critérios definidos pelas sociedades médicas, conforme os modelos e escalas que abordaremos nos tópicos seguintes.
A principal finalidade do exame de risco cirúrgico é diminuir os riscos de eventuais complicações durante a intervenção.
Os principais fatores que são considerados no exame de risco cirúrgico são:
- Presença de doenças crônicas
- Faixa etária
- Características da cirurgia que será realizada.
Algumas doenças são mais ligadas a complicações cirúrgicas do que outras, como veremos mais adiante.
Quais procedimentos cirúrgicos precisam de exame de risco?
O exame de risco cirúrgico é indicado para procedimentos de médio e grande porte, especialmente quando envolvem anestesia geral, sedação ou risco cardiovascular.
Cirurgias como as do aparelho digestivo, ortopédicas, cardíacas, vasculares e ginecológicas exigem avaliação criteriosa, principalmente em pacientes com doenças crônicas como hipertensão, diabetes, insuficiência renal ou cardíaca.
Mesmo cirurgias consideradas simples, como as de catarata ou hérnia, podem requerer o exame, a depender da idade e do histórico do paciente.
Procedimentos estéticos, como abdominoplastia, lipoaspiração e implante de próteses mamárias, também devem seguir essa rotina.
Apesar de eletivas, essas cirurgias muitas vezes utilizam anestesia geral e envolvem riscos importantes, como trombose ou reações à medicação.
O objetivo da avaliação pré-operatória é identificar possíveis complicações e aumentar a segurança do procedimento, mesmo em pacientes jovens e aparentemente saudáveis.
A decisão sobre solicitar o risco cirúrgico cabe ao médico assistente, que deve considerar tanto o perfil clínico do paciente quanto as particularidades da cirurgia a ser realizada.
Quais os fatores de risco em uma cirurgia?
Antes da cirurgia, é essencial considerar fatores de risco relativos ao paciente, à própria operação e à instituição na qual ela será realizada.
De acordo com a complexidade do procedimento, o hospital ou unidade de saúde precisa contar com determinados equipamentos, além de profissionais qualificados e equipes de emergência — responsáveis para atender o paciente no caso de uma reação adversa à anestesia, por exemplo.
Já os fatores cirúrgicos envolvem a experiência do time que fará a operação: se é uma emergência, se há perda intersticial, fechamento e abertura de vasos maiores e a presença de variações na pressão arterial.
Riscos relacionados ao paciente
Os riscos relacionados ao paciente incluem a sua idade, estado geral de saúde, obesidade, tabagismo, alcoolismo, medicamentos utilizados e doenças associadas.
Em pacientes com mais de 70 anos, é preciso avaliar quais cirurgias realmente são necessárias, pois há maior risco de complicações.
A condição geral de saúde diz respeito, por exemplo, à capacidade física.
Se o paciente for incapaz de aumentar a frequência cardíaca até 99 batimentos por minuto (bpm), ou tolerar exercício físico, o risco cirúrgico aumenta.
A obesidade está associada a diversas doenças crônicas que podem impactar na saúde.

Estudos indicam que uma camada de gordura maior que 3,5 cm implica em um índice de infecção de 20%.
Por outro lado, quando essa camada tem menos de 3 cm, o risco é menor que 7%.
O cigarro, por sua vez, eleva as complicações pulmonares, circulatórias e infecções.
Já o consumo crônico de álcool — a partir de 60 g por dia — também merece atenção, pois impacta na resposta do sistema imunológico após a operação.
As principais patologias associadas que aumentam o risco cirúrgico são:
- Arritmias — alterações na frequência cardíaca
- Insuficiência cardíaca — quando o coração não consegue funcionar adequadamente
- Doença pulmonar obstrutiva crônica — grupo de doenças que reduzem a capacidade respiratória
- Diabetes — patologias que elevam a taxa de açúcar no sangue
- Insuficiência renal — mau funcionamento dos rins, responsáveis por filtrar o sangue
- Coagulopatias — distúrbios que provocam alterações na coagulação sanguínea.

Calcular o risco cirúrgico é importante para diminuir as chances de morte, de sequelas ou de complicações
Como é feito o exame de risco cirúrgico?
O exame de risco cirúrgico começa com uma consulta clínica, na qual o médico avalia o histórico de saúde do paciente, seus sintomas, idade, uso de medicamentos e outras comorbidades relevantes.
Essa etapa envolve uma anamnese detalhada e exame físico, fundamentais para identificar fatores de risco que possam aumentar a chance de complicações durante ou após a cirurgia.
A partir dessa avaliação inicial, o profissional define a necessidade de exames complementares, como eletrocardiograma, hemograma, glicemia, coagulograma, entre outros.
Esses exames são escolhidos conforme o tipo de cirurgia e as condições clínicas do paciente.
Com base em todos esses dados, o médico calcula o risco cirúrgico e emite um laudo formal, que será analisado pela equipe cirúrgica antes de dar seguimento ao procedimento.
Esse processo pode ser feito presencialmente ou com o apoio da telemedicina, que agiliza a liberação do laudo ao integrar os exames e o questionário clínico em um sistema digital seguro.
Quais são os principais tipos de exame de risco cirúrgico?
Para definir os possíveis riscos de uma cirurgia, o exame de risco cirúrgico apoia-se nos seguintes tipos de análises:
- Exames físicos
- Entrevista com o paciente, conhecida como anamnese
- Exames laboratoriais
- Exames diagnósticos.
Cada tipo solicitado dependerá das condições de saúde do paciente, do seu perfil clínico e do procedimento cirúrgico em si.
Pessoas que fazem parte de grupos de risco, como aquelas com patologias crônicas ou mesmo idosas, precisam de uma bateria de exames, com avaliações mais minuciosas e criteriosas no exame de risco cirúrgico, já que são mais propensas a complicações.
Tudo vai depender dos critérios que o médico definir como mais importantes para reduzir os riscos de complicações.
As análises normalmente mais exigidas antes de uma intervenção incluem:
Hemograma
O hemograma, popularmente conhecido como exame geral de sangue, é um procedimento que visa avaliar as células sanguíneas do paciente.
Por meio dele, é possível detectar infecções virais e bacterianas, além de outras condições que podem apresentar riscos para a operação.
Entre as doenças que o hemograma pode encontrar, destacam-se:

- Processos inflamatórios
- Leucemia
- Anemia.
No hemograma, também é verificada as condições das plaquetas, dos glóbulos brancos e dos glóbulos vermelhos.
Para isso, o exame de risco cirúrgico por hemograma conta com as análises de leucograma, que avalia os leucócitos (principais células do sistema imunológico), e eritrograma, que realiza a contagem e avaliação das hemácias.
Glicemia
O exame de risco cirúrgico por glicemia também utiliza uma amostra de sangue. Sua finalidade é verificar os níveis de açúcar na corrente sanguínea, representados pela taxa de glicose.
Antes de qualquer cirurgia, o médico precisa determinar se a glicemia está adequada e se as células são capazes de utilizar corretamente o açúcar presente no organismo.
A taxa considerada normal de glicemia é entre 70 e 100 mg/dL, segundo os padrões da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
A glicemia no exame de risco cirúrgico é indispensável principalmente para diabéticos, que apresentam níveis de glicose mais elevados e, por isso, precisam de atenção especial antes de qualquer operação.
Creatinina e Ureia
Ainda no exame de risco cirúrgico sanguíneo, as avaliações dos níveis de ureia e de creatinina também são de suma importância para detectar possíveis riscos em uma intervenção.
Quando suas taxas são muito elevadas, pode ser sinal de que o paciente tenha insuficiência ou infecção nos rins, lesão muscular grave, desidratação ou mesmo pré-eclâmpsia (no caso das gestantes).
Já se os níveis de creatinina e ureia forem muito baixos, é possível que o paciente sofra com patologias como distrofia muscular, miastenia gravis, entre outras semelhantes, capazes de gerar complicações em um procedimento cirúrgico.
Coagulograma
O coagulograma é um dos exames de risco cirúrgico mais importantes de todos, pois ele determina a capacidade do paciente de produzir coágulos, que atuam no organismo para impedir sangramentos.
No procedimento, um pequeno furo é feito no dedo do indivíduo. Então, o especialista cronometra o tempo que o sangue leva para coagular.
Uma amostra de sangue também é coletada para que um laboratório analise a sua capacidade de coagulação.
Dessa maneira, o médico pode determinar o tempo de sangramento do paciente e sua quantidade de plaquetas, avaliando se a taxa de coagulação é adequada para a cirurgia.
Eletrocardiograma
Você viu anteriormente que os problemas cardíacos estão entre aqueles que representam maiores riscos em uma cirurgia.
Isso faz com que o eletrocardiograma também seja um dos exames de risco cirúrgico mais importantes. Sua finalidade é detectar anomalias, doenças ou alterações no coração.
Como trata-se de um órgão vital para todo o organismo, qualquer problema em seu funcionamento pode ser fatal durante uma intervenção cirúrgica.
Por conta disso, o exame de risco cirúrgico por eletrocardiograma visa avaliar os padrões dos impulsos elétricos emitidos pelo coração, determinando as condições cardíacas do indivíduo.
O teste não é invasivo e é feito por meio de eletrodos, que são posicionados nos braços, pernas e peito do paciente.
Exames de risco cirúrgico específicos
Todos os exames de risco cirúrgico mencionados até aqui são considerados padrão entre a grande maioria dos pacientes que precisam passar por uma intervenção cirúrgica.
Como destacamos, é papel do especialista determinar quais exames de risco cirúrgico são mais indicados para o caso específico de cada indivíduo.

Portanto, no caso de pacientes com doenças prévias, exames mais complexos também podem ser solicitados pelo médico.
Tudo depende das condições clínicas da pessoa que será operada e da complexidade da cirurgia que será realizada.
Pessoas com condições mais severas no coração, por exemplo, muitas vezes podem ser submetidas a um ecocardiograma ou cintilografia miocárdica.
Já aqueles com problemas pulmonares devem ser submetidos a um raio-X do tórax, enquanto aqueles com osteoporose ou outras patologias que atingem os ossos precisam passar por uma densitometria óssea, e assim por diante.
Muitos outros casos ainda poderiam ser mencionados, como o exame de risco cirúrgico por doppler, ressonância magnética, ultrassonografia, raio-X digital, entre outros.
O ideal é que o médico saiba identificar quais são as avaliações mais adequadas para cada indivíduo, de acordo com as suas principais demandas, necessidades e possíveis riscos.
Com base no exame de risco cirúrgico, o médico poderá determinar todas as possíveis complicações que a cirurgia pode apresentar e orientar o paciente para que ele adote os cuidados necessários para evitá-las.
Ao seguir todas as recomendações passadas pelo especialista após os exames de risco cirúrgico, é possível ter toda a segurança necessária para a intervenção, além de mais tranquilidade em sua recuperação.
Como é calculado o risco cirúrgico?
O cálculo do risco cirúrgico é feito a partir da avaliação clínica do paciente e dos resultados dos exames complementares.
Após a coleta de dados, o médico utiliza modelos validados por sociedades médicas, como o Índice de Goldman, ASA ou EMAPO, para estimar a probabilidade de complicações.
Essas ferramentas atribuem pontuações conforme variáveis como idade, doenças crônicas, tipo de cirurgia e achados nos exames.
A partir disso, o especialista classifica o risco em categorias (baixo, moderado, alto ou muito alto) e indica os cuidados necessários antes, durante e após a cirurgia.
Entenda quais são os modelos para basear esse cálculo a seguir.

O exame de risco cirúrgico é feito com base em critérios definidos pelas sociedades médicas
Modelos e escalas para avaliação do risco cirúrgico
Visando facilitar e padronizar a avaliação do risco cirúrgico pré-operatório, profissionais e instituições médicas de vários países criaram ferramentas de cálculo.
A seguir, conheça os principais modelos que auxiliam nessa tarefa.
ASA (American Society of Anesthesiologists)
Esse sistema de classificação tem como foco o risco da operação para o paciente, considerando a natureza da condição clínica e do procedimento que será feito.
O sistema ASA é dividido em 6 classes — quanto maior a classificação, maior o risco de mortalidade durante a cirurgia.
- ASA 1 representa um paciente sem distúrbios fisiológicos, bioquímicos ou psiquiátricos.
- ASA 2 aponta para uma condição leve a moderada, que pode afetar a cirurgia ou anestesia, mas não compromete a atividade normal do paciente — como hipertensão controlada.
- ASA 3 indica um distúrbio que compromete a atividade normal, impactando a anestesia e a cirurgia — como arritmia.
- ASA 4 mostra uma desordem severa, que pode levar à morte e tem grande impacto na anestesia e cirurgia – como insuficiência renal.
- ASA 5 é usada para representar um paciente em estado grave, que depende da operação para sobreviver mais do que 24 horas.
- ASA 6 indica um paciente com morte cerebral, que terá os órgãos removidos para doação.
Índice de Goldman
O segundo modelo para avaliar o risco cirúrgico data de 1977, e foi criado por Lee Goldman.
Essa classificação é multifatorial, atribuindo pontos a variáveis que se referem à avaliação clínica, tipo de cirurgia e eletrocardiograma.
O Índice de Goldman separa os pacientes nos níveis de I a IV, sendo IV o risco mais grave de apresentar complicações cardiovasculares que podem evoluir para a morte.
Idade maior que 70 anos, infarto do miocárdio há menos de seis meses, arritmias e cirurgia de emergência são algumas variáveis avaliadas por essa classificação.
Índice de Detsky
Em 1986, Allan Detsky e outros médicos apresentaram um novo sistema de classificação.
A partir do estudo de 455 pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos não cardíacos, eles adicionaram variáveis ao Índice de Goldman.
Presença de angina, edema (inchaço) agudo no pulmão e histórico de infarto do miocárdio passaram a compor as variáveis, que levam a três níveis de risco:
- O nível 1 tem risco relativo de 0,43
- O nível 2 tem risco relativo de 3,38
- O nível 3 tem risco relativo de 10,6.
Índice de Larsen
O modelo proposto por Frey Larsen inclui o diabetes como uma das variáveis de risco cirúrgico, e não pressupõe a realização de eletrocardiograma.
O sistema possui quatro classificações, nas quais as maiores pontuações significam aumento no percentual de complicação cardiológica.
- Classe I: 0,5%
- Classe II: 3,8%
- Classe III: 11%
- Classe IV: de 50%.
EMAPO (Estudo Multicêntrico de Avaliação Perioperatória)
O EMAPO foi desenvolvido pela Sociedade de Cardiologia de São Paulo, em 2007.
Mais completa, a classificação é formada por 27 variáveis, que devem ser somadas para a atribuição de risco em cinco níveis: muito baixo, baixo, moderado, elevado e muito elevado.
Paciente acamado, acidente vascular cerebral isquêmico há menos de três meses e estenose aórtica crítica são algumas variáveis avaliadas.
ACP (American College of Physicians)
Criado em 1997, o algoritmo do ACP usa variáveis modificadas de Detsky para identificar pacientes com alto risco, e os divide nas classes II, entre 15 e 30 pontos, ou III, a partir de 30 pontos.
Já aqueles com menos de 15 pontos são novamente avaliados, a fim de atribuir risco baixo ou intermediário.
Esse sistema é especialmente eficaz na avaliação de pessoas com capacidade funcional reduzida, que podem ter sintomas clínicos subestimados.
Também é útil para portadores de marcapasso definitivo.
ACC/AHA (American College of Cardiology/American Heart Association)
Essa diretriz reúne risco inerente à cirurgia, avaliação da capacidade funcional, sintomas clínicos e alterações no eletrocardiograma.
Após análise minuciosa, o algoritmo resulta em indicação de maior benefício ou risco causado pela cirurgia.
Nas classes I e IIa, o benefício é significativamente maior que o risco e, portanto, a operação está indicada.
Na classe IIb, o benefício é ligeiramente maior ou equivalente ao risco, e a indicação cirúrgica pode ser considerada.

Na classe III, o risco é maior ou igual ao benefício, e a cirurgia não é recomendada.
Índice cardíaco revisado de Lee
Validado por uma pesquisa com 4.315 pacientes, o algoritmo parte de uma revisão do índice de Goldman, dividindo os pacientes em quatro classes de risco, determinadas por seis variáveis.
Cirurgia de alto risco e histórico de doença isquêmica são algumas das variáveis analisadas.
Por ser de fácil aplicação e ter boa capacidade para prever o risco de complicações, o índice revisado de Thomas Lee vem sendo amplamente utilizado.

A principal finalidade do exame de risco cirúrgico é diminuir os riscos de eventuais complicações
Como é o laudo do exame de risco cirúrgico?
Veja um exemplo com informações que um laudo de risco cirúrgico costuma trazer:
Avaliação pré-operatória
Atesto que este(a) paciente se apresenta com:
- a) Baixo risco de sofrer complicações cardiovasculares pelo porte do procedimento de cirurgia de Catarata (Menos de 1 %).
- b) Baixo risco de sofrer complicações cardiovasculares de acordo com as variáveis clínicas observadas na consulta (Menos de 3%).
Variáveis clínicas:
Está em tratamento contínuo para Hipertensão arterial sistêmica e Diabetes Mellitus.
Não houve relato de outras doenças.
Medicamentos usados: Losartan, metformina
Exames complementares:
Eletrocardiograma atual: Ritmo sinusal, dentro dos limites da normalidade para a faixa etária.
Demais exames enviados sem alterações significativas.
Recomendações pré-operatórias:
Manter o anti-hipertensivo inclusive no dia da cirurgia, mesmo em NPO.
Suspender o anti-diabético oral no dia de jejum da cirurgia.
Utilizar HGT e insulina regular subcutânea se necessário.
Reintroduzir o anti-hipertensivo e anti-diabético oral assim que tiver via oral liberada no pós-operatório.
No pós-operatório:

Dar preferência ao uso de analgésicos como tramadol, codeína, paracetamol, dipirona ou morfina e evitar uso de anti-inflamatórios hormonais e não hormonais que podem aumentar a pressão.
Observar profilaxia contra embolia sistêmica.
Cálculo do risco cirúrgico com laudo a distância na telemedicina
A era de dados nuvem que estamos presenciando permitiu que o setor da saúde tivesse grandes avanços.
Quando são recomendados exames de diagnóstico, como raio-X e eletrocardiograma, unidades de saúde podem contar com serviços de laudos a distância.
Dessa forma, o processo de emissão de laudos fica mais ágil e confiável, liberando especialistas para outras etapas da avaliação de risco cirúrgico.
Basta que a clínica ou hospital treine um técnico em radiologia ou enfermagem para realizar os exames com equipamento digital.
Após o teste, os dados coletados são enviados a um computador, armazenados e compartilhados via plataforma de telemedicina.
Em seguida, especialistas acessam os dados, os analisam e emitem o laudo médico, que é assinado digitalmente.
O documento fica pronto e pode ser visualizado por profissionais de saúde ou até pacientes, portando login e senha.
Em casos de urgência, a Telemedicina Morsch disponibiliza os resultados em tempo real, colaborando para um diagnóstico rápido e assertivo.
É por isso que muitos estabelecimentos de saúde têm utilizado a telemedicina para reforçar suas equipes e reduzir custos com a contratação de especialistas.
Como é fornecido o laudo para o paciente levar para o cirurgião?
O modelo de laudo cirúrgico da Telemedicina Morsch é o mais aceito no Brasil, mais completo, porque inclui orientações de correção dos problemas encontrados e descritos no questionário.
Abaixo mostro um exemplo real do cálculo do risco cirúrgico.

Modelo do laudo do risco cirúrgico
Por exemplo, se o paciente é hipertenso e toma medicação e você descreveu no questionário, com pressão acima do normal, nós iremos orientar a mudança na dose para regularizar a pressão para poder operar.
Outro exemplo para você entender, de acordo com o hematócrito enviado poderemos recomendar transfusão sanguínea antes da cirurgia.
Nos casos de diabéticos com glicemia alterada, sugerimos as modificações necessárias.
Nos casos de hipertensos que vão à cirurgia, recomendamos que medicamentos devem ser usados na analgesia que não aumente a pressão.
Nos casos de pacientes com marcapasso, indicamos como usar o bisturi elétrico.
Nos casos de pacientes com insuficiência cardíaca, recomendamos qual anestésico utilizar.
E assim por diante, vai depender do quadro clínico fornecido no questionário que deve ser o mais completo possível para termos subsídios e informações para ajudar o cirurgião.

Como a tecnologia ajuda a acelerar a liberação do risco cirúrgico?
Com o avanço da telemedicina, clínicas e hospitais conseguem otimizar o processo de avaliação de risco cirúrgico, integrando exames e questionários clínicos em um único sistema digital.
Essa integração permite que o cardiologista responsável analise as informações e libere o laudo em até 30 minutos, mesmo a distância, com total segurança e validade legal.
Esse modelo reduz deslocamentos, acelera o pré-operatório e permite que o paciente tenha acesso rápido à cirurgia com segurança garantida.
Utilizando os serviços de uma plataforma de telemedicina, o médico do paciente que pretende realizar a cirurgia consegue dividir responsabilidade com um especialista.
Na contratação dos serviços de cálculo do risco cirúrgico por uma central de laudos, o cliente recebe uma rotina de exames necessários para serem realizados na sua própria clínica, como eletrocardiograma, coleta de exames de laboratório e RX de tórax.
O cliente, dono da clínica marca o dia da avaliação do paciente, aplica um questionário fornecido pela Telemedicina Morsch, assina e envia junto com os exames para serem interpretados e em seguida o cardiologista logado na plataforma em nuvem faz o cálculo do risco e emite o laudo do risco cirúrgico com assinatura digital.
Conclusão
Espero que tenha entendido sobre a importância de fazer uma boa avaliação do paciente que vai ser submetido a uma cirurgia, calculando o risco cirúrgico.
Com a tecnologia, você já pode oferecer na sua clínica, hospital ou qualquer outro tipo de estabelecimento na área de saúde a modalidade de cálculo do risco cirúrgico online.
Além de muito mais econômico (tanto para a sua clínica como também para o paciente), é desse modo que a sua clínica aposta em diagnósticos e possíveis tratamentos cardíacos de maneira precoce e garantida.
Acesse a página e entenda como funcionam os laudos eletrônicos da Telemedicina Morsch.
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