Mirtazapina: para que serve, receita e como tomar

Por Dr. José Aldair Morsch, 29 de junho de 2023
Mirtazapina

Você sabe quais são as indicações da mirtazapina?

Se já recebeu o diagnóstico de depressão, certamente ouviu falar sobre este medicamento.

Ele é um antidepressivo, comercializado em comprimidos de 15 mg, 30 mg e 45 mg, exigindo a retenção da receita no momento da compra.

Ao longo deste artigo, apresento detalhes sobre a finalidade, como tomar e de que forma obter a prescrição da mirtazapina

Esse e outros medicamentos podem ser adquiridos com uma receita médica emitida durante a teleconsulta.

O que é mirtazapina?

Mirtazapina é um remédio antidepressivo tetracíclico.

Nem sempre é indicado como primeira opção para o tratamento da depressão maior, que é a forma mais comum da doença.

Isso porque ele tem um mecanismo de ação mais potente que outras classes de medicamentos comuns, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).

E deve ser administrado apenas sob prescrição médica.

O objetivo é garantir o uso seguro e a diminuição de efeitos colaterais.

Para que serve a mirtazapina

A mirtazapina serve para tratar o transtorno depressivo maior.

De acordo com o manual de transtornos mentais DSM-5, utilizado por profissionais de saúde, a doença é caracterizada por pelo menos duas semanas em que são observados cinco ou mais dos sintomas:

  • Humor deprimido na maior parte do dia quase todos os dias
  • Interesse ou prazer notadamente diminuídos em atividades na maior parte do dia quase todos os dias
  • Perda ou ganho significativos de peso quando não em dieta
  • Insônia ou hipersonia quase todos os dias
  • Agitação ou retardo psicomotores quase todos os dias
  • Fadiga ou perda de energia quase todos os dias
  • Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada quase todos os dias
  • Habilidade diminuída para pensar ou se concentrar ou indecisão
  • Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente sem qualquer plano específico, ou tentativa de suicídio.

Quando os remédios do tipo ISRS não surtem o efeito desejado, a mirtazapina pode ser prescrita devido ao seu mecanismo de ação, que eleva a presença de serotonina e noradrenalina no cérebro.

Esses neurotransmissores aumentam a sensação de disposição, bem-estar e prazer, revertendo o impacto da depressão.

Principais indicações

Segundo a bula, esse fármaco é indicado para o tratamento de estados depressivos.

Vale ressaltar que a mirtazapina não deve ser usada em caso de depressão maníaca (períodos alternados de sensação de euforia/hiperatividade e humor deprimido).

Como tomar mirtazapina

Geralmente, o médico orienta a tomar uma dose diária do fármaco, antes de dormir.

O comprimido de 15 mg, 30 mg ou 45 mg deve ser ingerido com a ajuda de um copo d’água, sem ser partido ou amassado.

Para prevenir a quebra acidental quando apertar o blíster (embalagem), prefira cortar a cartela com uma tesoura, descolar a lâmina e retirar o comprimido.

A dose inicial usual para o tratamento é de 15 mg ou 30 mg por dia, podendo ser reajustada pelo médico após alguns dias, conforme a necessidade e tolerabilidade do paciente.

Receita de mirtazapina

A compra do remédio exige que você apresente a receita branca C1.

Isso porque a mirtazapina consta na lista de remédios controlados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Afinal, trata-se de um antidepressivo que age sobre o sistema nervoso central, o que agrega o risco de dependência física e psíquica.

A receita de controle especial também é requerida para outros tipos de substâncias que fazem parte do grupo C1, como anticonvulsivantes, antiparkinsonianos e antipsicóticos.

O documento é sempre emitido em duas vias, sendo que a primeira serve para orientar paciente ou cuidador sobre o tratamento e a segunda via fica retida pela farmácia, pois deverá ser utilizada para o rastreio do fornecedor, médico prescritor, comprador, etc.

A receita branca de controle especial tem validade de 30 dias em todo o território nacional.

Suas regras de prescrição ajudam a evitar o uso indiscriminado de substâncias potencialmente perigosas para a saúde.

Dúvidas frequentes sobre mirtazapina

A seguir, respondo de forma breve a perguntas corriqueiras sobre o remédio.

Quais são os efeitos colaterais da mirtazapina?

As reações adversas mais comuns são:

  • Aumento do apetite e ganho de peso
  • Sonolência
  • Dor de cabeça
  • Boca seca
  • Letargia (moleza no corpo)
  • Tontura
  • Agitação ou tremor
  • Náusea
  • Diarreia
  • Vômitos
  • Constipação
  • Manchas vermelhas ou erupção na pele (exantema)
  • Dor nas articulações (artralgia) ou nos músculos (mialgia)
  • Dor nas costas
  • Sensação de desmaio ou tontura quando você levanta subitamente (hipotensão ortostática)
  • Inchaço (tipicamente nos tornozelos ou pés) causado por retenção de líquido (edema)
  • Cansaço
  • Sonhos nítidos
  • Confusão
  • Sensação ansiosa
  • Problemas de sono
  • Amnésia.

Caso perceba intensificação dos sintomas depressivos, como ideias suicidas, informe ao médico o mais rápido possível.

Por que mirtazapina dá fome?

Porque o medicamento tem efeito sedativo e atividade antagonista nos receptores histaminérgicos H1.

Aumento do apetite e sonolência estão entre seus principais efeitos.

O que acontece se parar de tomar mirtazapina?

O desmame do remédio deve ser feito de maneira gradual e sob acompanhamento médico.

Jamais pare de tomar mirtazapina por conta própria, pois você pode sofrer com o efeito rebote, experimentando sintomas de depressão intensificados.

A interrupção repentina do tratamento também pode desencadear mal-estar, tontura, ansiedade ou agitação e dor de cabeça.

Quem não pode tomar mirtazapina?

Entre as principais contraindicações, cabe citar:

  • Pacientes menores de 18 anos
  • Grávidas e mulheres que estejam amamentando, a não ser que o medicamento tenha sido prescrito pelo obstetra
  • Quem tem alergia à mirtazapina ou a qualquer outro componente da fórmula
  • Pessoas que estejam usando ou tenham usado recentemente (dentro das últimas duas semanas) medicamentos classificados como inibidores da monoamino oxidase (IMAOs).

Também é importante avisar ao seu médico se apresentar:

E o mais importante: lembre-se de não se automedicar, pois essa prática coloca sua saúde em risco.

Conclusão

Gostou de saber mais sobre a mirtazapina?

Caso esteja com sintomas de depressão, procure ajuda psicológica e psiquiátrica.

Você pode marcar uma teleconsulta na plataforma Morsch para conversar com um especialista em saúde mental de forma simples e rápida.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin