Como é feito o diagnóstico de câncer de pele? Tem cura?

Por Dr. José Aldair Morsch, 30 de novembro de 2021
Como é feito o diagnóstico de câncer de pele? Tem cura?

Conhecer os riscos do câncer de pele e saber como identificar seus primeiros sintomas é algo fundamental para toda população.

Afinal, a doença é extremamente comum no Brasil e no mundo. Além disso, quanto mais precoce for o diagnóstico, mais chances o tratamento tem de ser bem-sucedido.

Para você ter ideia, de todos os cânceres registrados no país, 33% são de pele. Os dados, divulgados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, apontam ainda que 185 mil novos casos surgem entre os pacientes brasileiros anualmente. 

Diante disso, mais que prevenir as causas do câncer de pele, também é imprescindível saber como combatê-lo e o que ocorre em suas diferentes manifestações.

Entendendo a importância da conscientização sobre a patologia, preparei este artigo com informações completas a respeito dela.

Em seguida, entenda melhor o que é câncer de pele, quais seus tipos, principais causas, sintomas, diagnóstico, possibilidades de tratamento e cuidados preventivos. Acompanhe. 

O que é câncer de pele?

A pele é considerada o maior órgão do organismo humano. Em síntese, sua principal função é regular a temperatura corporal e garantir proteção contra agentes externos. 

Como o próprio nome sugere, o câncer de pele consiste em um tumor que compromete a integridade de parte deste órgão tão importante.

Sua ocorrência é marcada por um crescimento descontrolado e anormal das células que formam a pele. 

Nesse sentido, os tipos de câncer de pele são definidos de acordo com as áreas e as camadas da pele que são afetadas. 

Eles podem ser diversos, mas os principais são os carcinomas e os melanomas. Os primeiros são mais frequentes e têm menor gravidade. Já os segundos são mais raros, mas geram riscos maiores aos pacientes. Entenda melhor suas particularidades no próximo item. 

Quais são os tipos de câncer de pele? 

Os tipos de câncer de pele mais recorrentes, os carcinomas, são responsáveis por cerca de 177 mil dos novos casos anuais da doença.

Trata-se de um dado da mesma pesquisa publicada pela SBD que citei na introdução. Em relação ao melanoma, que é muito mais agressivo, são 8,4 mil novos diagnósticos por ano. 

O câncer de pele tem tipos diversos, mas os principais são três. Eles incluem duas manifestações dos carcinomas e o próprio melanoma. Confira mais detalhes: 

Ouça este conteúdo no formato de podcast Morsch.

Carcinoma basocelular 

Trata-se do câncer de pele mais comum de todos. Primordialmente, ele ocorre nas células basais, que ficam na parte mais profunda da epiderme (que, por sua vez, é a camada superior da pele).

Sua letalidade é baixa, sendo que as chances de cura são extremamente altas caso haja um diagnóstico precoce. 

Normalmente, ele atinge partes do corpo mais expostas ao sol. Isso inclui o rosto, pescoço, orelhas, costas, ombros e couro cabeludo. 

Muitas vezes, as manchas de câncer de pele são parecidas com as de lesões não cancerígenas, como psoríase ou eczema. 

No mesmo sentido, os sinais de câncer de pele carcinoma basocelular costumam ser de nódulo-ulcerativo.

Ou seja, isso significa que a região afetada apresenta ulcerações avermelhadas, brilhosas e com uma crosta central. Elas sangram com facilidade.

Em todos os casos, é fundamental buscar atendimento sob qualquer sinal de alteração. Só um especialista sabe determinar a origem das manchas e garantir um eventual tratamento precoce.

Carcinoma espinocelular 

O carcinoma espinocelular é o segundo tipo de câncer de pele mais recorrente. Ele atinge as células escamosas, que formam a parte maior das camadas superiores da pele. 

Como no caso anterior, ele também é mais comum nas partes mais expostas à radiação solar, ainda que possa atingir todo o corpo. 

Normalmente, as partes da pele em que surgem as manchas de câncer de pele têm sinais de dano pelo sol, como alterações na pigmentação, enrugamento e perda de elasticidade. 

Por sua vez, as feridas se assemelham a machucados e apresentam tom avermelhado. Além disso, tendem a ser espessas, descamativas e sangrar facilmente. 

Como em todo câncer de pele, podem existir causas além da exposição solar. Contudo, elas são muito mais raras.

As mais comuns são a presença de feridas crônicas, exposição a alguns agentes químicos, radiação e uso de medicamentos anti rejeição após um transplante de órgão. 

Melanoma 

Por fim, o melanoma é o câncer de pele menos comum, mas que possui o pior prognóstico e as chances de mortalidade mais altas entre os demais.

A exemplo de todas as manifestações da doença, as chances de cura aumentam conforme a celeridade do diagnóstico. 

Geralmente, as manchas de câncer de pele melanoma parecem um simples “sinal” ou uma “pinta”. Contudo, eles costumam mudar de tamanho, cor, formato e também sangrar. 

Isso reforça como é importante para os pacientes ficarem atentos às mudanças na pele. Se algo diferente for visto, é fundamental buscar uma consulta médica o quanto antes.  

O mais comum é o aparecimento dos sinais no rosto e no pescoço. Nos homens, também é recorrente nos troncos. Já nas mulheres, as pernas também costumam ser acometidas. 

Melanoma

Somado a isso, normalmente, as lesões de melanoma podem surgir também em regiões do corpo com difícil visualização. Portanto, vale reforçar a atenção e o autocuidado.

O que causa câncer de pele?

Como você pôde acompanhar ao longo deste artigo, a exposição excessiva ao sol é o que causa câncer de pele com mais frequência.

Sendo assim, os riscos da doença são maiores para quem tem a pele sensível aos raios solares.

Isso inclui pacientes de pele mais clara, albinos ou até que fazem tratamentos com imunossupressores. 

Sobretudo, outro ponto fundamental é que a presença prévia de patologias cutâneas aumenta os riscos para o câncer de pele.

Evidentemente, aqueles que têm histórico familiar para este tipo de câncer também estão mais sujeitos ao seu aparecimento.

Os diferentes tipos de câncer de pele são mais recorrentes em pessoas com mais de 40 anos. 

Além disso, considera-se a doença rara em pessoas negras e crianças. 

Principais sintomas do câncer de pele 

Muitas vezes, o câncer de pele tem sintomas parecidos com manchas comuns, como de lesões benignas, eczemas e pintas. 

Por isso, é indispensável conhecer bem sua pele, quais as partes dela que existem pintas e se novos sinais estão surgindo. 

Sob qualquer suspeita, é dever e direito do paciente solicitar os exames adequados junto ao médico para identificar a possível presença e o tipo de câncer de pele.

Normalmente, os sintomas que mais exigem atenção são:

  • A presença de uma ferida ou de uma mancha que não cicatriza com o tempo. Seu crescimento é contínuo, pode sangrar, coçar, ter erosões e crostas;
  • O surgimento de uma lesão brilhante e elevada, que sangra com facilidade e tem uma crosta central. Pode ser castanha, avermelhada, rósea, translúcida ou multicolorida;
  • A manifestação de uma pinta com bordas irregulares. Ela pode ser castanha ou preta. Contudo, sua cor e textura mudam com o tempo e seu tamanho cresce. 

Somados a esses sinais, existem outros cuidados extras para saber como identificar câncer de pele melanoma. 

Na forma mais grave da doença, ainda podem surgir sintomas que variam conforme a região em que o câncer avançou.

Nesses casos, o paciente pode ter inchaço nos gânglios linfáticos, dores abdominais, nódulos na pele, sentir falta de ar, ter tosse, dor de cabeça, entre outros problemas semelhantes. 

Câncer de pele tem cura? 

Câncer de pele tem cura?

O câncer de pele tem cura. Entretanto, é fundamental que o tratamento seja precoce. Isso porque, quanto mais tardias forem as intervenções, menor a eficácia delas (e vice-versa).

 

Isso também vale para os tipos de baixa letalidade. Afinal, se não tratados precocemente, eles podem gerar lesões mutilantes e desfigurantes, que prejudicam muito a qualidade de vida.

A identificação da doença exige métodos de diagnóstico precoce e de rastreamento. Ambos são imprescindíveis para a conquista da cura completa e sem sequelas.

Nesse sentido, no caso do diagnóstico precoce, a recomendação é que o paciente conheça bem sua pele e procure um dermatologista sob mínimos sinais de alteração.

Já no rastreamento, entra em cena a medicina preventiva. Nela, aqueles com maiores riscos para a patologia devem fazer exames mesmo sem sintomas, para detectá-la em fase pré-clínica. Entenda melhor como são os procedimentos no item seguinte. 

Como é feito o diagnóstico do câncer de pele? 

Primeiramente, o diagnóstico do câncer de pele começa pela análise clínica do dermatologista. Só o profissional sabe reconhecer se os sinais e manchas representam algum risco ao paciente.

Quase sempre, o especialista também realiza a dermatoscopia, pois a partir desse procedimento há a possibilidade de visualização de camadas de pele não vistas a olho nu com o apoio de um aparelho específico.

Sempre que a suspeita for elevada, uma biópsia deve ser solicitada. Ela é o que confirma o diagnóstico para câncer de pele.

Então, nesses casos, há a retirada de um pedaço de pele do paciente. Em seguida, envia-se a amostra ao laboratório, que faz uma análise patológica e emite um laudo.

Quando a doença é confirmada, ainda podem ser solicitados exames de rotina complementares na área. Eles apontam o estadiamento da doença e se ela é melanoma ou não. 

Tratamento para câncer de pele 

Como ocorre em outras doenças, o câncer de pele tem tratamento orientado pelo seu tipo de manifestação, sendo determinado no momento do diagnóstico.

Normalmente, o procedimento empregado é a cirurgia oncológica. Ela serve para retirar a lesão. Inclusive, em estágios iniciais, ela pode ser feita ambulatorialmente, sem internação.

Se o câncer de pele for melanoma, o tratamento varia bastante de acordo com o estadiamento e o tamanho do tumor. Nesses casos, além da cirurgia, também podem ser necessárias radioterapia e quimioterapia. 

Já para os carcinomas, também existe a alternativa de terapia fotodinâmica. Em outras palavras, ela consiste na aplicação de um creme fotossensível com exposição de uma fonte de luz que combate a proliferação anormal das células. 

Nesses casos, o tratamento também pode eliminar a ceratose actínica. Por sua vez, trata-se de uma lesão precursora do câncer de pele. 

Por fim, sempre que o câncer melanoma tiver metástase e se espalhar para outros órgãos, é importante avaliar as alternativas medicamentosas. Elas servem para desacelerar a evolução da doença e garantir mais sobrevida aos pacientes. A automedicação nunca deve ser considerada. 

Como prevenir o câncer de pele?

A melhor forma de prevenir o câncer de pele é proteger-se contra os efeitos da radiação emitida pelo sol. 

É importante destacar que os raios ultravioletas estão cada vez mais agressivos ao redor do mundo. 

Por isso, até mesmo as pessoas que não fazem parte dos grupos de risco devem se manter protegidas contra a incidência solar. 

Como prevenir o câncer de pele?

Entre os cuidados mais recomendados, destacam-se, por exemplo:

  • Utilize protetor solar de 30 FPS ou mais;
  • Reaplique o protetor a cada 2 horas;
  • Não fique exposto ao sol entre as 10h e 16h;
  • Mantenha a pele sempre bem hidratada;
  • Em caso de trabalho com exposição ao sol, use sempre os EPIs adequados;
  • Quando ficar sob o sol, não abra mão de bonés, chapéus e de roupas compridas.

Conclusão

O câncer de pele é o tumor mais prevalente de todos. Ainda que seus tipos mais comuns sejam os menos fatais, eles também podem gerar consequências sérias caso não tratados de maneira precoce e adequada.

Sendo assim, é fundamental manter-se sempre protegido contra o sol e outros fatores de risco. Além disso, recomenda-se conhecer bem a própria pele e buscar um especialista sempre que qualquer tipo de alteração seja percebida.

Em conclusão, com os cuidados certos, há menor possibilidade da ocorrência do câncer de pele ou ainda há maior chance da realização do seu tratamento de maneira mais eficaz.

Portanto, se você gostou de explorar os detalhes do tema e quer manter-se em dia com a sua saúde, não perca nossos próximos artigos. Assine a newsletter para receber nosso conteúdo em primeira mão e compartilhe este texto com os seus amigos.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin