Flutter atrial: o que é, sintomas, diagnóstico e tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 21 de outubro de 2024
Flutter atrial

O flutter atrial pertence ao grupo das arritmias sustentadas mais comuns.

Essa condição impacta o funcionamento das câmaras cardíacas superiores, aumentando a frequência do coração ao ponto de prejudicar o ritmo cardíaco.

Se não tratada, pode desencadear eventos potencialmente fatais, como o acidente vascular cerebral (AVC).

Avance na leitura para conferir as principais informações referentes aos sintomas, causas e tratamento do flutter atrial.

Ao final, apresento dicas para acelerar o diagnóstico cardíaco com a telemedicina cardiológica.

O que é flutter atrial?

Flutter atrial é uma arritmia de padrão rápido e coordenado, na maioria das vezes.

Nessa condição, um circuito elétrico anormal faz com que os impulsos elétricos circulem rapidamente nos átrios, resultando em uma frequência atrial elevada, geralmente entre 240 e 340 batimentos por minuto. 

Isso cria um padrão específico no eletrocardiograma conhecido como “ondas em dente de serra“. 

Observe no traçado de holter a onda P em forma de dente de serrote

Flutter atrial típico visto no traçado de holter de ecg 24 horas.

No artigo “Flutter Atrial: Cuidados na Cardioversão e Indicações para o Tratamento Farmacológico e Ablativo”, os autores apresentam a seguinte definição:

“O flutter atrial (FLA) é uma taquicardia atrial macrorreentrante, pois identifica-se um circuito de reentrada relativamente amplo em torno de um obstáculo central e não há um único ponto de origem de ativação, sendo os tecidos atriais fora do circuito frequentemente ativados.”

A condição pode ser classificada como:

  • Típica: dependente do istmo cavotricuspídeo (ICT)
  • Atípica: não dependente do ICT.

O flutter atrial é diferente, porém relacionado à fibrilação atrial, outra forma comum de arritmia, como explico a seguir.

Diferença entre flutter e fibrilação atrial

Tanto o flutter atrial quanto a fibrilação atrial (FA) são arritmias de padrão rápido, também chamadas taquiarritmias ou taquicardias.

No entanto, a FA corresponde a um ritmo irregular e imprevisível, ao passo que o flutter atrial costuma resultar em um padrão regular e rápido.

Ambas as condições devem ser devidamente diagnosticadas e tratadas, a fim de diminuir a morbidade e mortalidade decorrente de suas complicações.

Falo mais sobre as possíveis complicações nos próximos tópicos.

Arritmia flutter atrial

Nessa condição, um circuito elétrico anormal faz com que os impulsos elétricos circulem rapidamente nos átrios

Quais os sintomas do flutter atrial?

Em estágios iniciais ou com frequência cardíaca abaixo dos 120 bpm (batimentos por minuto), o flutter atrial pode ser assintomático.

Já os casos em que a FC supera os 120 bpm, pode haver manifestações clínicas como:

Mais raramente, o padrão acelerado de batimentos pode ser descoberto a partir de eventos tromboembólicos.

É o caso do acidente vascular cerebral ou ataque isquêmico transitório (AIT), que motivam uma investigação para identificar suas causas.

Como identificar o flutter atrial no ECG?

Por avaliar a atividade elétrica do coração, o eletrocardiograma (ECG) é o principal exame para diagnosticar o flutter atrial.

Basicamente, o aparelho de ECG usa eletrodos para amplificar e coletar os sinais de impulsos elétricos responsáveis por movimentar o miocárdio, e os envia ao monitor.

Ali, os sinais são convertidos em gráficos em linha que representam cada batimento cardíaco.

Daí a possibilidade de identificar ritmos patológicos como o flutter atrial, que geralmente distorce as linhas do ECG para formar desenhos semelhantes a dentes de serra.

Conforme explica o já mencionado artigo sobre o tema, essa condição aparece como um padrão de ondulação contínua no ECG sem uma linha de base isoelétrica em pelo menos uma derivação.

Para complementar o diagnóstico, o cardiologista também pode solicitar exames como o ecocardiograma, a fim de verificar a anatomia e funcionamento do coração.

Quais as causas do flutter atrial?

As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas do flutter atrial, embora essa condição também possa surgir em pacientes não cardiopatas.

Algumas patologias capazes de provocar essa taquicardia são:

E se você tem dúvidas quanto à gravidade do flutter atrial, acompanhe o próximo tópico.

Condição flutter atrial

Em estágios iniciais ou com frequência cardíaca abaixo dos 120 bpm, a condição pode ser assintomática

Flutter atrial é grave?

Sim, essa condição pode ser grave.

Especialmente quando o doente não recebe o tratamento adequado, o que pode levar a complicações de saúde.

Vale lembrar que o flutter atrial faz com que os átrios se contraiam de forma frenética, sem que todos os impulsos elétricos consigam prosseguir até os ventrículos – como ocorreria no ritmo cardíaco normal.

Por consequência, os átrios não se esvaziam totalmente, acumulando pequenas quantidades de sangue em seu interior.

Com o tempo, esse sangue parado pode formar coágulos capazes de atingir veias e artérias, obstruindo o fluxo sanguíneo em vasos menores.

Dependendo do local da obstrução, o quadro pode ser grave. 

O exemplo mais conhecido é o AVC, causado pela interrupção do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral.

Outros agravos à saúde podem surgir a partir da dificuldade de enchimento total dos ventrículos, o que reduz a quantidade de sangue bombeada pelo músculo cardíaco.

Nesse contexto, o paciente pode desenvolver insuficiência cardíaca e/ou episódios de hipotensão.

Tratamento para flutter atrial

A abordagem terapêutica adequada depende do tipo de flutter atrial e da existência, ou não, de doenças associadas.

Geralmente, são realizadas intervenções para diminuir a frequência cardíaca e tratar a patologia de fundo, a fim de restaurar o ritmo cardíaco normal.

Para corrigir a FC, pode ser indicada a cardioversão elétrica, que emprega choques sincronizados aplicados a um ponto específico para restaurar o ritmo do coração.

Outra opção são medicamentos antiarrítmicos, a exemplo da propafenona e amiodarona.

Em ambos os casos, é necessário administrar medicações anticoagulantes para prevenir a formação de coágulos.

Certas classes de medicamentos, como os bloqueadores do canal de cálcio, auxiliam na redução da FC atrasando a condução de impulsos elétricos aos ventrículos, o que permite o bombeamento de sangue de maneira mais efetiva.

Por fim, há situações em que é recomendada a ablação por cateter para destruir as células do nó atrioventricular, a fim de diminuir a FC.

Vantagens do laudo eletrônico do ECG

A detecção do flutter atrial e outras arritmias se torna mais rápida e prática utilizando o telediagnóstico.

Esse braço da telemedicina conecta a equipe local a especialistas online, viabilizando a emissão de laudos a distância a partir do compartilhamento dos registros de exames.

Por exemplo, é possível treinar um técnico de enfermagem ou médico para realizar normalmente o eletrocardiograma e transmitir os gráficos via plataforma de telemedicina.

Em seguida, um cardiologista especializado fará a interpretação dos achados e elaboração do laudo online, assinado digitalmente e liberado no sistema.

Empresas robustas como a Telemedicina Morsch garantem a entrega dos resultados em minutos, ou em tempo real para urgências!

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Conclusão

Ao final deste texto, espero ter esclarecido as dúvidas sobre flutter atrial.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin