Conheça os principais sintomas, tratamento e prevenção do sarampo

Por Dr. José Aldair Morsch, 3 de agosto de 2021
Conheça os principais sintomas, tratamento e prevenção do sarampo

O sarampo é uma doença infecciosa grave, altamente contagiosa e que pode levar à morte caso não seja combatida da maneira correta.

No ano de 2016, a Organização Pan-Americana de Saúde concedeu ao Brasil o certificado de erradicação da patologia, graças ao alcance da taxa de vacinação recomendada pela OMS, que é de mais de 95% da população.

Contudo, o crescente compartilhamento de notícias falsas e o movimento de negação das vacinas fez o país perder este importante marco

Nesse sentido, a primeira reincidência ocorreu em 2018 nos estados de Roraima e Amazonas. O problema evoluiu e, em 2020, o sistema de saúde brasileiro também teve que lidar com um novo surto de sarampo

Somente em 2020, foram 8.419 casos confirmados em 21 estados, sendo o epicentro no Pará, que apresentou o índice de apenas 27,7% da sua meta de vacinação cumprida, resultando em cinco óbitos no estado. 

Mas, como a campanha de vacinação contra o sarampo é realizada e qual deve ser a postura da população diante dela?

Para esclarecer melhor o assunto, elaborei este artigo com as características mais importantes da doença, os meios de identificá-la, preveni-la e de manter sua correta imunização. 

Mas lembre-se, sarampo não é rubéola. Falo sobre isso no final do artigo.

O que é sarampo? 

O sarampo consiste em uma doença viral com alto potencial contagioso, que tem uma evolução extremamente rápida e com complicações graves.

A dificuldade de seu controle está justamente na facilidade de sua transmissão, que ocorre por contato direto ou por tosses, espirros e até mesmo pela respiração. 

Ela afeta principalmente as crianças no primeiro ano de vida, sendo que as complicações são mais comuns nos menores de 5 anos, mas também podem ocorrer em maiores de 20 anos. 

Os seus agravamentos variam de acordo com a fase da vida em que se encontra o paciente. Nos adultos, o mais comum é a pneumonia.

Já nas crianças, os riscos são mais alarmantes. De acordo com dados divulgados no portal da Secretaria da Saúde do Paraná, 3 a cada 1.000 podem morrer por conta da patologia.

A causa mais comum das fatalidades é a pneumonia, que acomete 1 a cada 20 crianças. Há também a encefalite aguda, que atinge 1 a cada 1.000 indivíduos e é fatal para 10% deles. 

Outro risco para os menores são as infecções do ouvido, que ocorrem em cerca de 1 a 10 crianças e podem gerar perdas auditivas permanentes. 

No caso das gestantes, é importante vacinar-se contra o vírus do sarampo antes da gravidez, já que o imunizante é contraindicado durante a gestação. Caso isso não seja feito, uma possível ocorrência da doença pode gerar parto prematuro. 

Ao longo dos próximos itens, explico melhor quais são os sintomas, meios de transmissão e outros pontos de atenção de suma relevância sobre a patologia. 

Quais são as causas do sarampo?

O nome científico do agente causador da doença é Measles morbillivirus, que é popularmente chamado de vírus do sarampo. O contágio da patologia ocorre por vias áreas,  durante a respiração, fala, ao espirrar ou ao tossir. 

Estima-se que uma pessoa infectada com sarampo gere transmissão para cerca de 90% dos indivíduos não imunizados ao seu redor.

Dessa forma, o período mais intenso de contágio ocorre 4 dias antes e 4 dias depois do aparecimento das manchas vermelhas pelo corpo. 

Inclusive, as manchas de sarampo representam o sintoma clássico da patologia, mas outros sinais severos devem ser observados. Conheça-os no item seguinte. 

Principais sintomas dessa doença exantemática 

O sarampo tem sintomas inicialmente análogos a outras doenças virais, como febre, tosse, corrimento e entupimento nasal, irritação nos olhos e mal-estar generalizado, que pode incluir dor de cabeça, cansaço excessivo e dores pelo corpo.

A evolução da doença é veloz. Em síntese, após  três ou cinco dias do aparecimento dos primeiros sintomas, o paciente passa a observar manchas avermelhadas, atrás das orelhas e no rosto, que logo se espalham para todo o corpo. 

Principais sintomas do sarampo

Quando as manchas aparecem, o paciente deve ficar extremamente alerta e buscar tratamento, principalmente se a febre persistir. Veja abaixo como o diagnóstico é determinado.

Como é feito o diagnóstico de sarampo?

Todas as pessoas com sarampo devem buscar por uma consulta médica assim que observarem seus sintomas.

As crianças, jovens adultos e os pacientes imunodeprimidos são aqueles com maiores riscos de complicações, e devem ter atenção reforçada sobre a patologia.

Durante o atendimento, o médico primeiro irá avaliar o histórico do indivíduo e seu relato sobre os sintomas.

Então, realiza-se um exame físico, que determina o diagnóstico no paciente.

Como o sarampo tem sintomas parecidos com os da catapora, rubéola e roséola, o especialista deve confirmar o diagnóstico com alguns exames específicos.

Os procedimentos mais comuns são os sorológicos, como os de sangue, cultura da urina e cultura da garganta.

O paciente com suspeita da doença deve se manter isolado, utilizando máscara e tomando cuidados para evitar a transmissão do vírus na sua região.

Além disso, cabe ao médico comunicar o caso às autoridades sanitárias para que mantenham-se alertas a um possível surto.

Essa comunicação é chamada de notificação compulsória e inclui todas as suspeitas, independentemente de sua confirmação.

Como ocorre a transmissão do sarampo? 

Conforme reforcei ao longo deste artigo, o sarampo tem transmissão elevada de pessoa para pessoa, que ocorre normalmente pela respiração, tosse, fala e espirros.

Soma-se a isso o fato de que as gotículas com partículas virais podem permanecer por um período relativamente longo nos ambientes.

O contágio também ocorre dentro de locais fechados ou no contato com objetos que tenham secreções respiratórias de alguém infectado. 

Como ocorre a transmissão do sarampo?

A fase de maior transmissão ocorre quatro dias após o surgimento das manchas vermelhas, do paciente infectado.

Sarampo tem tratamento? 

O sarampo possui tratamento voltado aos seus sintomas e complicações. Não há intervenção específica para a patologia em si. 

Apesar de não existirem medicamentos próprios para a doença, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda o uso da vitamina A. Em síntese, a orientação desse uso ocorre, pois a vitamina A, minimiza os efeitos e chances de mortalidade do sarampo, quando consumida imediatamente após o diagnóstico. 

É direito dos pacientes que o médico determine os melhores meios de aliviar os sintomas e de prevenir as complicações do sarampo, minimizando agravamentos mais severos e até fatais.

Antitérmicos e analgésicos, como o Paracetamol são os medicamento mais comuns ministrados nos pacientes infectados.

Além de intervenções específicas para complicações como a pneumonia, é fundamental o repouso, a hidratação e uma dieta especial. 

Toda intervenção deve ser orientada por um médico, e a automedicação jamais deve ser considerada, uma vez que gera tratamentos ineficientes ou problemas ainda piores de saúde.

Prevenindo a ocorrência de sarampo 

A vacina do sarampo e a eliminação do contato com pacientes infectados são as únicas formas preventivas contra a doença. 

O Ministério da Saúde, define e revisa constantemente os critérios de imunização, variando de acordo com as características de cada pessoa.

O direcionamento ocorre das vacinas ocorre da seguinte forma:

  • Primeira dose: crianças com 12 meses completos;
  • Segunda dose: crianças com 15 meses completos; 

Nos estados que recentemente tiveram aumento nos índices de sarampo, as autoridades podem recomendar uma dose extra entre os 6 meses e 1 ano de idade. 

Já no caso dos adultos de até 29 anos que tomaram apenas uma dose da vacina, é fundamental tomar a segunda.

Com as duas doses comprovadas, não é necessário vacinar-se novamente. Entretanto é também recomendada a vacina, para quem não tem certeza da sua imunização. 

Nessas situações, adultos de 30 a 59 anos devem tomar apenas uma dose. Até os 29 anos de idade, duas doses são necessárias. 

Vale ressaltar que nunca se deve aplicar a vacinação em gestantes. Como ela é produzida com o vírus do sarampo atenuado, a baixa imunidade gerada pela gravidez pode causar complicações ou mesmo desenvolver a doença.

Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que as mulheres com planos de engravidar chequem suas doses e, se necessário, tomem a vacina antes, observando o Calendário Nacional de Vacinação. 

Sobre a campanha de vacinação contra sarampo

Sobre a campanha de vacinação contra sarampo

A campanha de vacinação contra o sarampo desenvolvida no Brasil é diretamente responsável pelo aumento na expectativa de vida dos brasileiros.

Como citei na introdução, o território brasileiro foi certificado em 2016 com a erradicação da doença pela Organização Pan-Americana de Saúde.

Contudo, a adesão às campanhas de vacinação contra o sarampo e outras doenças teve uma diminuição severa a partir de 2017. 

O ideal, de acordo com a OMS, é que 95% de toda a população nacional seja vacinada. Ou seja, para alcançar anualmente o índice autoridades sanitárias seguem trabalhando, por meio de campanhas e ações do SUS, por exemplo. 

Para quem quiser se vacinar, basta procurar a unidade de saúde mais próxima da sua residência. Além disso, instituições privadas também oferecem o imunizante. 

Mesmo com os entraves gerados pelas notícias falsas contra as vacinas, o país é referência mundial em vacinação e já conquistou excelentes resultados em suas ações reparativas.

No ano de 2019, por exemplo, as campanhas nacionais foram intensificadas após a baixa adesão, e conquistaram os melhores índices em relação aos 5 anos anteriores, com 99,4% das crianças de até um ano de idade vacinadas, de acordo com dados do Governo Federal. 

Apesar do novo surto em 2020, esse é um indicativo de que o trabalho do SUS é eficaz e que cabe principalmente aos estados em que o sarampo ainda circula reforçar suas ações de vacinação. 

Sobre as vacinas

Atualmente, existem 3 tipos de vacinas para sarampo. A aplicação de cada uma depende das diretrizes do Plano Nacional de Imunização e da situação epidemiológica de cada região.

Em primeiro lugar, está a vacina Dupla Viral, que imuniza contra o sarampo e contra a rubéola. utilizada apenas em situações de bloqueio vacinal durante ocorrências de surtos.

Já as mais eficazes e amplamente utilizadas junto à população são a Tríplice Viral e a Tetra Viral. A primeira garante proteção contra os vírus do sarampo, caxumba e rubéola. Por sua vez, a segunda confere imunização contra essas doenças e também para a varicela. 

Todas elas são eficazes, seguras e indispensáveis para o sistema de saúde brasileiro, sendo que seu método de funcionamento é por meio da presença de agentes virais atenuados.

Isso significa que as vacinas têm vírus vivos em sua composição, mas que perderam a capacidade de adoecer as pessoas. Quando entram em contato com o organismo, eles ativam o sistema imunológico sem comprometer a saúde do paciente, que passa a produzir anticorpos para que fique fortalecido contra possíveis infecções. 

Não confunda sarampo com rubéola

A rubéola é uma doença infectocontagiosa, de distribuição universal, que ocorre, principalmente, na infância. Caracteriza-se por ser uma febre eruptiva, exantemática, potencialmente epidémica.O agente etiológico da rubéola é um vírus, pertencente ao género Rubivírus, que tem como único reservatório o Homem.

A transmissão da infeção é feita de modo direto, através do contato pessoal com os pacientes ou com as secreções nasofaríngeas (partículas de expetoração) presentes no ar expirado por estes, ou, de um modo indireto, através de objetos contaminados com secreções, num processo pouco frequente.

O período de transmissibilidade é de cerca de duas semanas, uma antes do início das manifestações cutâneas (exantema) e cerca de uma semana após.

Esta doença exantemática também tem prevenção com vacina, basta procurar um posto de saúde.

Conclusão

Ao longo deste artigo, esclareci em detalhes o que é sarampo, porque ele é tão perigoso, como identificá-lo e quais são as condutas de saúde empregadas para o seu combate.

Nesse sentido, é imprescindível para toda a população aderir ao Plano Nacional de Vacinação e prezar pelas doses corretas da vacina.

Somente assim podemos manter a doença erradicada e minimizar seus riscos entre os grupos com maiores chances de agravamentos.

Se você gostou de saber mais sobre o sarampo e quer manter-se informado, não deixe de acompanhar os próximos artigos do nosso blog.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin