Qual é a importância da ergonomia em tempos de home office?
Os cuidados com ergonomia são fundamentais para a qualidade, segurança e produtividade nas empresas.
Contudo, com a popularização do home office (e sua aceleração motivada pela COVID-19), novas dúvidas surgiram sobre cuidados ergonômicos e sua adaptação.
O ambiente de trabalho doméstico tem suas particularidades. Porém, é preciso adotar as medidas das empresas também no escritório de casa.
Sabendo disso e da importância da ergonomia para os profissionais, preparei este artigo com informações completas sobre o assunto.
A seguir, confira os detalhes mais importantes sobre o conceito, sua regulamentação, tipos e benefícios. Depois, veja como ele se adapta às especificidades do home office.
O que é ergonomia?
A ergonomia consiste em procedimentos e parâmetros ligados aos cuidados com a saúde laboral, seja dentro ou fora do escritório.
Ou seja, trata-se de um meio de adaptar as ferramentas e o ambiente de trabalho às demandas físicas e psicossociais, que têm impactos globais na vida das pessoas.
Acima de tudo, o objetivo é evitar esforços repetitivos, posturas incorretas, posicionamentos inadequados, entre outros fatores. Nesse sentido, eles podem ser físicos, psicológicos e organizacionais, capazes de gerar danos ao indivíduo (como iluminação, qualidade do ar, incidência de ruídos etc).
Isso porque, enquanto inadequações físicas podem gerar problemas articulares, posturais e musculares, carências psicossociais acarretam fatores como estresse, esgotamento e ansiedade.
Sendo assim, além da adequação das estações de trabalho, a ergonomia ainda pode englobar ações preventivas.
Alguns dos meios mais comuns nas empresas incluem programas de promoção de saúde, como alongamentos, ginástica laboral, exercícios físicos, consultas periódicas e incentivos para exames de rotina.
O que diz a NR 17 sobre ergonomia?
Uma vez que a falta de ergonomia gera sérios riscos à saúde, ao bem-estar e à qualidade de vida dos trabalhadores, o tema conta com regulamentação específica para garantir sua devida aplicação.
Esse é o caso da Norma Regulamentadora 17, que versa sobre parâmetros ergonômicos e práticas a serem adotadas pelas organizações.
Promulgada no Diário Oficial da União em 1978, a NR 17 objetiva preservar as características e a saúde física e psicológica dos trabalhadores.
O intuito é contemplar as frentes de segurança, conforto e eficiência laboral. Contudo, lembre-se que as condições de trabalho envolvem o mobiliário usado pelos profissionais, a organização dos meios de trabalho e seus equipamentos.
Além disso, a norma também contempla condições ambientais dos postos laborais, como ventilação e iluminação. E inclusive, a eventual necessidade de levantamento e transporte de materiais.
A partir dessa delimitação dos postos de trabalho, a NR 17 especifica regras sobre ergonomia, que incluem:
- Móveis com ajustes de posicionamento para que as pessoas possam se movimentar com facilidade;
- Cadeira de trabalho adaptada às necessidades físicas do usuário – e que seja confortável;
- Altura do assento adequada à da mesa e distância correta para preservar a visão;
- Distância e alinhamento adequados entre os olhos e o campo laboral (como monitor);
- Altura da mesa ou bancada e superfície adequadas à atividade de trabalho;
- Apoio para os pés ,caso os mesmos não fiquem bem acomodados;
- Planejamento dos trabalhos manuais, feitos em pé ou sentado;
- Priorização de mobiliário que favoreça a operação do profissional, sua boa postura e visualização.
O papel da ergonomia na saúde ocupacional
Apesar de a ergonomia ser voltada à segurança e bem-estar dos profissionais, é importante destacar que ela também é primordial em termos produtivos.
Isso porque ao priorizar os cuidados ergonômicos, você garante alguns benefícios importantes junto aos funcionários, como:
- Redução de acidentes, doenças laborais e absenteísmo;
- Diminuição dos gastos relacionados à saúde;
- Qualidade do trabalho, com as melhores condições possíveis para sua realização;
- Reconhecimento de que a empresa preocupa-se com seus colaboradores, o que aumenta o engajamento;
- Ganho significativo de produtividade, como consequência dos pontos citados até aqui.
Principais tipos de ergonomia
Quando tratamos sobre o estudo e as aplicações da ergonomia, temos três disciplinas correlacionadas. São elas:
Ergonomia física
Se refere à relação entre a anatomia humana e as atividades feitas no trabalho.
Seu foco é avaliar e prestar orientações sobre a saúde dos trabalhadores, a partir das seguintes modalidades de intervenção:
Ergonomia de correção
Modifica elementos capazes de afetar a saúde e a qualidade laboral, como a posição e as dimensões dos móveis, a temperatura do local, os ruídos, iluminação e assim por diante.
Ergonomia de conscientização
Como o nome indica, se refere à educação dos colaboradores sobre o tema. Para que, acima de tudo, corrijam seus hábitos e atitudes em prol da preservação da sua saúde.
Ergonomia de concepção
Se refere ao projeto dos ambientes de trabalho, em que a organização, os sistemas de trabalho e o uso de equipamentos já é idealizado a partir de preceitos ergonômicos.
Ergonomia participativa
Visa a criação de um Comitê Interno de Ergonomia, que atua para conscientizar e promover projetos de priorização da saúde e dos cuidados físicos dos colaboradores.
Podemos dizer que os cuidados com a ergonomia física podem englobar desde o projeto de um escritório, até a escolha dos modelos de cadeiras e as rotinas de trabalho adotadas pelos profissionais.
Desse modo, as frentes avaliadas nesta área incluem:
- Eventual ocorrência de movimentos repetitivos;
- Postura durante as atividades de trabalho;
- Modo de manuseio dos materiais;
- Projeto das estações laborais;
- Saúde e segurança dos colaboradores enquanto desempenham tarefas;
- Eventuais distúrbios musculoesqueléticos durante o trabalho.
Ergonomia cognitiva
Por sua vez, a ergonomia cognitiva é voltada aos processos mentais feitos pelos trabalhadores, enquanto executam suas funções.
Além disso, a área tem como foco o estudo da influência psicológica existente em suas interações com os sistemas de trabalho.
Ou seja, o objetivo é reduzir o estresse, a sobrecarga, entre outras questões que afetam o desempenho e a saúde mental dos indivíduos nas empresas.
Para isso, são contemplados aspectos como o raciocínio, a memória, a percepção e a resposta motora.
Dessa maneira, as frentes de cognição ergonômica avaliadas podem incluir:
- Estresse inerente a determinadas rotinas laborais;
- Carga mental de certos trabalhos;
- Interação das pessoas com estações, ferramentas e equipamentos de trabalho;
- Concepção dos indivíduos perante os sistemas de trabalho;
- Meios de tomada de decisões;
- Confiabilidade das pessoas perante certas tarefas;
- Desempenho dos indivíduos de setores específicos;
- Realização de treinamentos para a interação entre trabalhadores e sistemas.
Ergonomia organizacional
Por fim, a ergonomia organizacional, também chamada de ergonomia operacional, contempla os procedimentos adotados pela empresa. E além disso, suas políticas internas, questões técnicas e organizações sociais.
Seu objetivo é estudar e propor otimizações na estrutura com que o negócio se organiza. Acima de tudo, visa melhorar a forma com que os colaboradores trabalham e evitar problemas de sobrecarga.
O foco desta área está nas lideranças, para que as melhorias partam da direção e dos processos que ela gerencia. Para isso, se avalia as seguintes frentes:
- Atividades realizadas em grupo;
- Cultura organizacional;
- Qualidade gerencial;
- Meios de comunicação interna;
- Projetos coletivos e participativos;
- Trabalho conjunto e cooperativo;
- Estrutura lógica e temporal dos procedimentos.
10 boas práticas de ergonomia para você adotar
Ou seja, para garantir que a saúde e as condições ideais de produtividade dos colaboradores sejam respeitadas, o primeiro passo é estabelecer mudanças no ambiente físico e em seus componentes. Nesse sentido, confira as principais:
- Cadeiras com altura regulável, capazes de se adequar às características do indivíduo;
- Plantas dos pés totalmente apoiadas no chão. Se não for possível mesmo com a cadeira de altura ajustável, apoios para os pés são necessários;
- Assento da cadeira deve garantir uma coluna ereta, de 90 a 110 graus em relação às coxas;
- As mesas não podem ser muito largas ou profundas. Isso porque, as pessoas não devem esticar o corpo com frequência;
- Os objetos e ferramentas necessários para o trabalho rotineiro devem estar à fácil alcance;
- Mouse e teclado devem estar na altura dos cotovelos para preservar os tendões dos braços;
- O monitor precisa estar na mesma altura dos olhos, para manter a cabeça reta e evitar movimentos do pescoço – sem comprometer a coluna cervical;
- A iluminação da tela precisa ser baixa para não desgastar a visão. Contudo, deve ter a nitidez necessária para não exigir muito esforço de visualização;
- A iluminação do ambiente deve ser equilibrada para a realização dos trabalhos. Isso porque ambientes muito escuros são desestimulantes. Mas quando excessivamente iluminados, geram danos às vistas ou incômodos como dor de cabeça;
- Pausas periódicas são necessárias, assim como momentos em pé para aqueles que passam longas jornadas sentados.
Outros pontos ainda poderiam ser mencionados. No entanto, esses representam o ponto de partida ideal para uma rotina mais ergonômica, segura, saudável e produtiva.
Quais são os benefícios da ergonomia no trabalho?
Adotar os devidos cuidados com a ergonomia pode gerar uma série de benefícios. Isso vale tanto para os trabalhadores quanto para a própria organização. Assim, são eles:
Saúde e bem-estar dos colaboradores
O foco da ergonomia é evitar desgastes e lesões físicas, bem como a fadiga e a sobrecarga psicológica dos colaboradores.
Sendo assim, o resultado direto é a promoção de mais saúde e qualidade de vida para as pessoas, que passam a ser menos estressadas, cansadas e sujeitas a doenças laborais.
Diminuição de faltas e afastamentos
Uma vez que as patologias ocupacionais e lesões são evitadas, a necessidade de afastamentos diminui significativamente.
Para você ter uma ideia, anualmente, quase 200 mil afastamentos são motivados por doenças ou acidentes de trabalho no Brasil.
Além de ser uma importante questão de saúde, isso tem um impacto econômico muito significativo para a empresa.
Outro ponto importante é que a redução da sobrecarga, do estresse e outros fatores negativos faz as pessoas faltarem menos, o que melhora a frequência do quadro interno.
Valorização dos funcionários
Os colaboradores percebem quando a empresa se preocupa em preservar sua saúde física e mental.
Dessa forma, o sentimento de pertencimento e reconhecimento profissional é elevado, o que melhora também o engajamento nos trabalhos.
Nesse sentido, processos judiciais, pedidos de demissão e outras questões relacionadas são diminuídas. Isso beneficia o relacionamento do negócio com seu quadro interno e sua imagem perante o mercado.
Ganho de produtividade
Quando os trabalhadores têm qualidade de vida, valorizam o espaço de trabalho e encontram as condições ideais para cumprir suas tarefas, eles se tornam mais produtivos.
Com isso, o rendimento e o engajamento são certos, e os impactos sobre os resultados da organização são diretos.
O impacto da ergonomia em tempos de home office
Assim como a ergonomia valoriza a qualidade de vida das pessoas, o home office é importante nesse sentido. Isso porque reduz o estresse e os desgastes com a correria do trânsito, promove economia com transporte e alimentação, garante mais flexibilidade para a realização das tarefas e muito mais.
Inclusive, com a chegada da COVID-19, o movimento de adesão às práticas remotas se tornou uma necessidade, e diversas pessoas migraram para esse modelo.
Frente a isso, os empreendedores devem ter os mesmos cuidados ergonômicos adotados nos escritórios também em casa.
Ou seja, todas as práticas de ergonomia que mencionei ao longo do artigo devem ser garantidas no home-office. Sendo assim, cabe à empresa investir em ações de conscientização e engajamento para que todos os times as adotem.
No mesmo sentido, caso seja necessário, a organização deve arcar com os custos de adequação, como investimentos em mobiliário, iluminação adequada e ferramentas ideais para o trabalho residencial.
Afinal, só assim é possível garantir a ergonomia nesse novo paradigma e desfrutar de todas as suas vantagens junto aos colaboradores, mesmo que à distância.
Conclusão
A ergonomia consiste no estudo e na elaboração de práticas que impactam positivamente as relações físicas, psicológicas e organizacionais dos colaboradores no trabalho.
Isso significa que, tanto nos escritórios presenciais quanto no home office, é essencial adotar ferramentas e procedimentos para evitar lesões, prevenir doenças e garantir o bem-estar das pessoas enquanto realizam suas funções.
O resultado direto desse cuidado é o ganho de qualidade de vida, engajamento, permanência e produtividade entre os funcionários, que têm impacto direto sobre o sucesso da organização.
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