Talidomida: para que serve, receita e como tomar

Por Dr. José Aldair Morsch, 9 de novembro de 2023
Talidomida

Quer saber mais sobre a talidomida?

Esse é um medicamento imunossupressor potente, mas capaz de provocar malformações fetais.

Daí o seu controle rígido pelas autoridades de saúde, que restringem a produção dos comprimidos de 100 mg do remédio a um laboratório público.

Ao longo deste texto, apresento detalhes sobre as indicações e documentos exigidos para adquirir a talidomida, incluindo a receita médica.

Acompanhe até o final e fique bem informado.

O que é talidomida?

Talidomida é um fármaco regulador do sistema imunológico.

O uso sob prescrição médica é seguro.

No entanto, essa substância tem efeito teratogênico – ou seja, pode provocar problemas para o feto em formação.

Devido a esse risco, a talidomida é produzida exclusivamente pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), um laboratório público registrado e aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Também não pode ser comercializada, sendo distribuída apenas via SUS.

Para que serve talidomida

O medicamento serve para tratar diferentes reações imunológicas, inclusive aquelas que não respondem a outras terapias.

Seu mecanismo de ação promove um efeito anti-inflamatório e regulador do sistema imunológico.

Principais indicações

Além da bula, as indicações para o uso da talidomida no Brasil estão descritas na RDC nº 11/2011.

A substância é utilizada para tratar:

  • Eritema nodoso hansênico (ENH), e na sua prevenção
  • Aftas orais em pessoas vivendo com HIV e que não respondem a outros medicamentos
  • Lúpus eritematoso (doença que também afeta a pele)
  • Doença enxerto contra hospedeiro (complicação que pode ocorrer após transplante de medula óssea ou de células tronco)
  • Mieloma múltiplo (tipo de câncer) que não respondeu à quimioterapia
  • Síndrome mielodisplásica (desordem da célula-tronco responsável pela formação de células sanguíneas) em pacientes que não responderam ao tratamento com eritropoietina.

Observe que são condições bastante específicas e que exigem a avaliação médica especializada.

Como tomar talidomida

Talidomida é entregue em comprimidos de 100 mg, que devem ser tomados de acordo com a orientação médica.

É recomendado tomar o remédio por via oral antes de dormir, por causa do efeito sedativo.

Também deve ser ingerido pelo menos uma hora após a última refeição.

Reproduzo os principais esquemas terapêuticos abaixo:

  • Eritema nodoso hansênico (ENH) ou reação tipo II: a dose fica entre 100 e 400 mg/dia, conforme a intensidade do quadro
  • Úlceras aftoides idiopáticas em pessoas vivendo com HIV: o tratamento padrão consiste na administração de 200 mg/dia por quatro semanas, podendo essa dose ser diminuída, a critério médico. Caso não ocorra remissão completa das lesões no período de quatro semanas, o médico deverá ser consultado para prolongamento do tratamento e/ou ajuste de dose
  • Doença do enxerto contra hospedeiro: a dose inicial é de 50 a 100 mg/dia. Doses acima de 200 mg/dia devem ser divididas em 2 a 4 tomadas por dia, 1 hora após as refeições. A dose alvo é de 400 mg/dia, mantendo-se a dose continuamente em caso de resposta objetiva
  • Lúpus eritematoso: inicia-se o tratamento com a dose de 50 mg até 100 mg/dia, dividida em 2 doses diárias, por, pelo menos, 6 meses. A dose máxima recomendada é cerca de 400 mg/dia. Se não ocorrer reativação da lesão cutânea, tenta-se reduzir a dose (50 mg em dias alternados) e, depois de 3 meses, suspende-se a talidomida. Caso surjam novas lesões cutâneas, reinicia-se o tratamento
  • Mieloma múltiplo: o tratamento preconizado é de 200 mg/dia, acrescidos de 200 mg a cada 2 semanas, com limite de 400 mg/dia ou até o limite de tolerância do paciente em relação aos efeitos colaterais. A dose diária é de 100 mg, por via oral, nos primeiros 14 dias e, não havendo intolerância, aumenta-se para 200 mg continuamente até a regressão da doença. Havendo intolerância, deve-se manter a dose de 100 mg/dia e usar continuamente até regressão da doença
  • Síndrome mielodisplásica: iniciar o tratamento com 100 a 200 mg/dia, em dose única, durante 4 semanas, com aumento da dose a cada mês, conforme a tolerância do paciente. Doses acima de 200 mg/dia devem ser divididas em duas a quatro tomadas diárias. A dose de resposta ao tratamento varia entre 200 e 400 mg/dia.

Para mais informações, leia a bula do remédio, consulte o médico e o farmacêutico.

Receita de talidomida

A dispensação da talidomida exige a apresentação da receita branca C3.

Emitida em duas vias, essa prescrição tem a primeira carimbada e devolvida ao paciente para consultas sobre os detalhes do tratamento.

Já a segunda via fica retida pela unidade pública dispensadora, a fim de viabilizar o monitoramento pela Anvisa.

Na verdade, a segunda via é uma notificação de receita de talidomida, de cor branca, que reúne dados do paciente, prescritor, fornecedor e unidade dispensadora.

Essa prescrição tem validade de 20 dias e deve ser reservada à talidomida, podendo autorizar a dispensação de medicamento suficiente para até um mês de tratamento.

Além da receita, o paciente deverá preencher e assinar o Termo de Responsabilidade/Esclarecimento em três vias, sendo uma arquivada no prontuário médico, a segunda, arquivada na unidade pública dispensadora e a terceira via, mantida com o paciente.

Dúvidas frequentes sobre talidomida

Confira agora esclarecimentos sobre questões comuns relativas a essa substância.

Onde tem talidomida?

Como mencionei acima, a comercialização da talidomida é proibida no Brasil, portanto, ela não pode ser encontrada em farmácias e drogarias.

Para ter acesso à droga, é necessário realizar o cadastro junto às unidades públicas dispensadoras dos municípios, com registro válido pela vigilância sanitária local.

Quem toma talidomida pode beber?

Como o medicamento tem efeito sedativo, você não deve ingerir bebida alcoólica, nem qualquer outro remédio que provoque sonolência durante o tratamento com talidomida.

Para que a talidomida era usada?

No final da década de 1950, o fármaco era usado para combater o enjoo matinal relacionado à gestação e como sedativo.

Essa prescrição mostrou efeitos desastrosos quando milhares de crianças nasceram com malformações nos braços e pernas.

Suas mães haviam usado talidomida durante a gravidez.

Diante do cenário alarmante, autoridades de saúde tiraram o medicamento de circulação em 1962.

Ele voltou a ser utilizado três anos mais tarde no Brasil, sob normas rigorosas.

Conclusão

Espero que você tenha gostado de saber mais sobre a talidomida?

É importante lembrar que você nunca deve compartilhar esse medicamento, nem se automedicar!

Utilize os métodos contraceptivos prescritos pelo médico e, se precisar tirar dúvidas, agende uma consulta online ou presencial.

Na plataforma de Telemedicina Morsch, dá para marcar uma teleconsulta em instantes.

Basta acessar a página de agendamentos e usar o filtro de especialidades para encontrar o profissional, data e hora de sua preferência.

Caso precise somente renovar uma receita que está perdendo a validade, o processo também é simples.

Preencha as informações e prossiga para a confirmação do pagamento.

Em seguida, você receberá um e-mail de confirmação com o link de rastreio para acompanhar o envio da receita C3 pelos Correios.

Aproveite a facilidade!

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin