Nanotecnologia na medicina: saiba o que é, veja exemplos e conheça as vantagens

Por Dr. José Aldair Morsch, 31 de dezembro de 2024
Nanotecnologia na medicina

Nos últimos anos, acompanhamos uma série de estudos e testes sobre a nanotecnologia na medicina.

Essa área apresenta desde soluções na entrega de fármacos a determinadas células do corpo até combinações entre diagnóstico e tratamento realizados por nanopartículas.

Embora muitas delas estejam ainda em fase experimental, vale conhecer essas tendências para a medicina do futuro e quais as vantagens para gestores, profissionais de saúde e pacientes.

Falo sobre elas ao longo do artigo, junto a exemplos e possíveis riscos advindos do uso da nanotecnologia na saúde.

Siga acompanhando para ficar por dentro do assunto.

O que é nanotecnologia na medicina?

Nanotecnologia na medicina é o controle e uso da matéria em nanoescala para fins médicos.

Essa escala se refere a circuitos e dispositivos eletrônicos que medem um milionésimo de um metro (10-9 m), sendo invisíveis a olho nu.

Compostos empregados pela nanotecnologia são chamados nanomateriais ou nanoestruturas, e seu tamanho pode variar de 1 a 100 nanômetros.

De acordo com este estudo sobre o tema:

“Outras características importantes desses compostos são suas propriedades ópticas e magnéticas e área superficial, que tornam possível a detecção e diagnóstico precoce de possíveis enfermidades. Na medida em que o tamanho das partículas é reduzido à nanoescala, suas propriedades físicas também podem ser alteradas, como resistência, condutividade, durabilidade, reatividade, entre outros.”

Exemplos de uso da nanotecnologia na medicina

As diferentes propriedades de nanomateriais viabilizam uma série de aplicações interessantes dessa tecnologia na medicina.

Comento algumas delas a seguir:

Nanofármacos

Nanofármacos ou nanomedicamentos são itens sintéticos destinados ao tratamento de doenças graves.

Para tanto, as nanopartículas são programadas para terapias alvo, ou seja, direcionadas a certas células que são encontradas com o auxílio da tecnologia.

Em seguida, os nanofármacos fazem a liberação controlada da medicação, permitindo um tratamento mais direcionado e efetivo.

Um exemplo está nas seções de quimioterapia, que vêm se tornando menos agressivas com o uso da nanotecnologia.

Certos tipos de câncer de fígado se tornaram curáveis utilizando essa ciência, conforme descrito nesta reportagem.

Drug delivery

O termo em inglês se refere aos sistemas de entrega de medicamentos por meio da nanotecnologia.

Basicamente, a droga é embalada em nanomateriais, permitindo que o item viaje pelo organismo até encontrar os tecidos desejados.

Esse é o segredo por trás das terapias direcionadas que comentei acima.

Falando sobre células cancerígenas, por exemplo, elas podem ser combatidas sem prejuízo às células saudáveis em redor.

Nanomedicina teranóstica

A nanomedicina teranóstica surgiu a partir do desenvolvimento de nanomateriais com a capacidade de diagnosticar, direcionar a terapia a alvos específicos e monitorar a resposta terapêutica.

Biossensores estão entre os materiais usados para diagnósticos sofisticados e terapias eficientes, direcionadas apenas a tecidos doentes.

Kits de diagnóstico

A oferta de informações em nível molecular apoia o diagnóstico precoce de várias patologias.

E permite a criação de kits do tipo Point-of-Care (POC), que podem ser utilizados até mesmo pelo próprio paciente para detectar uma doença de forma simples.

Um exemplo são os kits de diagnóstico rápido que empregam grafeno para detectar o vírus da Covid-19.

Ou mesmo os testes rápidos usando nanopartículas do polímero poliestireno para identificar anticorpos anti-SARS-COV-2 em amostras de soro humano.

Nanotecnologia médicos

Compostos empregados pela nanotecnologia são chamados nanomateriais ou nanoestruturas

Quais as vantagens da nanotecnologia na medicina?

Avaliando os exemplos acima, fica evidente que a nanotecnologia pode contribuir de maneira significativa para diferentes especialidades médicas.

Entre suas principais vantagens, vale citar as seguintes:

  • Inovação em saúde: nanopartículas e outros materiais representam esperança de cura para doenças graves e atualmente incuráveis, disponibilizando terapias inovadoras
  • Diagnósticos ágeis e precisos: a detecção de pequenas moléculas doentes confere maior agilidade e acurácia diagnóstica, fortalecendo práticas de medicina preventiva para evitar a evolução de doenças. Pacientes com câncer podem não desenvolver metástases, por exemplo
  • Tratamentos direcionados: a possibilidade de liberar fármacos em células específicas consiste numa revolução na abordagem terapêutica, que ganha mais eficácia
  • Redução dos efeitos colaterais: esse direcionamento viabiliza a preservação de células saudáveis, diminuindo também as possíveis reações adversas
  • Maior segurança: o trabalho em nível molecular pode dispensar procedimentos invasivos, além de focar apenas em tecidos doentes – o que eleva a segurança do paciente.

A seguir, comento sobre pontos de atenção quanto ao uso da nanotecnologia na medicina.

Riscos e desvantagens da nanotecnologia na medicina

As práticas inovadoras citadas anteriormente não estão isentas de riscos.

Um dos mais preocupantes é a nanotoxicidade, fruto do uso de tecnologias pouco conhecidas que utilizam manipulação genética.

Também não se sabe muito sobre o efeito dos nanomateriais no meio ambiente, que poderiam causar nanopoluição e grande impacto para os seres vivos.

Afinal, esses itens invisíveis a olho nu são capazes de penetrar as células de plantas e animais, com reações imprevisíveis no curto, médio e longo prazo.

Outros desafios se referem à necessidade de regulação da área, capacitação de profissionais e investimento em pesquisas de ponta.

A superação de todas essas questões exige mais estudos para aprofundar os conhecimentos sobre a nanotecnologia, não apenas na medicina e saúde, mas em todos os segmentos nos quais ela pode ser empregada.

Nanotecnologia na area medicina

É evidente que a nanotecnologia pode contribuir de maneira significativa para diferentes especialidades

Quais as perspectivas para a nanotecnologia na medicina?

O futuro da nanotecnologia é promissor, considerando que mais de 12 mil empresas em 53 países utilizam nanotecnologia em seus produtos, com faturamento estimado em US$ 3 trilhões.

Desde os anos 2000, o Brasil investiu cerca de R$ 600 milhões dos recursos públicos em nanotecnologia, dando impulso para atividades como pesquisas.

Atualmente, o país ocupa o 13º lugar em publicações sobre o tema.

São esperados avanços contínuos com o apoio de instrumentos como a Iniciativa Brasileira de Nanotecnologia, instituída pela Portaria MCTIC 3.459/2019.

Essa Política Nacional para o Desenvolvimento da Nanotecnologia tem por finalidade criar, integrar e fortalecer ações governamentais na área, com foco na promoção da inovação na indústria brasileira e no desenvolvimento econômico e social.

Alguns dos avanços esperados incluem:

  • Nanopartículas poderão entregar medicamentos com precisão ainda maior, reduzindo efeitos colaterais
  • Biossensores e nanodispositivos podem revolucionar o diagnóstico precoce, monitorando biomarcadores em tempo real
  • A regeneração de tecidos e órgãos com nanomateriais também deve ganhar destaque, acelerando a medicina regenerativa
  • Além disso, a combinação da nanotecnologia com inteligência artificial pode criar terapias altamente específicas para doenças complexas, como câncer. 

Esses avanços prometem melhorar a qualidade de vida e ampliar a acessibilidade a tratamentos inovadores.

Conclusão

Ao final deste texto, você está por dentro do conceito e principais aplicações da nanotecnologia na medicina.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin