Trembolona: para que serve, receita e riscos

Por Dr. José Aldair Morsch, 26 de janeiro de 2024
Trembolona

Desenvolvida inicialmente para uso veterinário, a trembolona passou a ser utilizada por atletas profissionais e amadores décadas atrás.

Geralmente, o objetivo é desenvolver a musculatura de forma rápida, contudo, ao custo de efeitos colaterais severos.

Agressividade, depressão, queda de cabelo e até problemas cardiovasculares estão entre as reações adversas desencadeadas pela trembolona.

Nas próximas linhas, explico melhor como funciona esse anabolizante e os riscos que levaram as autoridades de saúde a proibir a venda da versão injetável em farmácias e drogarias.

Se ainda tiver dúvidas, dá para receber aconselhamento médico sem sair de casa, solicitando uma consulta online.

O que é trembolona?

Trembolona é um medicamento andrógeno indicado para aumentar o apetite.

Ele pertence à classe dos esteroides anabolizantes que, segundo definição do Ministério da Saúde, são:

“Drogas que têm como função principal a reposição de testosterona (hormônio responsável por características que diferem homem e mulher). Isso ocorre nos casos em que tenha ocorrido um déficit desse hormônio, por exemplo, no envelhecimento, pois atuam no crescimento celular e em tecidos do corpo, como o ósseo e o muscular.”

Como mencionei na abertura do texto, a droga foi criada para uso veterinário, que acabou se estendendo a seres humanos devido ao ganho de massa muscular.

Porém, atualmente, é permitida somente a prescrição da forma oral da trembolona no Brasil.

Ela é obtida em farmácias de manipulação.

O que a trembolona faz com o corpo?

Assim como outros esteroides anabolizantes androgênicos (EAA), a trembolona age em duas frentes: na atividade anabólica e androgênica.

O impacto sobre a atividade anabólica reforça a construção do tecido muscular, enquanto a atividade androgênica potencializa o desenvolvimento de características masculinas.

Mais especificamente, a trembolona é um derivado da estrutura molecular da nandrolona que tem forte ligação com receptores androgênicos, segundo descreve o estudo “Efeitos colaterais associados ao uso do acetato de trembolona em praticantes de musculação”:

“O acetato de trembolona possibilita um aumento muscular e de força satisfatórios, através do aumento da síntese proteica (…) que aumenta a massa corporal enquanto elimina o excesso de gordura corporal. No entanto, os efeitos negativos podem apresentar-se na mesma intensidade em quem o utiliza.”

Saiba mais sobre essas reações adversas a seguir.

Quais os riscos da trembolona?

É preocupante a popularidade da trembolona entre amadores e atletas profissionais, como fisiculturistas.

Isso porque a substância apresenta risco de efeitos colaterais graves.

Principalmente para pessoas que tenham problemas cardiovasculares como hipertensão arterial sistêmica (HAS), doenças no fígado ou nos rins, que podem ser agravadas.

O anabolizante ainda é capaz de desencadear distúrbios psíquicos, hormonais e dermatológicos.

Confira uma lista com reações adversas comuns:

  • Insônia
  • Suor noturno
  • Diminuição da libido (desejo sexual)
  • Agressividade
  • Ansiedade
  • Depressão
  • Dor de cabeça
  • Pressão alta
  • Complicações cardiovasculares
  • Acne severa
  • Queda de cabelo
  • Ginecomastia (crescimento das mamas em homens)
  • Comprometimento das funções do fígado e rins, devido à toxicidade para esses órgãos.

A intensidade e duração dos efeitos depende da dose, condição clínica e predisposição genética de cada indivíduo.

Outro fator que interfere nesse cenário é o tipo de droga consumida, uma vez que a trembolona tem apresentações distintas.

São elas:

  • Acetato de trembolona (meia-vida de aproximadamente 2 dias): é a mais conhecida, com resultado mais rápido e ciclos de administração curtos. A tendência é que as reações adversas leves cessem alguns dias após a suspensão de uso
  • Enantato de trembolona (meia-vida de 4-5 dias) e hexahidrobenzilcarbonato de trembolona (meia-vida de 3-4 dias): têm ciclos mais longos e resultado prolongado, o que também estende o tempo de duração dos efeitos colaterais.

O fármaco é contraindicado em casos de hipertensão arterial, hipersensibilidade (alergia) aos componentes da fórmula e para mulheres grávidas ou amamentando.

Receita de trembolona

É necessário obter uma receita C5 para encomendar a trembolona em uma farmácia de manipulação.

Também chamada de receita de controle especial, ela é emitida em duas vias.

A primeira via fica retida na farmácia de manipulação, servindo para monitoramento por parte da Anvisa.

Já a segunda via é carimbada e devolvida ao paciente, pois contém a orientação médica necessária para a realização do tratamento.

A receita branca do tipo C5 libera a dispensação de medicamentos anabolizantes.

As regras se aplicam à lista C5 da Instrução Normativa SVS/MS nº 344/1998 (Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial).

Afinal, tanto a trembolona quanto os demais fármacos dessa classe são remédios controlados, rastreados pelas autoridades de saúde para coibir o uso abusivo.

A prescrição C5 tem validade de 30 dias e pode liberar quantidade suficiente para até 6 meses de tratamento, ou 5 ampolas, se for uma droga injetável.

Pode comprar trembolona no Brasil?

Depende da forma farmacêutica.

Atualmente, a comercialização, distribuição, fabricação, propaganda e uso da trembolona injetável são proibidos em todo o território nacional, segundo determina a Resolução 791/2021.

Já a forma para consumo por via oral pode ser encomendada em farmácias de manipulação, desde que sob prescrição médica.

No entanto, o uso dessa versão é raro, pois, como esclarece esta apresentação sobre esteroides, o produto é caro e de pouca eficácia.

Outro ponto de atenção são as regras de prescrição para esteroides no Brasil.

Através da Resolução CFM 2333/2023, o Conselho Federal de Medicina veda ao médico:

  • Uso de qualquer formulação de testosterona sem a comprovação diagnóstica de sua deficiência, excetuando-se situações regulamentadas por resolução específica
  • Uso de formulações de esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos com finalidade estética ou de melhora do desempenho esportivo
  • Prescrição de hormônios divulgados como “bioidênticos”, em formulação “nano” ou nomenclaturas de cunho comercial e sem a devida comprovação científica de superioridade clínica para a finalidade prevista na resolução
  • Prescrição de Moduladores Seletivos do Receptor Androgênico.

Lembre-se de evitar a automedicação, que coloca a saúde em perigo devido aos muitos efeitos colaterais dessa substância.

Conclusão

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin