Trembolona: para que serve, receita e riscos
Desenvolvida inicialmente para uso veterinário, a trembolona passou a ser utilizada por atletas profissionais e amadores décadas atrás.
Geralmente, o objetivo é desenvolver a musculatura de forma rápida, contudo, ao custo de efeitos colaterais severos.
Agressividade, depressão, queda de cabelo e até problemas cardiovasculares estão entre as reações adversas desencadeadas pela trembolona.
Nas próximas linhas, explico melhor como funciona esse anabolizante e os riscos que levaram as autoridades de saúde a proibir a venda da versão injetável em farmácias e drogarias.
Se ainda tiver dúvidas, dá para receber aconselhamento médico sem sair de casa, solicitando uma consulta online.
O que é trembolona?
Trembolona é um medicamento andrógeno indicado para aumentar o apetite.
Ele pertence à classe dos esteroides anabolizantes que, segundo definição do Ministério da Saúde, são:
“Drogas que têm como função principal a reposição de testosterona (hormônio responsável por características que diferem homem e mulher). Isso ocorre nos casos em que tenha ocorrido um déficit desse hormônio, por exemplo, no envelhecimento, pois atuam no crescimento celular e em tecidos do corpo, como o ósseo e o muscular.”
Como mencionei na abertura do texto, a droga foi criada para uso veterinário, que acabou se estendendo a seres humanos devido ao ganho de massa muscular.
Porém, atualmente, é permitida somente a prescrição da forma oral da trembolona no Brasil.
Ela é obtida em farmácias de manipulação.
O que a trembolona faz com o corpo?
Assim como outros esteroides anabolizantes androgênicos (EAA), a trembolona age em duas frentes: na atividade anabólica e androgênica.
O impacto sobre a atividade anabólica reforça a construção do tecido muscular, enquanto a atividade androgênica potencializa o desenvolvimento de características masculinas.
Mais especificamente, a trembolona é um derivado da estrutura molecular da nandrolona que tem forte ligação com receptores androgênicos, segundo descreve o estudo “Efeitos colaterais associados ao uso do acetato de trembolona em praticantes de musculação”:
“O acetato de trembolona possibilita um aumento muscular e de força satisfatórios, através do aumento da síntese proteica (…) que aumenta a massa corporal enquanto elimina o excesso de gordura corporal. No entanto, os efeitos negativos podem apresentar-se na mesma intensidade em quem o utiliza.”
Saiba mais sobre essas reações adversas a seguir.
Quais os riscos da trembolona?
É preocupante a popularidade da trembolona entre amadores e atletas profissionais, como fisiculturistas.
Isso porque a substância apresenta risco de efeitos colaterais graves.
Principalmente para pessoas que tenham problemas cardiovasculares como hipertensão arterial sistêmica (HAS), doenças no fígado ou nos rins, que podem ser agravadas.
O anabolizante ainda é capaz de desencadear distúrbios psíquicos, hormonais e dermatológicos.
Confira uma lista com reações adversas comuns:
- Insônia
- Suor noturno
- Diminuição da libido (desejo sexual)
- Agressividade
- Ansiedade
- Depressão
- Dor de cabeça
- Pressão alta
- Complicações cardiovasculares
- Acne severa
- Queda de cabelo
- Ginecomastia (crescimento das mamas em homens)
- Comprometimento das funções do fígado e rins, devido à toxicidade para esses órgãos.
A intensidade e duração dos efeitos depende da dose, condição clínica e predisposição genética de cada indivíduo.
Outro fator que interfere nesse cenário é o tipo de droga consumida, uma vez que a trembolona tem apresentações distintas.
São elas:
- Acetato de trembolona (meia-vida de aproximadamente 2 dias): é a mais conhecida, com resultado mais rápido e ciclos de administração curtos. A tendência é que as reações adversas leves cessem alguns dias após a suspensão de uso
- Enantato de trembolona (meia-vida de 4-5 dias) e hexahidrobenzilcarbonato de trembolona (meia-vida de 3-4 dias): têm ciclos mais longos e resultado prolongado, o que também estende o tempo de duração dos efeitos colaterais.
O fármaco é contraindicado em casos de hipertensão arterial, hipersensibilidade (alergia) aos componentes da fórmula e para mulheres grávidas ou amamentando.
Receita de trembolona
É necessário obter uma receita C5 para encomendar a trembolona em uma farmácia de manipulação.
Também chamada de receita de controle especial, ela é emitida em duas vias.
A primeira via fica retida na farmácia de manipulação, servindo para monitoramento por parte da Anvisa.
Já a segunda via é carimbada e devolvida ao paciente, pois contém a orientação médica necessária para a realização do tratamento.
A receita branca do tipo C5 libera a dispensação de medicamentos anabolizantes.
As regras se aplicam à lista C5 da Instrução Normativa SVS/MS nº 344/1998 (Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial).
Afinal, tanto a trembolona quanto os demais fármacos dessa classe são remédios controlados, rastreados pelas autoridades de saúde para coibir o uso abusivo.
A prescrição C5 tem validade de 30 dias e pode liberar quantidade suficiente para até 6 meses de tratamento, ou 5 ampolas, se for uma droga injetável.
Pode comprar trembolona no Brasil?
Depende da forma farmacêutica.
Atualmente, a comercialização, distribuição, fabricação, propaganda e uso da trembolona injetável são proibidos em todo o território nacional, segundo determina a Resolução 791/2021.
Já a forma para consumo por via oral pode ser encomendada em farmácias de manipulação, desde que sob prescrição médica.
No entanto, o uso dessa versão é raro, pois, como esclarece esta apresentação sobre esteroides, o produto é caro e de pouca eficácia.
Outro ponto de atenção são as regras de prescrição para esteroides no Brasil.
Através da Resolução CFM 2333/2023, o Conselho Federal de Medicina veda ao médico:
- Uso de qualquer formulação de testosterona sem a comprovação diagnóstica de sua deficiência, excetuando-se situações regulamentadas por resolução específica
- Uso de formulações de esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos com finalidade estética ou de melhora do desempenho esportivo
- Prescrição de hormônios divulgados como “bioidênticos”, em formulação “nano” ou nomenclaturas de cunho comercial e sem a devida comprovação científica de superioridade clínica para a finalidade prevista na resolução
- Prescrição de Moduladores Seletivos do Receptor Androgênico.
Lembre-se de evitar a automedicação, que coloca a saúde em perigo devido aos muitos efeitos colaterais dessa substância.
Conclusão
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