Intervalo PR: o que é, como medir e quando é considerado normal?
Identificar e avaliar o intervalo PR é indispensável para a correta interpretação do eletrocardiograma.
Afinal, trata-se de um trecho importante para a condução atrioventricular normal.
Quando alterado, sinaliza patologias como o bloqueio atrioventricular (BAVT).
Se deseja aprofundar os conhecimentos sobre o que representa o intervalo PR, suas características e como medir esse trecho, avance na leitura.
Você ainda vai ficar por dentro das vantagens do telediagnóstico para otimizar os resultados do ECG.
O que é intervalo PR?
Intervalo PR é o trecho que vai do início da onda P até o começo do QRS.
Ou seja, a parte do traçado do ECG que compreende a despolarização atrial, passagem do impulso elétrico pelo nó atrioventricular e início da despolarização ventricular (representada pelo complexo QRS).
Antes do intervalo PR, ocorre a formação do estímulo elétrico no nó sinusal e sua passagem para o átrio direito.
Durante esse trecho, o impulso se propaga pelo átrio esquerdo e nó AV.
Ali, sofre um pequeno retardo antes de seguir para as câmaras cardíacas inferiores (ventrículos).
Por fim, a corrente elétrica atrai íons de cálcio para dentro das células cardíacas, provocando a contração do miocárdio ventricular – e o envio do sangue a todo o organismo.
Quanto o ritmo é sinusal, cada ciclo ou batimento dura cerca de 0,19 segundo.
Como medir intervalo PR?
Para medir o intervalo PR corretamente, considere o trecho onde a onda P começa e vá até a onda Q – que indica o começo de QRS.
Se estiver utilizando o papel quadriculado para analisar o traçado do eletrocardiograma, normalmente o intervalo PR corresponde a 3 a 5 quadradinhos.
Desde que não haja alterações no trecho e o exame tenha sido feito em um paciente adulto jovem e saudável, com FC entre 50 e 100 bpm.
Isso porque o intervalo PR varia conforme a idade e a frequência cardíaca.
Qual é o intervalo PR normal?
De acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos, numa relação atrioventricular (AV) normal:
“O período do início da onda P ao início do QRS determina o intervalo PR, tempo em que ocorre a ativação atrial e o retardo fisiológico na junção atrioventricular (AV), cuja duração é de 0,12s a 0,20s”.
Outras características do ECG em ritmo sinusal são:
- Batimentos formados pela sequência onda P, complexo QRS e onda T
- Surgimento da onda P no nó sinusal
- Onda P arredondada e suave, durando menos de 0,10 segundo (2,5 mm) e com voltagem máxima de 0,25 mV
- Onda Q negativa, com menos de 0,04 segundo de duração e 2 mm de profundidade
- Complexo QRS composto por três ondas, uma positiva (R) e duas negativas (Q e S), com duração total de 0,06 a 0,10 segundo
- Onda T assimétrica, com amplitude máxima inferior a 15 mm nas derivações precordiais, e menor que 5 mm nas derivações periféricas.
Vale também conhecer os parâmetros do intervalo PR curto e aumentado.
Intervalo PR curto
É caracterizado por um período menor que 0,12 segundo entre o início da onda P e do complexo QRS.
Intervalo PR aumentado
Nesse caso, há um prolongamento do trecho, que fica maior que 0,2 segundo.
Geralmente, o intervalo PR aumentado resulta de bloqueio AV de primeiro grau.
Já o aumento progressivo sinaliza bloqueio AV de segundo grau tipo I (Mobitz I), e o bloqueio repentino da onda P caracteriza bloqueio AV de segundo grau tipo II (Mobitz II).
Sintomas de intervalo PR curto
O intervalo PR curto pode ser reflexo de diferentes anormalidades, tais como ritmo atrial ectópico ou juncional.
Porém, uma das mais comuns é a síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW).
A apresentação clássica do WPW no ECG é possuir um intervalo PR curto e onda delta, conforme imagem abaixo.
Ainda sobre o WPW, conforme publicação do Núcleo de Telessaúde HC UFMG, tem como manifestações clínicas:
- Sudorese
- Dor no peito
- Dor de cabeça
- Dispneia
- Letargia
- Sensação de desmaio
- Perda de apetite
- Palpitações rápidas e visíveis no tórax.
Reforçando os achados eletrocardiográficos ho WPW no ECG, o intervalo PR deve ser menor do que 120 ms nos adultos ou 90 ms nas crianças, o ECG para esses casos ainda apresenta QRS alargado, com empastamento em sua porção inicial (onda delta) e porção final normal.
Também surgem alterações secundárias do ST-T, geralmente opostas à polaridade da onda delta.
Intervalo PR curto é grave?
Nem sempre. Algumas vezes, o PR curto está associado a alterações sem significado clínico e inespecíficas.
Daí a necessidade de avaliar todos os pontos do ECG e combinar os achados com o exame clínico para formular o diagnóstico.
Ainda que o paciente tenha WPW, há quadros de menor e maior gravidade.
Tratamento para pacientes com intervalo PR curto
Quando possível, o tratamento mais indicado para a síndrome WPW é a ablação por cateter.
O tratamento farmacológico também pode ser útil, utilizando antiarrítmicos como a adenosina para diminuir os episódios de taquicardia e os sintomas.
Por consequência, reduzir o risco de eventos críticos como a morte súbita.
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Conclusão
Abordei ao longo deste texto as características do intervalo PR normal e anomalias de interesse na avaliação do eletrocardiograma.
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