Conheça as principais doenças virais e previna além do coronavírus
Por conta das consequências e da complexidade da pandemia da COVID-19, vivemos em uma época em que as doenças virais estão em grande evidência.
Entender como os vírus se comportam e os desafios relacionados ao seu combate são noções indispensáveis para conscientizar as pessoas a respeito da seriedade das medidas adotadas para o controle da atual crise sanitária e de saúde.
Além disso, também é fundamental ter em mente que os agentes virais são complexos e têm ações diversas, o que faz com que não exista um único tratamento para as suas diferentes manifestações.
Para esclarecer o tema e as questões que ele impulsiona na área da saúde, preparei este artigo com informações gerais sobre as doenças virais.
A seguir, entenda seu conceito, diferenças em relação às patologias bacterianas, modos de ação e principais quadros.
O que são doenças virais?
As doenças virais são aquelas provocadas pela ação dos vírus. Elas podem se manifestar de diferentes maneiras e comprometer qualquer órgão ou tecido do organismo, a depender de cada caso.
Esses agentes infecciosos são microscópicos e compostos basicamente por um segmento de material genético, como RNA ou DNA, que é envolto em uma camada de proteína.
A multiplicação dos vírus depende exclusivamente de sua presença em um hospedeiro. Ou seja, eles invadem as células e as utilizam para se reproduzir. No processo, eles danificam ou até destroem as estruturas celulares, causando os problemas relacionados às patologias.
Qual é a diferença entre doenças virais e bacterianas?
É comum que as doenças virais sejam confundidas com as bacterianas, muito por conta das características infecciosas que ambas possuem.
Contudo, existem diferenças marcantes, que vão desde os meios com que vírus e bactérias geram patologias, até seus modos de transmissão e tratamento.
Em primeiro lugar, os agentes bacterianos são autossuficientes. Eles se baseiam em uma única célula com genoma e estruturas capazes de sintetizar proteínas, sendo que sua reprodução pode ocorrer a partir do seu próprio metabolismo.
Já os vírus, como mencionado anteriormente, consistem apenas em uma capa de proteína com genoma. Ou seja, eles dependem diretamente de seus hospedeiros para viver e se reproduzir.
Mesmo que as bactérias provoquem reações parecidas com as dos vírus, multiplicando-se dentro do organismo humano e gerando reações do sistema imune, os agentes virais são mais sujeitos a mutações, o que dificulta o seu controle.
Basicamente, a mutação ocorre porque o vírus duplica o DNA ou o RNA durante sua reprodução. Em alguns casos, há um erro natural em que a nova sequência sai diferente da original. Às vezes, isso elimina o genoma, mas em muitas situações o resultado pode ser benéfico para o vírus, que ganha mais condições de superar as defesas do organismo.
Por sua vez, as bactérias têm apenas DNA no seu material genético, que é mais estável do que o RNA. Assim, sua frequência de mutações é significativamente menor, o que facilita seu combate.
Mesmo que as doenças virais sejam bastante diferentes das bacterianas, os primeiros sintomas são parecidos e muitas vezes geram confusões entre os pacientes.
Entre esses sintomas, que são provocados por reações do corpo ao tentar eliminar esses agentes infecciosos, os principais estão:
- Febre;
- Tosses;
- Inflamações;
- Espirros;
- Fadiga,.
E como os tratamentos se diferenciam das doenças virais?
Com as diferenças mencionadas acima, é evidente que as doenças virais e bacterianas possuem métodos próprios de tratamento.
Desde o século 20, o enfrentamento de epidemias de bactérias se tornou possível graças à difusão do saneamento básico e pela invenção dos antibióticos.
Os processos celulares das bactérias geralmente são muito parecidos entre si, o que permite aos medicamentos antibióticos atuarem contra uma gama muito extensa de microrganismos.
Evidentemente, isso também pode gerar problemas. Cada vez mais, os agentes bacterianos têm criado resistência aos remédios, fazendo surgir as chamadas “superbactérias”.
Contudo, o combate aos vírus segue sendo o mais complexo, inicialmente porque eles são transmitidos com muito mais facilidade por meio de espirros e contato. Enquanto as bactérias dependem de condições mais específicas que podem ser controladas com saneamento. Mas os motivos vão além.
Nas doenças virais, a variação genética é muito maior, e muitas vezes uma única substância não é o suficiente para barrar seu processo de multiplicação.
Geralmente, diversos remédios precisam ser combinados em “coquetéis”. Além disso, antivirais que servem para determinados casos às vezes são ineficientes em patologias parecidas.
Por exemplo, doenças virais como dengue, zika e chikungunya são bastante semelhantes, principalmente em seus sintomas. Apesar de análogos, cada vírus possui características próprias, inclusive com o mesmo agente infectante gerando quadros diversos em pessoas diferentes.
Com isso, é muito mais difícil determinar os medicamentos certos para o seu tratamento. Por esse fator, as pandemias virais são combatidas com foco na vacinação, que atua apenas de maneira preventiva.
As vacinas também podem perder sua eficácia de acordo com as mutações dos vírus, e seu processo de desenvolvimento pode ser desafiador em períodos pandêmicos (a exemplo do que ocorre no atual surto de COVID-19). Por isso, os vírus ainda geram alguns dos maiores desafios da medicina moderna.
Como um vírus pode causar doenças?
Quando estão dentro das células, eles liberam o seu DNA ou o RNA para que se misture com o material genético do organismo invadido.
Dessa maneira, as estruturas celulares recebem novas instruções, vindas dos genes virais, para que reproduzam as proteínas do próprio vírus.
A partir disso, o agente viral começa a produzir milhares de cópias de si mesmo, utilizando as organelas da própria célula invadida para isso.
Como resposta, o sistema imunológico identifica a célula comprometida e a destrói, para impedir que ela continue multiplicando o vírus.
Porém, quando milhares de células são infectadas, os ataques do sistema imunológico passam a prejudicar o organismo, liberando grandes quantidades de hormônios, enzimas, citocinas, entre outras substâncias.
Normalmente, os sintomas de uma doença viral são provocados justamente por essa resposta imune, somada às alterações celulares geradas pelo vírus.
Além disso, problemas típicos de viroses, como o mal-estar, febre, cansaço, dor no corpo e calafrios, são gerados pelo interferon.
Trata-se de uma substância benéfica, que é produzida pelo sistema imunológico para combater os invasores e também para emitir um aviso às outras células sobre o vírus, que se tornam mais resistentes à sua ação.
Ou seja, parte da complexidade das doenças virais não se dá apenas pelos meios de ação e reprodução dos agentes invasores, mas também pelas respostas do organismo durante o seu combate, que apesar de necessárias, podem comprometer ainda mais a pessoa acometida.
Doenças virais que merecem atenção especial
Com todos os pontos destacados até aqui, é fácil perceber que as doenças virais são diversas e podem se manifestar de diferentes maneiras, mesmo quando os sintomas são parecidos entre si.
Para elucidar melhor essa gama tão ampla de patologias, confira abaixo uma lista com as principais delas, seus sintomas mais marcantes e métodos de tratamento:
AIDS
Trata-se de uma patologia gerada pelo HIV, que é sexualmente transmissível e acarreta o comprometimento do sistema imunológico.
Inicialmente, a AIDS pode ser assintomática ou gerar sintomas parecidos com os da gripe. Em estágios mais avançados provoca perda de peso, infecções recorrentes, excesso de fadiga e outras condições parecidas.
Apesar de não existir cura para essa doença viral, o uso estrito de coquetéis antivirais podem mantê-la sob controle, retardando sua progressão e prevenindo complicações ou infecções secundárias.
Catapora
É desencadeada pelo vírus Varicella-zoster, gerando sintomas característicos de febre e erupções na pele. Ela pode ser prevenida através da vacinação e seu tratamento é focado apenas no alívio dos sintomas, com exceção dos grupos de risco que podem receber antivirais.
Caxumba
A caxumba é provocada pelo vírus da parotidite e gera sintomas como febre e inchaço das glândulas parótidas. Seu tratamento também é voltado ao alívio dos sintomas e demanda o isolamento do paciente. Pode ser prevenida pela vacina tríplice viral.
Citomegalovirose
Gerada pelo citomegalovírus, a doença normalmente provoca febre e aumento dos gânglios. Normalmente, não é possível remover o vírus do organismo, mas crianças e adultos dispensam tratamento.
Recém-nascidos e pessoas com baixa imunidade podem receber tratamento para sintomas como pneumonia. Além disso, seu avanço pode ser controlado com o uso de antivirais, a depender do caso.
Conjuntivite viral
Os sintomas da conjuntivite viral incluem coceira nos olhos, vermelhidão e lacrimejamento. Normalmente é gerada pelo adenovírus e não conta com tratamento específico, sendo amenizada com compressas nas pálpebras, colírios lubrificantes e soro fisiológico.
COVID-19
A COVID-19, em ampla evidência mundial, é causada pelo vírus SARS-CoV-2. Os sintomas incluem fadiga, febre, tosse, falta de ar, dor de garganta e raros problemas intestinais.
Seu tratamento ainda é limitado ao controle dos sintomas durante o ciclo da doença, com necessidade de intubação em quadros graves.
Diversas vacinas já foram testadas e estão em circulação, mas o acesso ainda é relativamente limitado e exige maiores esforços governamentais a fim de reduzir os impactos da patologia na população. Há ainda o surgimento de diversas novas variantes, que tornam mais desafiador o seu combate.
Dengue
É transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, que porta em si o vírus da dengue, e gera sintomas como dores no corpo, febre e dor nos olhos. Também não possui tratamento específico e as intervenções consistem no controle da dor por meio de analgésicos.
Aos pacientes, é recomendado ingerir bastante líquidos. Casos mais severos exigem hospitalização.
Ebola
Também conhecida como febre hemorrágica ebola, é uma doença extremamente contagiosa e gerada por um vírus da família Filoviridae.
Os sintomas incluem febre, dor muscular, vômitos, cansaço, conjuntivite, erupções cutâneas, insuficiência renal, entre outros severos. O mais grave deles é a hemorragia, que pode ser interna ou externa, atingindo mucosas, intestino ou útero. Urina e fezes do paciente também podem apresentar sangue.
Não há cura e nem vacinação contra essa doença viral. Apenas é possível dar suporte para o paciente, com controle dos níveis de oxigenação sanguínea e da pressão, bem como a reposição de eletrólitos e fluidos, além do tratamento de infecções.
Febre amarela
Também é transmitida pelos vírus da família Flaviviridae, que tem como principais vetores certos tipos de mosquitos. Gera calafrios, dores corporais e febre. Não possui tratamento específico, sendo que as intervenções são voltadas ao controle dos sintomas e de agravamentos, via reidratação e medicamentos anti-inflamatórios.
Febre chicungunha
Semelhante à Dengue, também é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. É provocada pelo vírus Chikungunya, gera febre e dores pelo corpo e não tem tratamento específico, sendo que os sintomas são combatidos pela reidratação do paciente e medicamentos analgésicos.
Gastroenterite é doença viral
Pode ser gerada por diferentes tipos de vírus, como Norovírus, Adenovírus entérico, Rotavírus e Astrovírus. Seus sintomas incluem vômitos e diarreia. Além da reidratação, o tratamento inclui medicamentos antieméticos e inibidor da bomba de prótons.
Gripe
As gripes são amplamente conhecidas, geram sintomas do trato respiratório e podem ser provocadas pelos vírus Influenza, como o H1N1 (da gripe A), H5N1 (gripe aviária), entre muitos outros.
Pode ser prevenida pela vacinação e o tratamento se baseia em repouso e ingestão de líquidos. A depender do caso, pode exigir medicamentos como anti-histamínicos, anti-inflamatórios e analgésicos.
Hepatite viral
A hepatite viral também pode ser ocasionada por diferentes tipos de vírus, que geram quadros como hepatite A, hepatite B ou hepatite C.
Alguns casos não têm sintomas, enquanto outros geram náuseas, febre, fadiga e olhos ou pele amarelados. Casos leves de hepatite A e B podem desaparecer sozinhos. Nas demais situações, é normal o uso de antivirais.
Herpes genital
Trata-se de uma DTS provocada pelo vírus herpes simples 2, que desencadeia úlceras genitais. Não possui cura, mas seus surtos podem ser evitados por meio de cuidados individuais, que incluem o uso de medicamentos antivirais.
Herpes labial
Já a herpes labial gera feridas nos lábios e é provocada pelo vírus herpes simples 1. Também não pode ser eliminada do organismo, mas medicamentos locais podem acelerar sua cicatrização e antivirais diminuem sua reincidência.
Herpes zoster
Por sua vez, a herpes zoster desencadeia vesículas bastante dolorosas na pele e é provocada pelo vírus Varicella-zoster.
Possui vacina própria e também é evitada pela vacinação contra catapora. O tratamento visa limitar sua extensão, duração e agravamentos, com o uso de antivirais e analgésicos.
HPV
O HPV gera verrugas corporais e genitais. É causada pelo papilomavírus humano e não possui tratamento próprio ou cura. As verrugas podem desaparecer sozinhas, mas podem ser tratadas de maneira individualizada em casos mais severos. Também é possível prevenir certos tipos de HPV através da vacinação.
Mononucleose infecciosa
A mononucleose infecciosa é desencadeada pelo vírus Epstein-Barr. Seus sintomas incluem febre, dores de garganta e aumento dos gânglios. Seu tratamento também é paliativo, o que inclui hidratação, repouso, analgésicos e anti-inflamatórios.
Poliomielite
Gerada pelo poliovírus, ela pode comprometer o sistema nervoso e gerar paralisias. Trata-se de uma patologia severa, que não possui tratamento específico e que deve ser prevenida pela vacinação. Suas intervenções incluem o uso de analgésicos e repouso.
Pneumonia viral
Pneumonias virais geram quadros de infecção pulmonar e sintomas relacionados. Podem ser provocadas por diversos vírus, como Adenovírus, Influenza, Parainfluenza, Coronavírus, Hantavírus, entre outros.
O tratamento pode variar de acordo com o agente infeccioso, mas geralmente inclui repouso, hidratação e dieta leve.
Raiva humana
Trata-se de uma doença de alta mortalidade e que gera séria lesão no sistema nervoso central. É transmitida pela mordida de animais portadores do vírus da raiva.
O tratamento precisa ser imediato, e consiste no uso de remédios como Amantadina e Biopterina, além de substâncias complementares contra complicações. Quanto mais tarde for a intervenção, maiores são as chances de fatalidade.
Resfriado
Assim como a gripe, gera sintomas do trato respiratório. Os resfriados são causados por diversos vírus, como Adenovírus, Parainfluenza, Coronavírus e Rinovírus. Geralmente é uma doença leve, que se recupera sozinha ou com o apoio de descongestionantes e anti-inflamatórios.
Rubéola
Gera erupções na pele e febre. É transmitida por gotículas respiratórias, pelo vírus do gênero Rubivirus, o vírus Rubella.
O tratamento pode variar de acordo com o paciente, mas vale destacar que se trata de uma patologia erradicada no Brasil. Todas as crianças precisam ser vacinadas com a vacina MMR para evitar seu ressurgimento.
Sarampo
É provocada pelo vírus do sarampo, que pertence à família Paramyxoviridae. Gera erupções cutâneas e febre.
Síndrome mão-pé-boca
Trata-se de uma infecção contagiosa comum em crianças. Ela gera feridas na boca e erupções nos pés e nas mãos. O vírus desaparece sozinho depois de 10 dias, mas os sintomas podem ser aliviados com analgésicos.
Varíola
Também se trata de uma doença erradicada (desde a década de 1970) e que não possui tratamento específico. Sua vacinação é imprescindível entre a população, já que o Orthopoxvirus variolae é altamente contagioso.
Zika
A infecção por Zika vírus pode ser assintomática em muitos casos, mas gera defeitos congênitos quando presente em gestantes ou quadros de paralisia em situações mais severas.
Não há vacina e nem tratamento específico para a doença. Seus sintomas podem ser aliviados com repouso, hidratação e paracetamol contra dores e febre.
A importância da Telemedicina contra doenças virais
Com algumas exceções, as doenças virais geralmente são extremamente infecciosas e exigem que o paciente seja mantido em isolamento até que seja curado.
Além disso, muitas dessas condições não possuem uma cura específica. Sendo assim, demanda um contato constante junto aos médicos para que seus sintomas e complicações sejam manejados de maneira específica, evitando agravamentos.
Nessas situações, a Telemedicina pode ser um recurso valioso, já que viabiliza o uso de consultas online para que os especialistas de saúde monitorem os indivíduos acometidos de forma mais recorrente, viável, eficiente e facilitada.
Além de eliminar barreiras geográficas, evitar riscos de infecções e democratizar o acesso à medicina, a modalidade também torna mais prática a realização de exames e permite que profissionais de referência atuem junto a generalistas para garantir as melhores intervenções para cada situação.
Ainda em relação aos testes, a própria emissão de laudos remotos, atestados médicos online e prontuários em nuvem tornam mais práticas as intervenções contra doenças virais, gerando benefícios significativos para todos os envolvidos na cadeia de atendimentos.
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Conclusão
A pandemia da COVID-19 voltou as atenções do mundo inteiro para a seriedade e complexidade das doenças virais.
Por mais que façam parte do nosso dia a dia e, em diversos casos, possam ser prevenidas com a vacinação, muitas pessoas ainda não tinham se dado conta do seu alto poder de mutação, das dificuldades que isso gera no seu tratamento e nas fatalidades que esses quadros podem ocasionar.
Cada vez mais, a Telemedicina se destaca como um importante recurso de tratamento, que permite uma atenção constante e personalidade em saúde, mas que elimina significativamente os riscos de infecção.
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