Como a teleassistência ajuda na desospitalização de pacientes?

Por Dr. José Aldair Morsch, 9 de março de 2021
Teleassistência: como esse recurso ajuda na desospitalização?

A teleassistência é uma área da Telemedicina que já ganhava cada vez mais adeptos ao redor do mundo. Porém, teve sua adesão acelerada por conta da pandemia da COVID-19.

Sua finalidade é garantir assistência ou monitoramento contínuo para pacientes idosos, com patologias crônicas ou em outras condições que exijam atenção integral em saúde.

Mais que prestar o devido acompanhamento ou intervenções imediatas para casos especiais, os benefícios garantidos na área contribuem especialmente para a desospitalização e para a redução nas filas de espera ou internações. 

Não é exagero afirmar que a teleassistência está entre as tendências médicas que mais crescem no planeta. 

Nesse sentido, é fundamental conhecer suas principais características, impactos, benefícios e recomendações.

Pensando nisso, preparei este artigo com algumas das informações mais importantes sobre o assunto!

O que é teleassistência e qual a sua importância para a área da Saúde?

Inventada nos Estados Unidos, a teleassistência surgiu nos anos 80, a fim de desafogar os atendimentos prestados em hospitais e de garantir a segurança e autonomia dos idosos em casa.

No Brasil, a modalidade começou a ser utilizada a partir dos anos 2000, e foi impulsionada principalmente pelo aumento da expectativa de vida da população e pelo número crescente de idosos morando sozinhos, de forma mais autônoma e ativa.

A teleassistência pode ser descrita como um tipo de atendimento assistencial à distância, em que os pacientes são monitorados remotamente por um profissional de saúde, que por sua vez também conta com o apoio de outros especialistas remotos.

Seu principal objetivo é prestar a devida atenção aos indivíduos que sofreram com alguma emergência, ou que precisam de auxílio imediato em casos de agravos de sintomas, dúvidas sobre quadros de saúde, entre outras situações semelhantes.

Contudo, vale destacar que quando os atendimentos são necessários, eles não são prestados pelo serviço de teleassistência em si. Nessas situações, ele apenas presta orientações iniciais e executa procedimentos de encaminhamento para viabilizar a assistência do paciente, seja ela presencial ou via teleconsulta.

Por mais que tenha sido idealizada inicialmente para a assistência de idosos que moram sozinhos ou que precisam de acompanhamento contínuo, a modalidade atualmente é utilizada em uma série de outras situações.

Entre os casos em que a atenção garantida pela teleassistência também é indicada, estão:

  • Gestantes;
  • Pós-operados;
  • Deficientes físicos;
  • Portadores de doenças crônicas;
  • Assim como outros pacientes que necessitam de zelo contínuo.

No próximo item, explicarei melhor como a área cresceu e se desenvolveu no Brasil.

Quando a teleassistência se tornou uma alternativa no Brasil?

O primeiro registro da teleassistência no Brasil como alternativa de atenção à saúde para a população é de 2005.

Trata-se da Rede de Teleassistência de Minas Gerais, que atende cerca de 780 municípios até os dias de hoje, como forma de reforço ao sistema público de saúde.

Por meio de avançadas tecnologias de comunicação e informação, o serviço oferece suporte ao SUS. Dessa forma, presta auxílio às assistências e atendimentos prestados nos quatro cantos do estado mineiro.

Financiada pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, a rede permite que os médicos interagem à distância com especialistas das universidades públicas de:

  • UFMG;
  • UFU;
  • UFTM;
  • UFJF;
  • Unimontes;
  • UFVJM;
  • UFSJ.

O principal objetivo desse serviço de teleassistência é garantir o devido amparo aos pacientes e facilitar seu acesso a uma atenção de excelência em saúde. Além da ampliação dos conhecimentos e compartilhamentos entre profissionais e especialistas médicos.

Para isso, o HC-UFMG atua com uma central de gestores e profissionais de saúde e informática, que desempenham ações alinhadas com as políticas públicas em âmbito nacional, estadual e municipal.

Quando o paciente assistido precisa de auxílio ou atendimento, os profissionais de saúde podem solicitar segunda opinião clínica via teleconsultoria para ampliar a especialidade e a eficiência das assistências.

Além disso, exames de imagem podem ser enviados online para análise e parecer dos especialistas, que encaminham suas opiniões em laudos no mesmo dia às unidades de saúde.

Em casos emergenciais, os diagnósticos podem ser enviados à distância em poucos minutos. No caso das teleconsultorias, as orientações são encaminhadas em até 1 dia pelos plantonistas dos hospitais universitários.

E como esses avanços influenciam a teleassistência atualmente?

Com o sucesso da Rede de Teleassistência de Minas Gerais, ações semelhantes passaram a ser difundidas em todo o país.

Inclusive, em alinhamento às principais tendências e avanços mundiais em saúde, a modalidade já é amplamente explorada pela rede privada e ganha cada vez mais espaço na medicina assistencial. Assim, tornando-se indispensável para as redes e unidades de atendimento.

Quando a teleassistência se tornou uma alternativa no Brasil?

Recentemente, com a chegada da pandemia da COVID-19, os benefícios da teleassistência passaram a ser ainda mais valorizados e difundidos.

Para se ter uma ideia, empresas de monitoramento assistencial chegaram a registrar um crescimento de 286% na busca por serviços de teleassistência em 2020.

Isso só comprova como a modalidade é importante para o acompanhamento e atendimento da população, que pode beneficiar-se da assistência remota tanto em situações corriqueiras (para facilitar o acesso à saúde em áreas remotas ou sem especialistas), como em cenários de calamidade (como a atual pandemia).  

No item seguinte, me aprofundarei sobre a importância da prática no contexto pandêmico e sobre as vantagens que ela oferece para minimizar as deficiências do sistema de saúde durante o combate da COVID-19.

A evolução da teleassistência durante a pandemia

A pandemia da COVID-19 que se alastrou ao redor do mundo ainda gera sérias preocupações entre especialistas de saúde e toda a população.

Nesse contexto, as atenções passaram a ser redobradas para a assistência de idosos, portadores de comorbidades e indivíduos em condições especiais de saúde.

Assim, o acompanhamento e os atendimentos prestados aos grupos de risco se tornaram ainda mais desafiadores no cenário de isolamento social.

Como parâmetro, mais de 28 milhões de pessoas têm idade acima de 60 anos (que é o grupo mais ameaçado pela COVID-19), o que representa 13% de toda a população brasileira, segundo o IBGE.

Desafios e ações da teleassistência

O principal desafio é garantir a devida atenção à saúde para essas pessoas, mas sem que elas se exponham aos riscos de infecção ou gerem ainda mais filas nas unidades de atendimento.

Dessa maneira, a teleassistência passou a ser empregada para otimizar o uso de leitos hospitalares e acompanhar indivíduos em situação de risco.

Entre as principais ações realizadas, está o monitoramento de pacientes idosos que tenham tido algum tipo de contato com indivíduos infectados ou que já foram diagnosticados com a COVID-19, mas que ainda não apresentaram complicações sérias.

Desse modo, a teleassistência garante auxílio imediato caso o paciente em questão tenha sua situação agravada ou dúvidas relacionadas aos sintomas da doença.

Inclusive, o recurso ajuda a combater a solidão dos idosos durante o isolamento, que passam a se sentir mais assistidos e seguros durante o período em que estão sozinhos em suas casas.

Para isso, a ferramenta mais comum é o uso de um botão emergencial, que pode ser utilizado como equipamento portátil (em forma de pulseira, chaveiro ou colar) ou ainda ser acionado via dispositivo móvel (celular, tablet, smartphone ou notebook).

Sempre que a pessoa precisar de assistência, basta acionar o botão para ser direcionado a uma central de emergências. A partir disso, o paciente conta com profissionais qualificados para fazer sua triagem e encaminhá-lo ao devido atendimento (inclusive acionando uma ambulância quando necessário).

Dessa maneira, as pessoas só se deslocam às unidades de saúde quando realmente precisam, desafogando filas e leitos, preservando seus cuidados contra contaminações e garantindo um acompanhamento de excelência mesmo em isolamento social!

O papel da tecnologia na democratização do atendimento remoto

Em relação ao botão de assistência que mencionei logo acima, ele se trata de uma tecnologia operada por sistema responsivo de emergência pessoal, chamado de PERS.

Ou seja, assim que o paciente pressiona o PERS, o equipamento liga automaticamente para uma central com atendentes, que estão disponíveis 24 horas por dia.

Dependendo do aparelho, a ligação também pode ser direcionada a familiares ou responsáveis.

Quando a central recebe o chamado, uma equipe qualificada executa um plano de ação, que pode ir desde uma teleconsulta, até a triagem e encaminhamento à unidade de saúde, solicitação de serviço de remoção, assistência emergencial, plano de saúde, e assim por diante.

Esse tipo de tecnologia é só um exemplo entre as diversas possibilidades oferecidas pela teleassistência.

Entre as inovações que favorecem a área, ainda poderiam ser mencionados:

  • Os aparelhos conectados e recursos de comunicação para os telelaudos;
  • Sistemas de triagem e gestão de fluxo de pacientes;
  • Plataformas de teleconsultas;
  • Equipamentos de telemonitoramento;
  • Softwares de comunicação para teleinterconsultas com busca de segunda opinião clínica;
  • Entre muitas outras.

Com o rápido avanço e popularização tecnológica, essas ferramentas estão se tornando cada vez mais difundidas e acessíveis para médicos e pacientes.

Isso significa que, se antes a teleassistência era vista como uma possibilidade futura ou restrita a poucas pessoas, atualmente ela já é muito democrática e pode ser utilizada por qualquer perfil de paciente.

Por ampliar o acesso à medicina, atingir até as áreas mais remotas e baratear os atendimentos, toda a população é beneficiada, tendo acesso fácil e prático a um acompanhamento de excelência em saúde.

Quais são as possibilidades de uso da teleassistência?

Quais são as possibilidades de uso da teleassistência?

Muito além das possibilidades que destaquei até aqui, a área da teleassistência ainda atua em frentes muito relevantes para a qualidade e democratização da saúde.

As principais delas são:

Educação em saúde

Nos serviços de teleassistência, os profissionais de saúde responsáveis pelos pacientes contam com o apoio contínuo de especialistas médicos das mais diversas áreas.

Além de agregar mais qualidade para as orientações e atendimentos, isso permite que os profissionais ampliem seus conhecimentos clínicos, tenham acesso à segunda opinião médica e recebam orientações especializadas constantes.

Durante esse processo, a educação em saúde é favorecida, uma vez que a troca de informações é constante e possível sempre que necessário.

Ou seja, na mesma medida em que os profissionais melhoram a qualidade dos atendimentos por meio da assistência de especialistas, eles também podem ampliar seus conhecimentos e qualificação.

No lado dos pacientes, a teleassistência permite contato imediato sempre que surgirem dúvidas ou a necessidade de orientações (das mais básicas às mais urgentes).

Dessa maneira, até os indivíduos atendidos ampliam seus entendimentos sobre suas condições e têm mais domínio e tranquilidade a respeito de seus quadros de saúde.

Monitoramento remoto

Um dos segmentos mais importantes da teleassistência é o monitoramento remoto, conhecido na Telemedicina como telemonitoramento.

Nele, como o próprio nome indica, os pacientes não contam apenas com assistência contínua, como também têm suas condições de saúde constantemente monitoradas.

Para isso, aparelhos diagnósticos são acoplados no corpo do indivíduo e enviam dados sobre suas condições constantemente para o acompanhamento dos especialistas.

Mais que auxiliar as evoluções ou mesmo os diagnósticos, isso permite que intervenções imediatas sejam tomadas sempre que uma alteração for detectada.

Como na teleassistência emergencial, um profissional de saúde mais próximo do paciente lida com o contato junto ao indivíduo e cuida do processo de monitoramento.

Já as orientações e atendimentos também são guiadas por especialistas remotos, de modo a enriquecer ainda mais a experiência e a qualidade em saúde oferecida às pessoas atendidas!

Como a assistência remota ajuda na liberação de leitos hospitalares?

Como já destaquei no item sobre a teleassistência contra a COVID-19, a modalidade é imprescindível principalmente para reduzir filas e a ocupação de leitos hospitalares.  

No caso da COVID-19, a assistência contínua e imediata garante que os pacientes preservem suas condições de saúde para que sequer tenham que comparecer nos postos de atendimento.

Contudo, quando o comparecimento for necessário, a devida triagem é feita previamente e o encaminhamento é mais preciso, otimizando assim os fluxos dos hospitais ou clínicas.

Além disso, no contexto de isolamento social, os acidentes domésticos cresceram significativamente. Principalmente pelo maior tempo que os pacientes passam em casa e pela recomendação de que cuidadores ou familiares não tenham acesso constante aos indivíduos (para evitar contaminações).

Para se ter uma noção, cerca de 80% dos chamados de teleassistência são ocasionados por quedas nas próprias residências dos idosos.

Quando as orientações são constantes e os conhecimentos sobre segurança e saúde devidamente difundidos, os pacientes tendem a se colocar menos em situações de risco.

Além disso, em casos menos extremos, problemas simples de saúde podem ser resolvidos por meio da própria teleassistência. Ou, até mesmo, sem a necessidade de encaminhamento a especialistas.

Assim, em poucas palavras, a assistência remota evita agravos de saúde e garante que as pessoas busquem por atendimento presencial apenas quando estritamente necessário.

O resultado são menores filas nas unidades de saúde e leitos mais disponíveis para aqueles que realmente precisam.

A teleassistência e a atenção especializada em regiões remotas

Você se lembra da Rede de Teleassistência de Minas Gerais que mencionei anteriormente? Alguns de seus resultados são perfeitos para evidenciar como a assistência remota amplia o acesso à saúde (como também já destaquei acima).

No estado, a política pública de assistência à distância já garante cobertura especializada de mais de 70% do território mineiro.

Mais que uma opção democrática e acessível, a teleassistência também se mostrou muito vantajosa para os pacientes. Uma vez que, 95% das pessoas atendidas indicaram estar satisfeitas ou muito satisfeitas com o sistema adotado.

Com todos os pontos que mencionei ao longo do artigo, é fácil perceber como a assistência à distância, assim como a Telemedicina em geral, favorece as pessoas sem o devido acesso à saúde ou distantes dos grandes centros especializados.

Isso porque, graças às tecnologias de comunicação e informação adotadas na área, barreiras geográficas deixam de ser um impedimento para que a população tenha acesso a especialistas de ponta e aos cuidados que precisam.

Se levarmos em consideração o tamanho do Brasil e a falta de estrutura presencial que afeta grande parte do país, a teleassistência se destaca como uma alternativa viável e muito vantajosa para que a medicina seja mais igualitária e difundida para todos!

Quais são os benefícios da teleassistência na área da Saúde

Para reforçar os benefícios da teleassistência que evidenciei durante o artigo, os resumo em 3 pontos principais:

  1. Melhoria do acesso à atenção à saúde, com a eliminação de barreiras geográficas e atendimento especializado para pessoas em regiões remotas, em áreas sem acesso a especialistas ou indivíduos que precisam de assistência integral e contato contínuo para assistência;
  2. Compartilhamento das inovações e avanços da medicina, graças ao uso da tecnologia em prol de um contato mais imediato e constante com os pacientes, que podem usufruir de atendimentos e intervenções especializadas e de ponta mesmo à distância;
  3. Redução dos custos assistenciais, já os encaminhamentos desnecessários são reduzidos, as filas e leitos desafogados, bem como os gastos com infraestrutura diminuídos, tudo sem abrir mão da máxima atenção e qualidade em saúde.

Como a Telemedicina Morsch pode ajudar a teleassistência?

Desde 2005, a Telemedicina Morsch é referência em saúde remota e oferece uma plataforma completa para que médicos e pacientes desfrutem de uma medicina mais viável, acessível e vantajosa.

Com total segurança dos dados e tecnologias de ponta para os mais diversos serviços assistenciais. Ainda oferecemos soluções de telediagnósticos com:

  • Laudos à distância;
  • Prontuários em nuvem com assinatura digital;
  • Além da própria teleassistência com possibilidades de telemonitoramento e teleconsultas.

Se você quer ter acesso ao que há de melhor em Telemedicina e descobrir as vantagens que nos destacam na área, clique aqui para falar conosco ou para realizar o seu teste grátis!

Conclusão

A teleassistência é uma modalidade da Telemedicina voltada especialmente ao auxílio imediato e monitoramento de pessoas em condições especiais de saúde, como:

  • Idosos;
  • Gestantes;
  • Portadores de patologias crônicas;
  • Entre outros casos semelhantes.

Por meio de assistências imediatas, acompanhamentos constantes, maior educação em saúde e outras possibilidades igualmente vantajosas para médicos e pacientes, a área se destaca por ampliar, facilitar e democratizar o acesso à saúde e às inovações da medicina!

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin