Tudo o que você precisa saber sobre meningite
A meningite é uma condição bastante temida entre as pessoas, mas a falta de conhecimento sobre os seus sintomas e meios de transmissão dificulta o diagnóstico precoce.
Dos 1,2 milhões de casos anuais da doença, 135 mil são fatais, segundo dados publicados pelo Ministério da Saúde. Portanto, é fundamental garantir seu tratamento o quanto antes.
A patologia aumenta constantemente no Brasil, com 97 casos a cada 100 mil habitantes. Dessa forma, de acordo com estudo da UNISANTOS, mesmo com a vacinação, não há controle efetivo dos números da doença na população do país.
Além disso, observa-se que a subnotificação dos sorotipos dificulta a compreensão da meningite no país, o que só reforça a relevância de sua ampla conscientização.
Mas afinal, o que é meningite, como ela se manifesta, quais os seus sintomas e como garantir um tratamento bem-sucedido?
Para que você fique ciente sobre as principais características e riscos da doença, preparei este artigo com informações completas sobre ela. Acompanhe.
O que é meningite?
A meningite é uma condição que provoca a inflamação das meninges, ou seja as membranas que envolvem a medula espinhal e o cérebro.
Como mencionei na introdução, a doença possui alta incidência, sendo que avalia-se o surgimento de novos casos anualmente.
Inclusive, isso faz com que o Ministério da Saúde a considere uma doença endêmica no Brasil, com a ocorrência ocasional de surtos e epidemias.
Sobretudo, o surgimento de meningite em crianças é mais comum, especialmente entre aquelas menores de cinco anos, com destaque para aquelas que ainda não completaram um ano de idade.
Contudo, a meningite em adultos também pode ocorrer em diversas situações e ser provocada por diferentes causas.
Ao longo dos próximos itens, entenda melhor quais fatores desencadeiam a patologia, o que ela causa no organismo e como combater os seus diferentes tipos de manifestação.
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O que causa a infeção meníngea?
Na grande maioria das situações, o surgimento de inflamações nas meninges ocorre por conta de uma infecção no líquido cefalorraquidiano.
Por sua vez, esse processo infeccioso é gerado por micro-organismos, como vírus, bactérias, fungos e parasitas.
Entretanto, nem sempre esses agentes causam a meningite. Isso porque, em certos casos, alguns fatores podem gerar a doença sem infecções específicas.
Nessas situações, a meninge pode ser inflamada por conta de pancadas fortes, pelo consumo de certas drogas e até pela presença de algumas patologias crônicas, como câncer ou lúpus.
A meningite tem sintomas e tratamentos que variam de acordo com as causas das inflamações. Por isso, a identificação da sua manifestação tem grande relevância.
Principais tipos de meningite
Existem diversos tipos de meningite, determinados pelos fatores causadores da doença. Confira os principais deles e algumas de suas subcategorizações mais comuns:
Meningite viral
A meningite viral é a manifestação mais comum e também menos grave da doença, que atinge as pessoas normalmente no período entre o fim do verão e o começo do outono.
Trata-se de um tipo transmissível da doença, transmitido por:
- saliva;
- vias respiratórias;
- sexualmente;
- objetos contaminados,
Um dos subtipos mais conhecidos é a meningite herpética, que ocorre como agravamento da doença viral causada pela herpes.
Outros vírus normalmente associados à meningite incluem o do sarampo, da caxumba, da coriomeningite linfocítica, adenovírus, arbovírus e enterovírus.
infeção Meníngea Bacteriana
Já as meningites bacterianas geralmente tem maior gravidade, evoluindo rapidamente e, em casos mais severos, podem ser fatais em questão de horas.
Principais causadoras da meningite aguda, as bactérias associadas à doença podem ser inúmeras, com destaque para hemófilos, meningococo, pneumococo, entre outras.
Entre as mais conhecidas, estão a Mycobacterium tuberculosis, responsável pela meningite tuberculosa, e a meningococo B, que provoca a meningite B, uma das mais letais.
Contudo, teme-se com maior intensidade a meningite meningocócica, ou meningite C, provocada pela neisseria meningitidis e pode ser disseminada facilmente entre pessoas contaminadas.
A meningite bacteriana também pode ocorrer pela evolução de infecções nos seios da face, no ouvido, bactérias na corrente sanguínea e decorrentes de procedimentos invasivos no sistema nervoso central.
Meningite fúngica
Normalmente, ela ocorre quando o sistema imune está comprometido, como nos casos de pacientes com HIV, câncer ou outras condições que exigem tratamentos imunossupressores.
A manifestação pode evoluir durante vários dias, exige um combate prolongado e pode deixar sequelas para toda a vida.
Essa meningite tem transmissão pela inalação de fungos e não pode ser passada de pessoa para pessoa.
Na maioria dos casos, ocorre a meningite criptocócica, causada por fungos do gênero Cryptococcus, que podem estar presentes no solo, em fezes de animais ou em árvores.
Como resultado, nessas situações, ocorre uma micose sistêmica, que geralmente manifesta-se como uma infecção oportunista de alta mortalidade e morbidade, mais comum nas pessoas com HIV.
Meningite parasitária
Quando a inflamação da meninge tem causa detectada por parasitas, associa-se a doença ao Angiostrongylus cantonensis, ocasionando quadros de meningite eosinofílica.
Trata-se de um microorganismo que infesta animais como camarões, caranguejos, lesmas ou o caramujo gigante africano.
Sua transmissão em humanos pode ocorrer no contato com moluscos, crustáceos ou ainda no consumo do camarão e de outras carnes de animais infectados.
A evolução desse tipo de meningite é benigna, mas pode variar bastante, durando poucos dias ou até meses, gerando dores fortes, rigidez, náuseas, confusão mental, entre outros sintomas.
Meningite asséptica
Por fim, a meningite asséptica provoca uma inflamação meníngea sem a presença de agentes infecciosos.
A causa para esse tipo de quadro ocorre devido à algumas doenças crônicas ou pelo consumo de certas drogas.
Entretanto, a mais comum é a meningite traumática, que surge após uma pancada forte que gera traumatismo, sendo mais recorrente o craniano.
Quais são os sintomas da meningite?
Na meningite, os sintomas podem variar de acordo com a faixa etária. Crianças menores de dois anos têm sinais inespecíficos, como sonolência, irritabilidade, recusa para mamar e febre.
Então, a partir dessa idade, outros indicadores aparecem, sendo que sua intensidade e ocorrência mudam conforme o tipo da doença.
Em geral, os pacientes apresentam manifestações iniciais, que incluem:
- Dor de cabeça muito intensa;
- Vômitos;
- Febre alta e repentina.
Depois, outros sintomas podem se associar ao quadro, como:
- Náuseas;
- Sensibilidade à luz;
- Confusão mental;
- Mal-estar generalizado;
- Sonolência excessiva;
- Falta de apetite;
- Manchas de meningite vermelhas na pele;
- Convulsões.
Sempre que os sinais da meningite forem percebidos, é indispensável buscar um pronto atendimento para realizar uma avaliação e ser encaminhado à consulta médica.
A meningite é contagiosa?
Como você pôde conferir no item sobre os tipos da doença, a meningite é contagiosa apenas em algumas situações.
Na manifestação fúngica, por exemplo, só adquire-se pela inalação dos micro-organismos.
Já na parasitária, transmite-se por meio da alimentação e do contato com certos animais. Por sua vez, na asséptica, essa transmissão ocorre por fatores inerentes ao organismo do próprio indivíduo.
Entretanto, fique atento às meningites virais e bacterianas, que podem sim ser passadas de uma pessoa para outra.
No caso dos vírus, os riscos têm menor intensidade, pois quando contrai-se o microrganismo de um terceiro, normalmente ele não causa inflamação da meninge, mas sim a doença associada ao agente causador.
Já as bactérias merecem mais atenção, pois possuem uma facilidade maior à transmissão, por meio de gotículas de tosse ou espirro, no beijo e até durante o uso de objetos compartilhados.
Vale ressaltar que a partilha de objetos na maioria dos casos não causa a transmissão, assim como contatos em apertos de mão e abraços. Contudo, fique sempre atento.
Como diagnosticar meningite?
Acima de tudo, lembre-se que a meningite tem sequelas caso não seja tratada adequadamente, pois a inflamação atinge o cérebro e a medula espinhal, que são áreas sensíveis.
A resposta começa na atenção aos sintomas, que devem ser investigados sob a menor suspeita. Além disso, nunca recorra à automedicação, pois o alívio imediato de certos remédios pode mascarar sinais mais severos.
Quando há suspeita da doença, alguns exames de rotina para sua investigação devem ser solicitados pelo médico. Os principais, por exemplo:
- Exame quimiocitológico do líquor;
- bacterioscopia direta do líquor;
- Cultura do líquor, sangue, fezes ou petéquias;
- Aglutinação pelo látex;
- Contra-imunoeletroforese cruzada – CIE;
Ao identificar o agente causador específico, seja no sangue ou no líquido cerebroespinhal (líquor), o especialista pode ministrar o tratamento mais adequado.
Um indicativo importante é a visualização do próprio aspecto do líquor, que em processos infecciosos se torna mais turvo por conta do aumento de elementos figurados.
Como ocorre o tratamento da inflamação das meninges?
Por ser considerada uma doença grave, a meningite tem tratamento que sempre exige internação hospitalar para os casos suspeitos.
Nas meningites bacterianas, são utilizados antibióticos hospitalares, sendo que as substâncias e as dosagens são determinadas de acordo com cada caso.
Por outro lado, as meningites virais não devem ser tratadas com antivirais. O internamento é feito com monitorização contínua e combate dos sintomas , até que ocorra recuperação espontânea.
Nessas situações, a exceção é para o vírus influenza e da herpes, que podem exigir a utilização de medicamentos antivirais específicos em alguns pacientes.
As meningites parasitárias seguem a mesma lógica, mas a atenção aos remédios para aliviar os sintomas é ainda maior, já que as dores de cabeça e a febre tendem a ser mais intensas.
Já na meningite fúngica, como já citei neste artigo, o tratamento é bem mais longo. Ele exige dosagens altas e recorrentes de antifúngicos, que também variam de acordo com o causador.
Há formas de prevenção para a meningite?
Agora que você já sabe que a meningite tem cura, também irei ressaltar a importância das suas práticas preventivas, dada a gravidade que certos quadros podem apresentar.
De forma geral, recomendam-se medidas primárias, como quimioprofilaxia e vacinação, direcionadas aos seus diferentes agentes causadores.
Segundo o Ministério da Saúde, diferentes vacinas de meningite estão disponíveis no calendário do Programa Nacional de Imunização.
Confira abaixo quais são as opções disponíveis no SUS, segundo citação do próprio órgão:
- “Vacina meningocócica conjugada sorogrupo C: protege contra a Doença Meningocócica causada pelo sorogrupo C;
- Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite;
- Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo b, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B;
- BCG: protege contra as formas graves da tuberculose.”
No caso da quimioprofilaxia medicamentosa, a indicação é para quem teve contato com pessoas acometidas pela meningite meningocócica ou por Haemophilus influenzae.
Nesse sentido, a vigilância epidemiológica local, acompanha a equipe médica responsável pela aplicação das substâncias.
Por fim, também fique atento aos métodos de prevenção contra as formas transmissíveis da patologia, evitando aglomerações, gotículas de saliva, objetos compartilhados, etc.
Conclusão
Sabendo que a meninge é uma membrana que envolve a medula espinhal e o cérebro, é fácil perceber como o avanço de qualquer inflamação nela pode ser prejudicial, já que são áreas muito sensíveis e extremamente relevantes para o organismo.
Portanto, para evitar qualquer agravamento, sequelas que podem durar toda a vida ou até a morte, é imprescindível ficar atento aos sintomas da meningite e buscar pelo pronto atendimento sob qualquer suspeita.
Dessa forma, se você gostou de conhecer a meningite em mais detalhes e quer saber mais sobre outras doenças tão importantes quanto ela, não perca os próximos artigos da Telemedicina Morsch.
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