Como manter a segurança da informação na área da saúde

Por Dr. José Aldair Morsch, 8 de novembro de 2019
segurança da informação

A segurança da informação deve ser respeitada em paralelo aos avanços tecnológicos na medicina, pois reduziremos os riscos de expor a vida do próprio paciente, ou seja, sua privacidade.

É preciso que os médicos e demais profissionais da saúde saibam manusear os dados dos pacientes respeitando a LGPD – Lei geral de proteção de dados.

Para isso, é necessário ter atenção à segurança da informação e aos dados que são armazenados em sistemas, como o registro de histórico das consultas, exames, laudos médicos, entre outros.

Pensando nisso, nós vamos apresentar para você a importância da segurança da informação na área da saúde, além de medidas que podem ser tomadas para evitar que o sigilo dos dados seja violado. Continue a leitura!

O que é segurança da informação?

Segurança da informação, abreviada de SI é uma atitude, um processo ou método imposto por lei para proteger os dados de pessoas que fornecem por exemplo seu nome, endereço, RG, CPF, número de cartão de crédito, tanto na forma digital quanto na forma escrita para prestadores de serviços como:

  • bancos
  • portais na internet
  • lojas virtuais de e-commerce
  • hospitais
  • clínicas
  • consultórios
  • serviços públicos
  • lojas físicas
  • órgãos privados

É o ato de preservar todas as informações consideradas sigilosas de pessoas que utilizam esses serviços e fornecem seus dados para cadastro.

Os princípios legais que regem essa norma de segurança são:

  • Confidencialidade, ou seja, não pode ser divulgada
  • Integridade, não podendo ser alterada ou excluída sem autorização do responsável
  • Disponibilidade, considera quem pode acessar os dados
  • Legalidade imposta pelos órgãos de proteção e defesa do consumidor
  • Autenticação, onde determina as camadas de proteção do acesso
  • não-repúdio, o emissor é autenticado como autor da informação dos dados
  • Autenticidade, o fornecedor dos dados é afirma ser quem é com provas
  • Autorização, o autor e proprietário dos dados autoriza terceiros

A importância da segurança da informação na área da saúde

Cada vez mais, é perceptível o uso da tecnologia e conectividade nas máquinas e equipamentos médicos usados para tratamentos de pacientes e de computadores sendo utilizados para armazenar os seus dados.

Com isso, fica mais fácil esses equipamentos tornarem-se vulneráveis aos crimes cibernéticos, visto que há um grande número de informações valiosas dos pacientes que estão em atendimento.

A proteção desses registros médicos de saúde é fundamental para que se evite a sua comercialização ilegal.

Com a grande incidência de malwares e vírus a segurança da informação é cada vez mais indispensável.

Até na hora de pedir auxilio a um amigo que seja médico para interpretar um exame, por exemplo, é preciso ter bastante cautela.

Isso se faz necessário para que não aconteça a mesma situação da esposa do ex-presidente Lula.

O caso foi o seguinte: após um compartilhamento dos dados entre os profissionais de saúde, todas as pessoas passaram a ter acesso ao exame de tomografia.

Ele foi compartilhado no aplicativo WhatsApp.

Além da segurança da informação proteger os dados dos pacientes, ela garante que o médico mantenha a qualidade do seu atendimento.

Dessa forma, o profissional consegue aumentar sua credibilidade diante do seu público e dos colegas da área de saúde.

Veja as principais medidas que devem ser tomadas na segurança da informação

segurança da informação

Nos tópicos a seguir separamos algumas medidas que devem ser tomadas na segurança da informação

Para se ter uma boa segurança da informação na área da Saúde, é preciso que tomemos algumas medidas essenciais.

Pensando nisso, preparamos alguns tópicos sobre o assunto que vão otimizar o seu trabalho e dar maior tranquilidade na hora de executá-lo. Confira!

Realizar backup

Para ter um bom processo de segurança, é imprescindível que realize o backup dos dados do paciente armazenados no servidor.

Dessa forma, você consegue evitar a perda ou modificação dos registros em caso de vírus ou ataques virtuais.

Para que isso seja possível, mantenha as informações em HD’s externos ou na nuvem.

O nome cloud, diz respeito a guardar todos os dados em um provedor seguro na internet que é obrigado a ter os melhores meios de proteção de acesso.

Neste caso, tudo o que você precisa fazer é criar uma senha de acesso muito forte, capaz de evitar que intrusos tenham acesso.

Mantenha-se informado sobre tendências e aprimoramentos no setor

Devemos estar preparados para se adequar ás rápidas mudanças no ambiente digital.

Diariamente novos ransomware são descobertos e a única maneira de se defender é ter um excelente anti-vírus instalado em todas as máquinas que são utilizadas para navegar na internet.

Assinar blogs de tecnologia que trazem informações recorrentes sobre o assunto é fundamental.

No setor da saúde, um bom site para companhar é o SBIS que trata exclusivamente de assuntos ligados á segurança da informação na área da saúde.

Estabelecer um programa de política, metodologia e processos no seu serviço

Ao estabelecer um “Programa de Política de Segurança da Informação”, você consegue evitar muitos ataques virtuais.

Isso é possível por meio de normas e recomendações a todos os médicos e funcionários que fazem parte do centro de saúde.

Assim, todas as pessoas passam a entender os riscos que as ameaças virtuais representam para o trabalho da equipe.

Caso a organização seja de grande porte, é possível até ser analisada a inclusão de técnicos de TI no quadro de funcionários.

Isso pode ajudar ainda mais na segurança da informação dos pacientes e da empresa.

Ter um bom sistema de gestão

Ao adquirir um sistema de gestão, é preciso verificar quais os recursos de segurança que ele oferece.

A dica que trazemos é analisar as ferramentas que os softwares locais oferecem, como configuração de acesso e privacidade.

Esses fatores são essenciais para que os fornecedores possam oferecer uma maior segurança nos aplicativos usados em dispositivos móveis.

Entretanto, é preciso analisar as melhores empresas, para que tenha um sistema de gestão eficiente e que dê suporte para os usuários e treinamento aos colaboradores.

Busque sempre maior segurança online

Conseguir a proteção dos dados online deve ser um dos fatores mais importantes para os profissionais da área de Saúde, pois evita-se, por exemplo, que as informações sejam disseminadas em ataques cibernéticos.

Portanto, é fundamental que se mantenha os softwares e sistemas operacionais atualizados.

Bons desenvolvedores e especialistas de sistemas digitais têm o papel de buscar, constantemente, a identificação de falhas e ameaças online.

Com isso, eles criam recursos para melhorar a segurança da informação.

A chave de entrada em um sistema é a senha e para buscar uma proteção online você deve investir um tempo na escolha de senhas fortes, com números, letras, símbolos e do maior tamanho possível.

Uma boa ideia é usar a telemedicina para emitir os laudos dos exames dos pacientes, visto que todos os documentos saem com assinatura digital.

Com isso, não há chance de os registros serem inventados ou burlados.

Veja como acontece:

Os arquivos dos exames são enviados para a central de Telemedicina

Os médicos especialistas acessam o sistema e interpretam os exames em tempo real

É gerado o arquivo digital em PDF, no qual sua assinatura digital pode ser consultada no próprio software.

E, a cada impressão, é gerado um novo documento com data e hora que foi assinado.

Instale ferramentas de monitoramento em seus computadores

Acompanhar cada etapa de uso dos softwares instalados nos seus computadores e conseguir rastrear os processos é imprescindível para saber quem e como tomou uma atitude dentro do sistema.

Essa atitude reduz a chance de ataque de hackers que buscam por informações sigilosas para vender para terceiros.

Use sempre criptografia de dados

A criptografia converte os dados trafegados em pacotes com chaves de proteção de ponta a ponta onde é quase impossível alguém conseguir ler os dados caso sejam interceptados durante o trajeto.

Isso é usado nos e-mails e aplicativos de mensagem como whatsapp.

Solicite consultoria de empresas de segurança da informação

Parece coisa de filme, mas separar um dinheiro para investir numa consultoria em segurança da informação é economizar muito com a perda de dados de sua empresa.

Tenha sempre um plano B

Imagine o pior cenário de roubo de informações e como você se comportaria neste cenário.

Incrivelmente o ser humano com sua criatividade terá uma alternativa, mas será que é a mais vantajosa e menos onerosa?

A atitude de pensar na perda nos remete ao compromisso de fazer alguma coisa, pense nisso.

Cuidado ao usar dispositivos móveis para acessar os dados dos pacientes

Utilize a estratégia BYOD onde somente dispositivos cadastrados podem acessar o sistema.

Sabemos que é impossível evitar que os funcionários utilizem seus smartphones no trabalho e essa alternativa é muito viável.

A política de BYOD compreende as seguintes práticas:

  • implementar um software de geolocalização para ajudar a encontrar um dispositivo perdido ou roubado;
  • utilizar um software de remoção completa dos dados e senhas em casos de perdas e roubos;
  • adotar um sistema de envio de alertas para os casos de perda ou roubo dos dispositivos;
  • configurar parâmetros de conexão automática com o Wi-Fi da empresa;
  • bloquear a instalação de aplicativos não autorizados;
  • usar técnicas de VPN (Virtual Private Network);
  • configurar os acessos por meio de Bluetooth;
  • usar ferramentas de criptografia;
  • restringir o uso de câmeras;
  • barrar a gravação de áudio;
  • criar logins e senhas fortes.

Entenda a importância da LGPD

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Através da segurança da informação é garantido que os dados dos pacientes sejam usados apenas para fins médicos

A Lei de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) permite que médicos, hospitais, centros de diagnósticos, planos e seguros de saúde, laboratórios e demais profissionais da área de Saúde realizem o tratamento de dados pessoais.

Entretanto, isso só é possível desde que esses profissionais ou empresas consigam enquadrar os tratamentos em uma das bases legais do artigo 7º da dessa Lei.

Entre as bases legais que permitem os tratamentos dos dados pessoais, estão:

  • consentimento informado do paciente;
  • cumprimento da obrigação legal;
  • execução de políticas públicas;
  • realização de estudos por órgãos de pesquisa;
  • execução de contrato;
  • manutenção do exercício do direito em processo judicial;
  • proteção à vida;
  • tutela da saúde no legítimo interesse do controlador e para proteção do crédito.

A LGPD é essencial para que os dados do paciente só sejam usados em finalidade do tratamento ou realização de exame médicos.

Com isso, consegue-se evitar que o titular seja vítima de algum tipo de discriminação em decorrência de alguma doença transmissível, por exemplo, com seus registros vazados.

O que acontece se não investir em segurança da informação na saúde?

  • Perda de acesso aos dados dos pacientes
  • Prejuízos financeiros diários até recomeçar todo o processo
  • Vazamentos de informações sigilosas
  • Fraudes com os dados dos pacientes
  • Processo judicial por perda dos dados
  • Insegurança por parte do paciente que é seu cliente
  • Perda da confiabilidade no seu serviço
  • Ruína da empresa
  • Fechamento do negócio

Conclusão

Com as informações que apresentamos ao longo desse artigo, você pode melhorar a qualidade do seu trabalho, assim como a segurança da informação dos seus pacientes.

Portanto, não esqueça de realizar backup, estabelecer um programa de política entre os colaboradores e ter um bom sistema de gestão.

Todos esses fatores são fundamentais para que se tenha uma maior proteção online.

Agora que já sabe como a importância de manter a segurança da informação na área da Saúde, o convidamos a entender sobre a “Telemedicina nos hospitais: como funciona, especialidades e vantagens”.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin