O que é teletriagem e quais são os benefícios para o diagnóstico?

Por Dr. José Aldair Morsch, 23 de fevereiro de 2021
Teletriagem: o que é e quais são os benefícios para o diagnóstico?

A teletriagem é uma modalidade remota de avaliação, encaminhamento e priorização de atendimentos aos pacientes.

Por meio dela, é possível ampliar o nível de organização nas unidades de saúde, direcionando os atendimentos com base naqueles que são prioritários, que precisam de encaminhamento ou que podem ser resolvidos de maneira não urgente.

A área ganhou relevância especial durante a pandemia da COVID-19, permitindo que a assistência em saúde fosse prestada à população sem que riscos desnecessários de contaminação fossem assumidos nas clínicas e hospitais durante o enfrentamento da crise.

Porém, seu uso é muito mais amplo e está ganhando cada vez mais espaço nas rotinas médicas atuais, com tendência de tornar-se indispensável para os serviços de saúde.

Para que você entenda melhor o que é teletriagem, como ela é utilizada e qual será o seu papel no futuro da medicina, preparei este artigo com informações completas sobre o tema!

O que é teletriagem?

A teletriagem pode ser definida como um processo de avaliação de sintomas feito à distância. Dessa forma, serve para direcionar o paciente à especialidade ou tipo de assistência mais adequado para o seu correto tratamento.

Vale destacar que a teletriagem não se trata de um diagnóstico, mas sim de uma fase anterior a ele, que visa apenas definir qual é a atenção em saúde mais adequada para o indivíduo avaliado.

Para as unidades que utilizam essa modalidade, é necessária a disposição de todo o sistema para a regulação e encaminhamento dos pacientes aferidos.

A prática da teletriagem é regulamentada por alguns dispositivos legais, que explicarei melhor logo abaixo!

Há alguma lei que regulamenta a teletriagem?

No Brasil, a primeira regulamentação sobre o uso da Telemedicina surgiu em 2002, com a Resolução nº 1.643 do CFM.

Contudo, a norma era muito restrita, não prevendo parâmetros para a teletriagem e restringindo a prática apenas para casos emergenciais e de suporte entre especialistas.

Para alinhar a Telemedicina brasileira aos avanços que já beneficiavam pacientes ao redor do mundo, em 2018 foi criada a resolução CFM nº 2.227/2018.

Além de liberar as possibilidades de teleconsultas, telediagnósticos e telecirurgias, a nova norma também trouxe previsões para a teletriagem.

Segundo o texto, a teletriagem médica “é o ato realizado por um médico com avaliação dos sintomas, a distância, para definição e direcionamento do paciente ao tipo adequado de assistência que necessita ou a um especialista.” (Art. 10).

No §1º, a norma destaca que o médico deve registrar e destacar ao paciente que a teletriagem não corresponde a um diagnóstico.

Além disso, como destaquei no item anterior, o estabelecimento de saúde precisa “oferecer e garantir todo o sistema de regulação para encaminhamento dos pacientes.” (.§2º).

Apesar dos avanços garantidos pela resolução, ela logo foi revogada sob o argumento de que as discussões sobre o tema deveriam ser aprofundadas entre a comunidade médica.

Momento atual da regulamentação

Antes que a consulta pública do CFM levasse a Telemedicina a uma nova resolução, o mundo foi pego de surpresa pela pandemia da COVID-19.

Nesse contexto, foi criada a Lei nº 13.989/2020, que voltou a liberar as diferentes frentes da Telemedicina no Brasil (inclusive a teletriagem).

A nova legislação deve ter seus efeitos cancelados ao fim do isolamento social, prevendo que cabe ao CFM voltar a regular a área.

Porém, com a consulta feita após a revogação da resolução nº 2.227/2018, a tendência é que novos dispositivos legais surjam para ampliar ainda mais as possibilidades da teletriagem.

De que forma a tecnologia possibilitou a teletriagem?

Basicamente, a teletriagem consiste em um atendimento virtual, que pode ser feito por um sistema específico, videochamadas ou mesmo através de mensagens, como no WhatsApp, por exemplo.

Nela, o médico ou o próprio sistema encaminha as perguntas iniciais ao paciente para determinar as orientações.

A partir das respostas, o melhor encaminhamento para os pacientes é avaliado, assim como a eventual necessidade de direcionamento para especialistas.  

De forma resumida, a tecnologia aplicada na teletriagem funciona da seguinte maneira:

  • O paciente acessa o sistema de Telemedicina ou adiciona o número para receber as mensagens;
  • Quando o atendimento é iniciado, os dados do indivíduo são solicitados e perguntas sobre suas condições gerais de saúde são encaminhadas;
  • Caso o paciente não apresente sinais de que precisa de tratamento, cuidados e orientações são encaminhados e o protocolo é encerrado;
  • Já quando as conclusões da triagem apontam a necessidade de intervenções médicas, são encaminhados os direcionamentos para a pessoa avaliada;
  • Assim, o paciente pode ser encaminhado para uma teleconsulta ou mesmo para uma unidade de saúde (quando há necessidade de avaliação ou intervenção física).

Além de dar mais tranquilidade aos pacientes e facilitar as rotinas dos médicos, a tecnologia de teletriagem também desafoga as filas de atendimento e até diminui os riscos de contaminação nos estabelecimentos de saúde (o que é especialmente importante em tempos de pandemia).

Para que você entenda melhor esses benefícios, me aprofundarei mais sobre as aplicações da teletriagem nos próximos itens.

Como a teletriagem vem funcionando durante a pandemia?

Durante o período de pandemia, as duas recomendações mais importantes da OMS são evitar aglomerações e ficar em casa.

Com base nisso, é fácil perceber como a teletriagem é importante no enfrentamento da crise de saúde gerada pela COVID-19!

Mesmo quando todos os padrões de proteção e higiene são respeitados (como usar máscara e álcool em gel), é impossível ter 100% de segurança contra infecções em ambientes médicos e hospitalares.

Por isso, quando o atendimento é feito inicialmente no ambiente virtual, é possível garantir muito mais resguardo aos envolvidos e prestar atendimentos presenciais apenas quando eles são estritamente necessários.

Por exemplo, imagine que um indivíduo adulto comece a sentir sintomas leves, mas mora com os pais idosos e tem medo de infectá-los ao ir até um consultório para obter seu diagnóstico.

Com a teletriagem, esse risco pode ser evitado, já que o paciente pode relatar suas queixas, ter seu tratamento direcionado (com a necessidade ou não de buscar um especialista) e os cuidados de saúde já determinados por meio de um atendimento remoto!

Teletriagem na pandemia

Sem a necessidade de se deslocar ao ponto físico de atendimento, o indivíduo não coloca a sua saúde (e das pessoas ao seu redor) em risco.

Além disso, as filas de espera diminuem significativamente, sendo utilizadas apenas por aqueles que realmente precisam e desafogando as unidades já sobrecarregadas por conta da pandemia!

Mas afinal, como fazer a teletriagem?

Para realizar a teletriagem, os médicos e as unidades de saúde precisam adotar alguns cuidados especiais. São eles:

Entenda as políticas vigentes

O primeiro passo para aderir à teletriagem é observar o que as leis e resoluções do CFM versam sobre o tema.

Tendo como base a legislação que mencionei anteriormente, 3 pontos sobre a teletriagem precisam ser destacados, são eles:

  • Ela não substitui o diagnóstico médico;
  • A teletriagem não substitui as consultas presenciais ou remotas;
  • Deve contar com infraestrutura e sistema completo de regulação para encaminhar os pacientes avaliados à assistência correta.

Observe a integridade dos dados

Em relação às informações dos pacientes, o CFM prega os requisitos de integridade, veracidade, confidencialidade, sigilo e privacidade.

Como a teletriagem lida com dados pessoais, compartilhados em ambiente online, é indispensável utilizar um sistema de registro apoiado em sólidos protocolos de segurança para respeitar as particularidades de cada paciente.

Nesse sentido, as plataformas em nuvem são as melhores opções, pois são mais rápidas para o compartilhamento de informações entre diferentes profissionais e pacientes, e ainda contam com recursos de criptografia, backup, autorização em dois fatores, entre outros de proteção.

Inclusive, com esse tipo de tecnologia, o médico ainda garante pleno alinhamento à Lei Geral de Proteção de Dados, não só para os dados da teletriagem, mas também para os seus prontuários eletrônicos, receitas, e assim por diante.

Escolha a melhor plataforma

Tenha em mente que a teletriagem só pode ser desempenhada com excelência por meio de uma boa plataforma de Telemedicina.

É por meio desse tipo de sistema que você será capaz de gerenciar os dados com qualidade e garantir toda a privacidade necessária para os pacientes, conforme expliquei logo acima.

Além disso, a plataforma também reúne todas as ferramentas necessárias para que a triagem remota ocorra da melhor maneira possível, com ferramentas de qualidade para videoconferência, chat, compartilhamento de arquivos, etc.

O ideal é que o sistema de Telemedicina seja prático, flexível e seguro. Ainda, que conte com a possibilidade de acesso em diversos dispositivos autorizados para tornar as rotinas médicas mais dinâmicas e alinhadas às necessidades dos profissionais.

A Telemedicina Morsch é referência absoluta na área e oferece o que há de melhor para as suas teletriagens e demais serviços clínicos.

Abaixo, vou tratar melhor sobre o nosso sistema (logo depois de explicar os principais benefícios da teletriagem).

Quais são os benefícios da teletriagem para o sistema de saúde?

Conheça os benefícios da teletriagem

Como mencionei no item sobre a COVID-19, os benefícios da teletriagem estão diretamente relacionados a um melhor encaminhamento dos pacientes, à redução nas filas de espera e à diminuição dos riscos de contaminação.

Além disso, por meio da técnica, é possível ampliar significativamente a cobertura preventiva e de diagnóstico precoce para a população.

Inclusive, em relação ao gerenciamento das filas de espera, o ordenamento das prioridades de atendimento garante um fluxo muito mais assertivo de atendimentos.

Para se ter uma ideia, de acordo com dados levantados no artigo “Teledermatologia – Passado, presente e futuro“, 90% dos casos de neoplasias foram detectados corretamente na teletriagem e já classificados como benignos ou malignos.

Assim, a partir da análise precisa da triagem à distância, as pessoas podem receber o devido suporte primário de maneira correta e individualizada, sendo direcionados à teleassistência ou ao próprio consultório, quando necessário.

No caso da teleassistência, é possível obter acesso imediato à segunda opinião de especialistas, o que diminui os encaminhamentos e, consequentemente, os custos de tratamento.

Isso reduz o tempo de espera, as necessidades de deslocamento e ainda permite que médicos possam atuar com mais autonomia.

Diagnóstico rápido e preciso

No mesmo sentido dos benefícios que descrevi até aqui, não podemos ignorar que a teletriagem também favorece diagnósticos mais rápidos e precisos.

Por exemplo, quando a triagem detecta riscos maiores de doenças graves, o paciente em questão pode ser atendido de forma prioritária.

O contrário também é válido. Isto é, quando o quadro analisado é considerado leve, ele pode ter uma intervenção menos urgente, para que os profissionais se dediquem ao atendimento rápido de quem mais precisa!

Como se não bastasse, os insumos obtidos na entrevista inicial servem como base para que o diagnóstico se torne mais completo e rápido por parte do médico responsável.

Há ainda a possibilidade de associar a teletriagem à Inteligência Artificial, o que torna mais simples e ágil a detecção dos quadros clínicos, inclusive daqueles mais complexos e de difícil interpretação.

A Telemedicina Morsch pode ser sua aliada na teletriagem

A Telemedicina Morsch é a melhor opção para quem deseja aderir à teletriagem em seus atendimentos. Ainda é possível desfrutar de todas as vantagens oferecidas pelas tecnologias de Telemedicina!

Além dos recursos de triagem, nosso portal conta com ferramentas de teleconsulta e telemonitoramento, prontuários eletrônicos em nuvem, telediagnósticos, serviços de telelaudos e muito mais.

São mais de 1000 clínicas atendidas em todo o Brasil, 1 milhão de exames interpretados, 20.000 laudos entregues mensalmente e 50 especialistas de todas as áreas da saúde.

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Conclusão

A teletriagem é uma das modalidades da Telemedicina que mais geram benefícios para médicos, pacientes e para o sistema de saúde como um todo.

Por meio dela, é possível garantir:

  • Encaminhamento mais preciso para os atendimentos primários;
  • Reduzir filas de espera;
  • Poupar tempo e recursos;
  • Favorecer a precisão dos diagnósticos;
  • Eliminar riscos e problemas típicos das triagens presenciais.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin