Como calcular e adotar a margem EBITDA em clínicas médicas?
De maneira geral, a margem EBITDA diz respeito à razão de lucro que uma empresa obteve antes de considerar seus Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.
Ou seja, trata-se de um indicador capaz de determinar a capacidade que um negócio tem de gerar lucro levando em consideração somente as suas atividades operacionais.
Em inglês, EBITDA quer dizer “Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization”. Isso significa “Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização”. Assim, é comum que a sigla LAJIDA também seja utilizada.
O cálculo da margem EBITDA é muito importante para os gestores e investidores de uma clínica, consultório ou hospital, já que fornece uma visualização clara a respeito dos rendimentos operacionais obtidos em suas atividades.
Inclusive, desde 2012, esta ferramenta se tornou indispensável para que os empresários consigam comparar o desempenho dos negócios de um mesmo segmento, determinando se há rentabilidade nas operações ou não.
Isso porque, foi no ano citado que a Comissão de Valores Mobiliários editou a instrução nº 527/2012, que padronizou o método de cálculo da margem EBITDA no Brasil.
Não é exagero afirmar que o indicador é um dos mais importantes para determinar a saúde financeira de uma instituição ou estabelecimento de atendimento médico.
Uma vez que, ao observar apenas os lucros que foram obtidos através dos atendimentos, sem considerar investimentos, impostos e empréstimos, é possível ter uma visão muito mais clara sobre a capacidade financeira da empresa e sua capacidade perante a concorrência.
Quer saber mais sobre a margem EBITDA, entender seu cálculo e como ele pode beneficiar a sua clínica? Confira tudo sobre o assunto a seguir!
O que é e qual a importância da margem EBITDA para clínicas, consultórios e hospitais?
A partir dos pontos mencionados na introdução, podemos dizer que a EBITDA aponta a real capacidade de lucro de uma empresa médica, não considerando aspectos que são unicamente financeiros.
Quando esses elementos puramente ligados às finanças são tirados de jogo, o EBITDA faz com que a verdadeira eficiência operacional do negócio seja visualizada, sem que variáveis não ligadas às suas atividades interfiram no entendimento.
Em relação à margem EBITDA em si, ela fornece uma indicação relativa sobre a margem de lucro. Ou seja, se há muita discrepância entre a receita total e o EBITDA, significa que a margem é baixa.
Quando a margem EBITDA é baixa, quer dizer que as operações da clínica têm eficiência baixa. Do contrário, significa que a empresa tem um bom rendimento.
Sem a comparação proporcionada pela margem EBITDA, não é possível ver com clareza se existem gargalos nas operações, se são necessárias adequações e se as decisões são realmente assertivas.
Uma vez que, é por meio desta margem que as empresas médicas podem determinar se os seus ativos são capazes de gerar caixa, se a saúde financeira dos negócios está em dia, se há prejuízos nas operações e qual a lucratividade de certo período.
Todos os envolvidos na gestão de uma clínica ou hospital podem se beneficiar da margem EBITDA, sejam gestores ou profissionais de saúde. Uma vez que ela atesta a real viabilidade de suas atividades e ações.
No mesmo sentido, os investidores também são favorecidos, pois têm insumos para averiguar a saúde financeira de cada instituição de saúde, direcionando seu capital para aquelas com maior capacidade operacional e de obter lucros.
Como calcular o valor da margem EBITDA?
Os elementos que fazem parte do cálculo da margem EBITDA também são os mesmos que a caracterizam, ou seja, juros, impostos, depreciação e amortização.
Isso significa que, para encontrar os dados necessários para obter a margem, você precisa consultar a Demonstração do Resultado do Exercício, ou DRE da sua empresa.
Com as informações da DRE em mãos, siga os seguintes passos para obter a margem EBITDA:
- Some o lucro líquido aos tributos, imposto de renda a contribuição;
- Subtraia todos os valores positivos sem impacto no caixa;
- Dessa maneira, você obterá os lucros sem tributação, ou o EBIT;
- No valor do EBIT, some a amortização e a depreciação que constam na DRE;
- Divida o resultado da conta anterior pela receita líquida;
- O valor obtido deverá ser menor que 1, já que seria impossível gerar lucros maiores que a receita de um mesmo período;
- Esse valor menor que 1 precisa ser multiplicado por 100, para que vire um percentual. O percentual em questão nada mais é do que a margem EBITDA da organização para o exercício analisado!
- Em algumas situações, o resultado pode ser negativo. Isso significa que sua clínica, hospital ou consultório está tendo prejuízo em suas operações.
Entendeu a lógica por trás do cálculo da margem EBITDA? Quer visualizar melhor o processo?
Então confira um exemplo prático que preparamos para que você compreenda melhor cada passo que explicamos:
Confira um exemplo prático
Imagine que a sua clínica teve um lucro líquido de R$ 400.000,00 em janeiro de 2020.
No mesmo período, sua DRE aponta que você teve entrada de R$ 5.000,00 em resultados líquidos, pagou R$ 44.000,00 em impostos, teve saída de R$ 10.000,00 em depreciação e de mais R$ 2.500,00 em amortização.
Aparentemente, as finanças são positivas. Inclusive, é comum que isso aconteça, pois muitas organizações procuram investir partes do seu capital, garantindo receitas também em operações financeiras.
Esse tipo de ganho, porém, não deve ser considerado na margem EBITDA, já que ele não é relacionado com aquilo o que a empresa faz. Ou seja, não é uma receita operacional.
O cálculo do EBITDA seria representado da seguinte maneira:
- EBITDA = 400.000 + 44.000 – 5.000 + 10.000 + 2.500;
- EBITDA = 451.500
Seguindo a exemplificação, para determinar a margem EBITDA, imagine que a receita líquida da sua clínica, durante o mesmo período avaliado, tenha sido de R$ 1.000.000,00.
O caminho para encontrar a margem é dividir o EBITDA encontrado pelo valor da receita. Confira:
- Margem EBITDA = 451.500 / 1.000.000
- Margem EBITDA = 0,4515 (valor menor que 1)
- Margem EBITDA = 0,4515 x 100
- Margem EBITDA = 45,15%
Assim, a margem EBITDA da clínica no exemplo seria de 45,15%, o que representa quase 50% de eficiência operacional.
Isso significa que a empresa tem capacidade de gerar bons resultados financeiros e lucros vantajosos através de seus atendimentos e demais atividades operacionais.
Para que lidaria com a gestão do negócio exemplificado, isso seria sinal de que as decisões e caminhos gerenciais estão corretos. Já para os investidores, a conclusão é que trata-se de uma boa clínica para direcionar recursos e investimentos.
Saiba mais sobre como analisar a margem EBITDA no item seguinte!
Como analisar a margem EBITDA nas clínicas e consultórios?
Imagine que a gestão de uma empresa utiliza a DRE para obter a EBITDA e verifica que a margem caiu quase 30% em relação ao último exercício analisado.
A primeira constatação é que a lucratividade e a eficiência operacional da organização sofreram com problemas neste período.
A partir disso, os gestores podem refletir sobre quais fatores ou mudanças operacionais provocaram redução no índice e o que levou o rendimento a ser menor.
Com base nas conclusões, é possível direcionar melhor as decisões gerenciais, que podem incluir diminuição de determinados custos, mudanças nos valores dos serviços, entre outras alterações operacionais e de caixa que auxiliem na recuperação da margem observada anteriormente.
Inclusive, os fatores que afetam a margem EBITDA podem ser externos.
Por exemplo, mudanças nas demandas do mercado e até nas leis são capazes de afetar o fluxo e os padrões adotados pela clínica, o que afeta diretamente a lucratividade e ocasionalmente exigirá novas medidas gerenciais.
Como todos sabem, gerenciar qualquer empresa exige muita cautela em relação aos aspectos capazes de influenciar a saúde financeira das operações.
Sendo assim, recursos como a margem EBITDA são indispensáveis para uma gestão mais assertiva, capaz de atuar com base em insumos sólidos e que demonstram o real desempenho da organização.
Além disso, como mencionamos diversas vezes no artigo, há o caso dos investidores que colocam seu dinheiro em determinadas clínicas, consultórios ou hospitais.
Nessas situações, a margem EBITDA pode ser utilizada como ponto de comparação com outras empresas do ramo da saúde, o que auxilia no direcionamento e na garantia de que os investimentos sejam realmente os mais assertivos possíveis!
Existem limitações no uso da margem EBITDA?
Agora que você já conhece as principais características da margem EBITDA, é importante voltarmos nossas atenções a algumas precauções ligadas ao tema.
Como qualquer indicador, o uso da margem exige alguns cuidados e não deve ser empregado de forma exclusiva para monitorar o desempenho da sua clínica.
Nesse sentido, vale ressaltar que, como os gastos com dívidas são excluídos no EBITDA, ele pode apresentar algumas limitações para as avaliações sobre o desempenho do negócio.
Ou seja, por mais que seja um recurso muito importante para a tomada de decisões, a margem não pode ser utilizada sozinha. Para ter total clareza sobre o desempenho do negócio, o ideal é empregá-la junto de outros indicadores.
Além disso, há também os casos de clínicas ou hospitais que agem de má fé junto aos investidores, dando muito mais destaque para sua margem EBITDA do que para seus resultados líquidos.
Nessas situações, a ideia é melhorar a percepção do desempenho da empresa, que muitas vezes não é positivo e poderia ter seus problemas facilmente percebidos ao lado de outros dados.
Imagine, por exemplo, que uma empresa repleta de dívidas dê muita ênfase na margem EBITDA quando alguém deseja investir nela. Como os juros devidos são excluídos da métrica, isso pode comprometer a visão de sua real viabilidade.
Outro ponto que merece atenção é que a EBITDA normalmente é mais elevada que a margem líquida. Ou seja, utilizá-la em muita evidência pode ser um recurso para que clínicas escondam sua baixa lucratividade.
Em poucas palavras, por mais vantajosa e importante que a margem EBITDA seja, é preciso ter muita cautela ao utilizá-la, principalmente se você for compará-la a de outras empresas ou atuar como investidor.
Porém, com ética e transparência, seus benefícios podem ser amplos e muito abrangentes para o seu negócio!
Conclusão
De forma resumida, trata-se de um dos principais indicadores financeiros do mercado, que pode auxiliar a tomada de decisões nas clínicas, consultórios e hospitais.
Com ela, é possível visualizar apenas os rendimentos que são gerados por meio das atividades que o negócio realiza, sem levar em consideração aspectos meramente financeiros, como impostos, empréstimos e investimentos.
Dessa maneira, a produtividade de qualquer estabelecimento pode ser medida, assim como sua eficiência financeira e sua capacidade de gerar resultados a partir dos serviços que presta.
Para calcular a margem EBITDA, basta somar o lucro líquido aos tributos, imposto de renda e contribuição, depois subtrair qualquer valor positivo sem interferência no caixa, somar o resultado à depreciação e amortização, dividir o valor pela receita líquida e então multiplicá-lo por 100.
Se o uso de indicadores é fundamental para prosperar em um mercado cada vez mais complexo e competitivo, a tecnologia também desempenha um papel de suma importância nesse sentido.
Com a Telemedicina Morsch, você tem acesso às funcionalidades que são referência em gestão hospitalar e de clínicas, capazes de facilitar suas rotinas, poupar seus recursos e auxiliar a compreender suas métricas.
Se você gostou do artigo sobre margem EBITDA, concorda que um bom gerenciamento é fundamental para que os seus negócios prosperem. Se quer saber mais sobre o assunto, acesse o link para conferir nosso kit completo com dicas para administrar a sua clínica médica!