Você conhece os riscos e perigos da automedicação?
A automedicação é uma prática muito comum entre os brasileiros. Porém, apesar de parecer inofensiva, pode trazer sérios riscos à saúde.
O motivo desse tipo de atitude é a ampla oferta de produtos farmacêuticos. Seja por recomendações disponíveis na internet, pela cultura popular ou entre outros fatores semelhantes.
Na maioria das vezes, a ideia é garantir alívio para alguma dor, sintoma ou problema de saúde. Contudo, algo que parece positivo para quem toma remédios sem prescrição, na verdade é arriscado.
Isso porque as substâncias presentes nos medicamentos podem ter reações inesperadas pelas pessoas, que acarretam em drásticas consequências ao organismo.
Entre os principais problemas estão agravos inesperados, interações com outros remédios, intoxicações, dependência, falência hepática e muitos outros.
Sendo assim, é importante evitar ao máximo a automedicação. E isso vai desde poderosos antibióticos, até os remédios para emagrecer e mesmo simples analgésicos.
Quer entender melhor a questão, seus fatores de risco, causas e meios de agir perante uma condição adversa de saúde? Descubra, a seguir!
Você sabe o que é automedicação?
Como o próprio termo indica, a automedicação consiste no ato de ingerir medicamentos por conta própria, sem a orientação de um especialista ou receita médica.
Ou seja, quando você se automedica, está ingerindo uma substância sem nenhum respaldo técnico, científico e profissional sobre a ação dela no seu organismo.
Nesse sentido, trata-se de uma atitude capaz de colocar sua saúde e até sua vida em risco. Isso porque qualquer remédio depende do diagnóstico, da prescrição e do acompanhamento para o tratamento devido.
Conforme citei na introdução, normalmente as pessoas optam pela automedicação para aliviar alguma dor, desconforto ou sintoma inicial.
Porém, um medicamento ingerido de forma inadequada pode agravar a doença ou condição. Assim, ele gera justamente o problema que o indivíduo procura combater.
Além disso, todo remédio possui efeitos colaterais, que se não forem previstos em uma rotina correta de intervenção médica, podem gerar danos sérios ou até irreversíveis.
Ainda, a automedicação pode esconder sintomas importantes para o diagnóstico de patologias, o que prejudica seu tratamento precoce e sua recuperação.
Inclusive, caso o hábito de ingerir remédios sem prescrição seja recorrente, a pessoa pode se intoxicar ou criar resistência a certas substâncias. Isso pode lhe prejudicar muito, caso precise dela para um posterior tratamento.
Para você ter uma ideia, uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia em parceria com o Instituto Datafolha aponta que 77% dos brasileiros têm a automedicação como um hábito comum.
Outro dado alarmante, levantado pela Organização Mundial da Saúde, indica que 10 milhões de pessoas devem morrer anualmente até 2050 por conta da resistência a medicamentos.
Por si só, esses indicadores revelam o quanto o tema é importante e merece máxima conscientização. Confira mais peculiaridades relevantes sobre ele, nos próximos itens.
5 tipos de uso irracional de medicamentos
Nesse sentido, para entender o que o conceito significa, é importante compreender seu inverso, ou seja, o uso racional de medicamentos.
A definição mais apropriada pode ser encontrada no portal do Ministério da Saúde, que se apoia nas diretrizes da OMS para delimitar o tema.
De acordo com a instituição, o uso racional de medicamentos (URM) ocorre quando as pessoas recebem remédios apropriados às suas condições clínicas.
Além disso, a noção de URM prevê o feitio dessa medicação em doses adequadas às necessidades da pessoa. Acima de tudo, por um período adequado e pelo menor custo possível (tanto para si, quanto para a comunidade).
Ao tratar sobre essa questão, o MS ainda aponta que o uso inadequado ou irracional de remédios está entre os maiores problemas mundiais de saúde.
Se referindo novamente à OMS, o órgão destaca que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, vendidos ou dispensados inadequadamente.
Como se não bastasse, cerca de metade dos pacientes não utilizam os remédios da maneira correta.
Dito isso, o uso irracional de medicamentos se divide em cinco tipos, que são:
- Ingestão abusiva de medicamentos, também chamada de polimedicação;
- Automedicação inadequada, às vezes feita com medicamentos que exigem prescrição médica;
- Uso excessivo de medicamentos injetáveis, em vez da ingestão de remédios ingeridos por via oral;
- Prescrição medicamentosa feita em desacordo com as diretrizes clínicas;
- Inadequação do uso de remédios antimicrobianos, quando ministrados em doses erradas ou contra infecções não-bacterianas.
Agora que você sabe como o uso irracional de medicamentos se caracteriza, e de que forma a automedicação está inserida, veja abaixo o que motiva a ingestão de remédios por conta própria.
Principais causas de automedicação
A automedicação pode ser motivada por inúmeros fatores, mas a grande maioria deles está associada à noção de que esse tipo de prática é normal e inofensiva.
Geralmente, o que leva as pessoas a tomar remédios sem a devida orientação profissional inclui causas como:
- Ampla disponibilidade de produtos farmacêuticos;
- Facilidade para a compra de remédios;
- Cultura de comodidade, associada ao consumo de fármacos;
- Noção de que a farmácia é um comércio de conveniência;
- Propagação equivocada de que certas condições, como o vírus da COVID-19, podem ser tratadas com medicamentos sem comprovação científica;
- Grande difusão de informações médicas e de saúde na internet, seja em blogs, sites ou redes sociais.
Em relação ao último tópico, vale mencionar que, com a devida consciência e equilíbrio, o fato de as pessoas terem acesso a informações sobre saúde é algo positivo.
Porém, não confunda isso com a ideia de orientar seu próprio diagnóstico ou tratamento com uma simples pesquisa na internet.
Afinal, a automedicação pode ser muito danosa e gerar diversos riscos, que explicarei com mais profundidade no item seguinte.
Quais são os maiores riscos da automedicação?
Entre esses fatores de risco, alguns são mais recorrentes e merecem atenção especial. Nesse sentido, confira os principais deles e suas particularidades:
Interações medicamentosas
A interação entre diferentes substâncias com finalidades específicas pode gerar reações diversas no organismo, que às vezes trazem ameaças.
Normalmente, um medicamento diminui o efeito do outro ou mesmo acentua a sua ação. Em ambos os casos, os danos ao paciente são significativos e podem comprometer o tratamento.
Esse risco é presente em pessoas que tomam remédios de uso contínuo e eventualmente ingerem outro medicamento, sem a devida prescrição.
Além disso, quem tem o hábito recorrente da automedicação pode se acostumar a tomar vários remédios, o que também desencadeia o problema.
Por exemplo, quem toma anticoncepcionais deve evitar certas categorias de antibióticos e não pode tomar anticoagulantes.
Sendo assim, para evitar problemas, somente o médico sabe prever essas interações e estipular os melhores meios de ministrar um tratamento seguro.
Resistência a certas substâncias
As pessoas que ingerem frequentemente uma mesma substância acabam criando certa resistência à sua ação.
Trata-se de um fator que pode não se aplicar a todos os medicamentos. Porém, ele é muito presente nos antibióticos.
Isso porque, quando há o consumo de um remédio em excesso, os microorganismos se acostumam com ele.
Dessa maneira, o medicamento não funciona como o esperado, e novas infecções se tornam mais acentuadas e resistentes em relação às que ocorreram anteriormente.
Nessas situações, há o comprometimento dos tratamentos de maneira severa, com chances reais de óbito do indivíduo.
Inclusive, isso motivou as superbactérias – que são cada vez mais comuns nos hospitais.
Elas estão ligadas à pesquisa da OMS que citei no primeiro item, em que se espera que 10 milhões de pacientes morram anualmente por conta da resistência a medicamentos.
Falência hepática
Ainda, a automedicação pode causar falência hepática, que corresponde à perda das funções do fígado.
Isso porque o processamento de grande parte dos remédios é feito nesse órgão. Sendo assim, ele pode ser sobrecarregado quando ingerimos uma substância em excesso ou na dose inadequada.
A partir disso, há danos nas estruturas do fígado e ele deixa de cumprir suas funções adequadamente no organismo.
Entre elas, estão a eliminação de toxinas, a coagulação e o metabolismo. Ou seja, são consequências graves e que podem trazer risco de morte.
Agravamento de doenças
Para finalizar, também é importante ressaltar que a automedicação gera a piora de doenças ou o agravamento de certas condições de saúde.
O motivo é simples: o uso de alguns remédios pode aliviar certos sintomas, que muitas vezes indicam um problema mais sério no corpo do paciente.
Ou seja, ao mascarar determinada condição, é mais difícil obter o diagnóstico para um tratamento adequado.
Por exemplo, quando alguém sente dores de cabeça frequentes e toma analgésicos excessivamente, é possível que condições sérias como uma encefalite passem despercebidas.
No mesmo sentido, quando você toma paracetamol ou ibuprofeno para se livrar de uma eventual febre, pode esconder os sintomas iniciais de uma pneumonia.
Dessa maneira, se adia a intervenção correta, e a condição se agrava até gerar danos mais sérios ao paciente.
Complicações comuns da automedicação
Além dos riscos mencionados acima, a automedicação ainda gera outros tipos de complicações. As mais comuns são:
- Reações alérgicas, que consistem em respostas não esperadas do organismo a certas substâncias. Elas só podem ser previstas com a análise médica;
- Intoxicação, que ocorre como uma overdose do medicamento no corpo, geralmente motivada pelo uso excessivo ou em doses inadequadas;
- Dependência, uma vez que certos remédios têm chances de vício acentuadas quando ingeridos em períodos ou doses maiores que os indicados.
Outro problema muito comum entre quem tem o hábito da automedicação é o acúmulo de remédios em casa, que pode provocar:
- Mau armazenamento, com consequente ineficácia do tratamento;
- Confusão entre diferentes remédios;
- Ingestão acidental por crianças;
- Consumo do medicamento após a data de vencimento.
Sobre a cartilha da Anvisa
Por meio da campanha A Informação é o Melhor Remédio, a agência disponibiliza vídeos, cartazes, guia de apoio e uma cartilha para conscientizar as pessoas sobre o tema.
Na cartilha, são abordadas as questões mais importantes sobre os medicamentos. Além disso, são destacados os motivos para que as pessoas evitem a ingestão dos mesmos sem a devida prescrição médica.
Trata-se de uma ação feita em parceria com o Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde. Entre outros objetivos, está a diminuição das taxas de automedicação entre os brasileiros.
Consulte um especialista para a medicação correta
Com todos os pontos destacados até aqui, a automedicação é uma prática que deve ser interrompida o quanto antes pelas pessoas.
Sempre que um sintoma for percebido, uma dor for sentida ou qualquer outra condição de saúde reconhecida, é imprescindível se consultar junto a um médico.
Isso porque só o profissional de saúde é capaz de identificar as causas do problema, apontar a melhor solução e os meios mais seguros de tratá-lo.
Além disso, o apoio de um especialista evita que certas patologias sejam mascaradas, e que possíveis riscos associados a sintomas recebam o tratamento correto.
Ou seja, além de garantir mais segurança, tranquilidade e eficiência no uso de remédios, os médicos observam a eventual necessidade de um exame, estipulam ações paliativas ou preventivas, emitem atestados quando for o caso, e assim por diante.
Conclusão
A automedicação parece uma solução rápida e prática para certas dores, desconfortos ou problemas de saúde à primeira vista. Porém, ela gera consequências muito negativas e deve ser evitada.
Isso porque só um médico sabe determinar quais são os melhores tratamentos para cada paciente. Sendo assim, sem o seu apoio, riscos ligados a intoxicações, falência hepática, agravamentos, vícios e muitos outros podem surgir.
Mesmo sendo comum entre os brasileiros, tomar remédios por conta própria compromete a saúde de forma severa. Além disso, trata-se de uma atitude que deve ser substituída pelas intervenções de um especialista.
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