12 dúvidas para você esclarecer sobre teleconsulta médica já!

Por Dr. José Aldair Morsch, 22 de janeiro de 2021
Teleconsulta médica: 12 dúvidas para esclarecer

A teleconsulta médica está entre as tendências mais importantes da área da saúde. Uma vez que, se apoia nos avanços da tecnologia para promover uma medicina ainda mais próxima e acessível para os pacientes.

Enquanto muitos acreditavam que a modalidade estava restrita ao futuro, ela demonstrou a sua importância e viabilidade durante a pandemia da COVID-19.

Ainda que o movimento global fosse de crescente adesão às teleconsultas, elas só passaram a beneficiar a população como um todo quando a mesma se viu obrigada a respeitar as medidas de isolamento social.

Isso porque, os encontros virtuais entre médicos e pacientes se tornaram obrigatórios para a manutenção da saúde pública. Logo, isso fez com que a adesão de novos especialistas só aumentasse.

Assim, muitos passaram a perceber os benefícios da prática, fato que promete fazer com que ela seja ainda mais difundida com a chegada do “novo normal”.

Antes da regularização, concedida pelo Conselho Federal de Medicina para o enfrentamento do novo coronavírus, a teleconsulta médica ainda era muito restrita no Brasil.

Dessa maneira, é normal que muitos médicos ainda tenham dúvidas quanto às suas possibilidades, benefícios e perspectivas.

Para que você saiba como aderir à teleconsulta médica e desfrutar de todos os seus benefícios, mesmo no pós-pandemia, elenquei abaixo algumas das perguntas mais comuns sobre o assunto, com breves respostas para elucidar o tema.

Descubra a resposta para as principais dúvidas sobre teleconsulta médica!

Não é por acaso que destaco a teleconsulta médica como uma das principais tendências da medicina.

Mais que uma possibilidade, a Telemedicina já é um recurso que impacta diretamente as rotinas dos especialistas. Além disso, promete se tornar ainda mais recorrente com a popularização das tecnologias de comunicação.

Outro ponto importante é a sua aceitação entre os pacientes. De acordo com dados levantados em matéria do blog Valor, no Brasil, quase 60% deles já se sentem confortáveis em realizar essa modalidade de atendimento

Porém, para que a teleconsulta médica seja aproveitada com eficácia e segurança, é importante conhecer as suas principais peculiaridades.

Entre as questões mais importantes e recorrentes que pautam o tema, destaco:

O que é e quais são os tipos de teleconsulta médica?

A teleconsulta médica pode ser definida resumidamente como uma modalidade de consulta à distância, em que o médico e o paciente não estão no mesmo ambiente físico.

Isso é viabilizado por meio de plataformas de Telemedicina ou mesmo aplicativos de videoconferência, que permitem ao especialista conversar e orientar os indivíduos atendidos.

Basicamente, qualquer área médica pode ter suas consultas feitas na modalidade, como:

  • Pediatria;
  • Cardiologia;
  • Neurologia;
  • Pneumologia;
  • Dermatologia;
  • Radiologia;
  • Entre outras.

Por regra, a teleconsulta médica abrange qualquer tipo de atendimento que não dependa do contato físico com o paciente.

Dessa maneira, ela pode ocorrer para retornos de consulta, monitoramento, acompanhamento, em consultas iniciais e outros casos semelhantes.

Como funciona a teleconsulta médica?

A teleconsulta médica pode ser feita pelo profissional tanto para o atendimento de pacientes, quanto na reunião junto a outros médicos ou especialistas de saúde, seja para buscar uma segunda opinião, para tirar dúvidas ou mesmo receber orientações.

O contato junto aos pacientes pode ocorrer de duas formas: de maneira síncrona e assíncrona.

No primeiro caso, a teleconsulta é feita em tempo real, geralmente por meio de ligações de áudio ou vídeo. Isso significa que ela é mais voltada para situações que necessitam de atenção médica imediata.

Já na teleconsulta assíncrona, o médico pode se comunicar em horários distintos com o paciente, geralmente por meio de mensagens. Esse caso é mais indicado para quem não precisa de atendimento imediato, o que inclui informações sobre dúvidas ou o acompanhamento de determinadas condições.

Em ambas as situações, é fundamental contar com uma boa plataforma de Telemedicina, pois só ela reunirá todos os recursos necessários para viabilizar as consultas com segurança e excelência.

Por meio desse tipo de tecnologia, você pode: 

Quais profissões podem utilizar a teleconsulta?

A Telemedicina possui recursos e regulamentações próprias para diferentes áreas de atuação.

No Brasil, além das normas e orientações voltadas aos médicos (que explicarei melhor ao longo do artigo) também existem possibilidades previstas para os seguintes profissionais:

  • Enfermeiros: a Resolução COFEN 0487/2015 permite que os profissionais da área emitam prescrições remotas em situações emergenciais ou de urgência, vetando essa possibilidade para quaisquer outras circunstâncias;
  • Psicólogos: por meio da resolução CFP 011/2012, atendimentos, orientações e aplicações de testes à distância passaram a ser permitidos;
  • Fonoaudiólogos: segundo a CFFa 427/2013, os profissionais podem oferecer consultas à distância para esclarecer dúvidas e prestar orientações. Avaliações clínicas, tratamentos e diagnósticos seguem vetados.

Quais são as vantagens para médicos?

A principal vantagem da teleconsulta médica para os profissionais de saúde é justamente sua capacidade de aprimorar os serviços prestados.

Quais as vantagens da teleconsulta médica?

Os atendimentos à distância são mais objetivos e garantem mais produtividade na rotina de trabalho.

Isso não só aprimora a organização da agenda, como também aumenta a capacidade do profissional de ampliar seu público e o alcance de seus atendimentos.

Além disso, os pacientes não precisam sequer pertencer à região onde está a clínica ou consultório, já que a internet elimina barreiras geográficas.

Como se não bastasse, em casos sensíveis, como naqueles com risco de contágio, o médico pode desempenhar sua função com qualidade sem se preocupar com sua integridade.

Nesse sentido, a teleconsulta médica também manteve o fluxo de atendimentos de diversos especialistas durante a pandemia. Afinal, neste momento, receber pessoas no consultório se tornou impossível em muitos casos.

Quais são as vantagens para os pacientes?

No caso dos pacientes, a teleconsulta médica possibilitou que o acesso à saúde se tornasse mais democrático.

Isso porque, os atendimentos à distância geralmente são mais baratos do que os convencionais, podem ser fornecidos para pessoas com dificuldades de locomoção ou mesmo para aqueles que moram em áreas de difícil acesso!

Além disso, os atendimentos são mais ágeis e também reduzem as procuras nos postos de atendimento relacionadas a problemas menos graves, o que diminui sua lotação e garante uma estrutura de saúde mais adequada para toda a população.

Quais as conquistas da teleconsulta médica no Brasil?

Seria impossível tratar sobre as conquistas da teleconsulta médica no Brasil sem abordar também o histórico de sua legislação (que também é repleto de percalços).

Porém, julgo que as normas e regulamentações que regem a área merecem um tópico próprio, portanto voltarei ao assunto logo abaixo.

Neste momento, julgo importante ressaltar as conquistas pioneiras na Telemedicina brasileira, que certamente tiveram influência direta sobre as conquistas e boas perspectivas que tratarei adiante.

A primeira menção é para a Rede Sarah, que foi a primeira do país a utilizar um sistema de videochamadas para trocar informações entre seus hospitais, ainda em 1994.

Cinco anos depois, em 1999, o Hospital Sírio-Libanês aderiu à prática, passando a promover videoconferências em saúde.

Já em 2007, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul criou o projeto TelessaúdeRS, que apesar do nome, era de iniciativa nacional.

Por meio da ação, mais de 90 mil teleconsultas médicas foram feitas por telefone. Assim, contribuindo para uma redução de 80 mil pessoas nas filas de espera nas unidades de saúde pública.

Os resultados da ação foram tão significativos, que outras cidades aderiram ao serviço para regular as filas, como Maceió, Rio de Janeiro, Manaus e Brasília.

O que diz a legislação sobre teleconsulta médica?

O primeiro marco legislativo da teleconsulta médica no Brasil data de 2002, quando o Conselho Federal de Medicina, por meio da Resolução nº 1.643/2002, permitiu que os especialistas tivessem autonomia para optar sobre o uso de recursos de Telemedicina.

Porém, em 2009, a Resolução nº 1.931 vetou que a prescrição de tratamentos, medicamentos e procedimentos clínicos em geral fossem feitas sem o contato direto com os pacientes e sem a realização de exames físicos.

Por sua vez, em 2011, o Ministério da Saúde emitiu a Portaria MS nº 2.546, seguida pela resolução nº 2.107 de 2014, que ampliaram o tema e passaram a liberar telediagnósticos.

Assim, no ano de 2015, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Telessaúde, através da Nota Técnica 50.

Entre as obrigações definidas, está a previsão de que os indicadores vigentes para diagnósticos sejam devidamente observados na definição diagnóstica em Telessaúde, assim como os parâmetros clínicos.

Desde então, a Telemedicina seguiu muito limitada no Brasil, com a possibilidade de teleconsulta médica ainda proibida.

Contudo, em março de 2020, o Ministério da Saúde lançou a Portaria nº 467, liberando atendimentos à distância durante o enfrentamento da COVID-19.

Entre as modalidades permitidas, estão:

  • Teleorientação;
  • Telemonitoramento;
  • Teleinterconsulta.

Por mais que a regulamentação deva durar apenas durante o período de pandemia, a tendência é que a Telemedicina avance ainda mais quando o período de calamidade cessar.

Isso porque, cada vez mais médicos passaram a desfrutar e comprovar sua qualidade e segurança, o que favorece a criação de leis definitivas e mais alinhadas aos benefícios que a modalidade proporciona para toda a população!

Quais são as limitações da teleconsulta médica hoje?

Como ressaltei anteriormente, se levarmos apenas a Resolução nº 1974/2011 em consideração, a teleconsulta médica não é permitida no Brasil. Porém, durante o período de pandemia, ela foi liberada graças à Portaria nº 467.

Além disso, a tendência é que novas normas deem lugar à legislação vigente no “novo normal”, de forma a ampliar a área e suas vantagens junto a médicos e pacientes.

Outro ponto que merece atenção é o parecer CFM 14. Ainda em 2017, ele permitiu o uso de aplicativos de comunicação, como o WhatsApp e o Telegram, para o contato de médicos com pacientes.

Por mais que essa prática seja liberada, ela só pode ser feita caso um atendimento presencial já tenha sido feito.

Como a teleconsulta médica acontece no mundo?

Para que você tenha uma noção melhor do contexto da legislação brasileira sobre teleconsulta médica, elenquei algumas informações sobre locais em que ela é liberada:

  • Europa: são 28 países que permitem a Telemedicina. Em que 24 têm normas específicas para a área, 17 liberam teleconsultas sem restrições e 3 têm pequenas reservas, ligadas a segmentos com falta de médicos, casos emergenciais e necessidade de primeira consulta;
  • Estados Unidos: 19 estados realizam a teleconsulta médica em sua forma plena. Além disso, 31 exigem ao menos um atendimento presencial e apenas 3 obrigam que o contato pessoal seja constante;
  • Austrália: é pioneira em teleconsultas, liberando a modalidade desde 1994;
  • Japão: permite teleconsultas médicas desde 1997;
  • México: desde 2001, o país libera atendimentos à distância para pacientes residentes em zonas rurais;
  • Canadá: as teleconsultas médicas são utilizadas em toda a população, mas tem seu maior foco na promoção de saúde para moradores da zona rural;
  • China: em 2010, o país implementou um projeto piloto que já atendeu mais de 100 mil pessoas, empregando inclusive dispositivos de monitoramento remoto para acompanhar as condições de saúde da população atendida.

O que é preciso saber antes de adotar a teleconsulta?

Além de conhecer as possibilidades e restrições reguladas pela legislação brasileira, os interessados em adotar a teleconsulta médica também precisam conhecer os seus principais requisitos.

Em primeiro lugar, é indispensável adotar uma plataforma de teleconsulta que assegure a segurança e a privacidade das informações dos pacientes.

Outro ponto de suma importância é que o sistema escolhido deve oferecer recursos que possibilitem as consultas à distância com qualidade. Isso vai desde ferramentas de chamada de vídeo, até para a elaboração de prontuários, recebimento de laudos, e assim por diante.

Entre outros requisitos, estão:

  • Uma boa conexão à internet;
  • Um computador de boa qualidade com uma boa câmera;
  • Reorganização da agenda médica;
  • Treinamento dos colaboradores envolvidos;
  • Orientação adequada aos pacientes.

Quais são as regras para oferecer teleconsulta médica?

Levando as regras do CFM e do Ministério da Saúde em consideração, a Telemedicina pode ser realizada por meio de consultas pré-clínicas, de monitoramento, diagnóstico e suporte assistencial.

Outra exigência de suma importância é o sigilo médico e a garantia de total segurança para as informações dos pacientes.

Nesse sentido, reforço a importância de um bom sistema voltado à área, que deve contar com protocolos sólidos de segurança para evitar vazamentos e conferir rastreabilidade de todo o processo de atendimento.

Para conferir conformidade e validade jurídica aos documentos utilizados à distância, como é o caso das prescrições e dos laudos, também é importante contar com uma ferramenta de assinatura digital, dentro dos padrões ICP-Brasil.

Como manter o atendimento humanizado na teleconsulta?

Por mais desafiador que possa parecer o atendimento humanizado sem o contato físico junto ao paciente, ele é possível e precisa ser promovido sempre com excelência.

Não é novidade que a tecnologia está cada vez mais presente em nosso cotidiano, e que ela será parte cada vez mais fundamental de qualquer rotina médica, inclusive nas consultas.

Sendo assim, é indispensável que os médicos saibam como se adaptar aos seus novos paradigmas, preservando o cuidado e a abordagem humana junto às pessoas que atende.

Para isso, entender as angústias, dúvidas e queixas dos pacientes continua sendo fundamental. E lembre-se: sempre com empatia e observação aos impactos que cada problema pode ter sobre a vida e o comportamento dos indivíduos.

Conclusão

Os benefícios das teleconsultas são inegáveis. Assim como o seu potencial para ampliar o alcance dos atendimentos e melhorar a gestão do tempo dos profissionais envolvidos.

Ainda que muitos médicos tenham dúvidas sobre o assunto, sua adesão tende a ocorrer de forma natural. 

teleconsulta médica e as tecnologias

A Telemedicina será integrada à área da saúde, assim como as demais tecnologias que hoje já são indispensáveis nas clínicas e hospitais.

Aos profissionais que pretendem aderir à prática, cabe se aprofundar em suas principais questões, particularidades, exigências e possibilidades, a fim de garantir atendimentos de excelência, humanizados e mais acessíveis aos pacientes!

Quer conhecer ainda mais possibilidades da teleconsulta médica e se informar sobre os principais avanços da saúde? A Telemedicina Morsch oferece conteúdos completos e gratuitos, para ajudar você a se tornar um profissional ainda mais preparado para os novos desafios da medicina! Assine a newsletter e continue acompanhando nossos artigos.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin