Ressonância magnética: o que é, como funciona e para que serve?

Por Dr. José Aldair Morsch, 10 de novembro de 2016
aparelho de ressonância magnética

Os diferentes tipos de ressonância magnética permitem estudar em detalhes os tecidos de menor densidade, graças ao processo de formação dos registros da RM.

É por isso que ela é conhecida como o melhor exame de diagnóstico por imagem da atualidade, superando métodos como o raio-X e a tomografia computadorizada.

Neste artigo, apresento um panorama completo sobre a RM, protocolos para o procedimento e como interpretar as imagens.

Explico também de que forma se beneficiar da telemedicina e laudos a distância para o exame.

Acompanhe até o final.

O que é ressonância magnética?

Ressonância magnética é um método diagnóstico que emprega ondas de rádio e um campo magnético para captar imagens internas de alta resolução.

Sua técnica é indolor, não invasiva e relativamente rápida, embora certos exames precisem de algumas horas para serem concluídos.

Por permitir a visualização de detalhes dos tecidos moles (de menor densidade), a RM costuma ser solicitada como suporte à investigação de anormalidades em órgãos, músculos e articulações.

Mas também é útil no diagnóstico de tumores ósseos, por exemplo.

Qual a diferença entre tomografia e ressonância magnética?

Tanto a tomografia quanto a ressonância magnética são procedimentos que contam com tecnologias inovadoras.

Isso é uma semelhança, mas também estabelece uma diferença conforme o tipo de tecnologia empregada.

Enquanto a ressonância utiliza ondas magnéticas e de rádio, a tomografia usa feixes de raio X combinados a um tubo giratório.

A movimentação do tubo do tomógrafo possibilita a aquisição de vários cortes transversais, equivalentes a radiografias simples a partir de ângulos diferentes.

Os equipamentos mais modernos viabilizam a união desses registros para formar imagens em 3D.

Já o aparelho de RM consiste num grande tubo, por onde a maca onde está o paciente se move para captar as imagens, que também podem ser apresentadas em 3D.

Contudo, o campo espacial da ressonância é mais amplo que o da tomografia, o que aumenta a qualidade dos registros.

Outra diferença fundamental está na radiação ionizante, presente na TC, mas não na RM.

Daí o fato de a ressonância ser indicada até mesmo para grupos sensíveis, como gestantes e crianças.

Para que serve a ressonância magnética?

É um exame médico que usa imagens em alta definição para visualizar a maioria dos órgãos internos do nosso corpo, como cabeça, pescoço, tórax, abdome e membros.

A ressonância magnética se destaca como o melhor exame de imagem médica por não utilizar radiação ionizante para gerar as imagens e, com isso, não expor o paciente a riscos significativos.

Quanto existem dúvidas nos resultados de Rx digital ou tomografia computadorizada, a RM é indicada para esclarecer o diagnóstico e embasar a recomendação da melhor alternativa de tratamento.

Diferente da tomografia, que usa contraste iodado, o exame de ressonância com contraste usa o gadolínio, que traz menos reações alérgicas e menor comprometimento da função renal.

O que é o contraste na ressonância magnética?

Mencionei acima o uso de contraste à base de gadolínio para alguns exames de ressonância magnética.

O contraste pode ser definido como um composto que dá evidência a certas partes do organismo, fazendo com que apareçam com maior nitidez nas imagens radiológicas.

Basicamente, o contraste altera o campo magnético do tecido avaliado, que emite um sinal específico.

Além da RM, exames como raio X e tomografia também podem empregar meios de contraste.

Porém, eles costumam usar compostos iodados (à base de iodo), conhecidos pelo potencial de provocar alergias e outras reações adversas.

Já o gadolínio raramente causa efeitos colaterais, sendo praticamente livre de contraindicações.

A substância é útil para investigar patologias como o câncer de mama, revelando, por exemplo, microcalcificações dificilmente vistas na mamografia.

Outros tipos de tumor também aparecem com clareza utilizando o contraste, pois são estruturas hipervascularizadas.

O composto ainda auxilia no diagnóstico de Alzheimer, aneurisma, acidente vascular cerebral (AVC), doença arterial coronariana (DAC) e outras patologias que acometem os vasos sanguíneos.

ressonancia magnetica

Paciente deitado na mesa que fará a RM

O que a ressonância magnética detecta?

É indicada em investigação de pelo menos 9 doenças:

  1. Esclerose múltipla
  2. Tumores na glândula pituitária  e outros tumores no cérebro
  3. Infecções ou inflamações no cérebro, medula espinal ou articulações
  4. Ligamentos rompidos no pulso, joelho, ombro e tornozelo
  5. Tendinite e calcificações
  6. Massas ou cistos nos tecidos macios do corpo, como o cisto de mama
  7. Tumores ósseos, cistos e hérnias de disco na coluna
  8. Acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico
  9. Espondilite anquilosante.

 

Como funciona a ressonância magnética?

A tecnologia por trás das imagens da RM combina um grande ímã a ondas de rádio.

Quando o equipamento de ressonância é ligado, emite um campo magnético que promove o realinhamento em partículas (prótons) de átomos de hidrogênio.

É a partir da detecção dessas partículas que as imagens são formadas, com o suporte de ondas de rádio.

Os sinais são enviados a um computador com algoritmo específico para que sejam decodificados em imagens.

Como é feita a ressonância magnética?

A RM não provoca nenhum tipo de dor.

Alguns pacientes podem sentir desconforto por ficarem em um espaço fechado e sem poder se mover, mas o ambiente é preparado com uma atmosfera agradável, inclusive para pacientes pediátricos.

Após o preparo, o aparelho de ressonância é ligado, fazendo com a maca onde o paciente se encontra deslize para dentro do grande tubo.

Ali, o campo magnético é produzido, influenciando momentaneamente as partículas de hidrogênio para que se movam e, em seguida, sejam realinhadas.

Simultaneamente, são emitidas ondas de radiofrequência, permitindo o registro da movimentação das partículas e a formação das imagens.

Durante a execução dos cortes com emissão de ondas de rádio, ocorre a formação de um barulho alto, incomodativo.

Por isso, é colocado um protetor de ouvido e, ao lado da mão do paciente, fica um dispositivo para chamar o técnico no caso de algum desconforto.

Durante todo o tempo, o técnico responsável fica na sala de comando, ao lado do aparelho, monitorando o exame e se comunicando com o paciente por meio de um interfone.

Para que o mapeamento com cortes precisos seja correto, o paciente precisa ficar imóvel, pois um deslocamento de apenas 3 milímetros pode inutilizar completamente o procedimento.

Após a finalização do exame, o paciente é conduzido para a sala de vestir, se troca e é liberado.

Veja detalhes sobre o preparo da RM a seguir.

RM

Sala de exame de RM

Preparação para a RM

No horário marcado, o paciente é preparado, colocando um avental do serviço para evitar a entrada de objetos metálicos na sala de ressonância.

Ele deve responder a perguntas sobre uso de próteses metálicas, de marcapasso, medo de lugares fechados, medicamentos que utiliza, cirurgias prévias e motivo do exame.

Após assinar um termo de consentimento, ele é levado para a sala de RM e posicionado em decúbito dorsal na mesa do equipamento.

Como expliquei acima, essa maca o leva para o interior do aparelho, permitindo o início do exame de RM.

Caso haja indicação de RM contrastada, o gadolínio é injetado por via intravenosa antes que o aparelho de ressonância seja ligado.

Também é comum que o paciente receba um protetor de ouvido para diminuir o incômodo dos sons altos gerados durante o procedimento.

Quanto tempo dura uma ressonância magnética?

A duração depende do tipo de ressonância, indicação de contraste e se há colaboração do paciente.

O procedimento pode durar de cerca de 30 minutos até duas horas, considerando essas variáveis.

Crianças e pessoas com dificuldade para se manter imóveis, por exemplo, podem precisar de sedação leve, o que aumenta o tempo de preparo para o exame.

O mesmo raciocínio se aplica quando o paciente se move durante o procedimento, inviabilizando o uso das imagens.

A prescrição de contraste também eleva o período dedicado ao preparo, uma vez que será preciso fazer a punção venosa, injetar o gadolínio, retirar a agulha e fazer um pequeno curativo após a aquisição dos registros.

Por fim, o nível de complexidade também pode estender o tempo de exame, a exemplo do que ocorre na angiorressonância magnética cerebral, usada para visualizar o interior das artérias do cérebro.

Qual médico faz ressonância magnética?

Geralmente, o exame é feito por um técnico em radiologia devidamente treinado.

Esse profissional tem amplo conhecimento sobre o preparo e a realização de exames radiológicos.

No entanto, como determina o CFM, somente médicos radiologistas podem interpretar e laudar a ressonância magnética.

Já a solicitação do exame pode vir de médicos generalistas ou especialistas, a exemplo de:

 

Quanto custa um aparelho de ressonância magnética?

O preço do aparelho de RM pode variar bastante, dependendo de sua capacidade, funcionalidades, modelo, fabricante, se é usado ou novo.

De qualquer forma, essa máquina costuma estar entre os maiores investimentos de hospitais e clínicas.

O custo de um aparelho novo está estimado entre US$ 1,5 milhão e mais de US$ 3 milhões.

Tipos de ressonância magnética

Há diferentes tipos de ressonância magnética, que variam conforme a área do corpo examinada.

Abaixo, falo sobre os principais.

Ressonância magnética do tórax, abdome ou bacia

Serve para diagnosticar infecções, inflamações, tumores ou massas em órgãos como útero, ovários, intestino grosso ou intestino delgado, próstata, vesícula seminal, bexiga, pâncreas, coração, pneumonias, enfisemas, bolas fúngicas no tórax.

Ressonância magnética do crânio

Investiga malformações cerebrais, hemorragia interna espontânea no hipertenso, trombose cerebral, também conhecida como AVC, tumores cerebrais, inflamações, infecções no cérebro ou nas suas veias, Alzheimer, demência, esclerose múltipla.

Ressonância magnética da coluna e articulações sacro-ilíacas

Investiga problemas na coluna como espondilite anquilosante e medula espinhal, tumores, calcificações ou fragmentos de ossos após fraturas, ou corpo estranho após ferimento por arma de fogo.

Ressonância magnética de articulações como ombro, cotovelo, punho, joelho ou tornozelo

Serve para avaliar os tecidos moles dentro da articulação, afetados por condições como bursites, tendinites e ruptura de ligamentos.

RNM

Técnico em radiologia realizando o exame de RM

Vantagens da ressonância magnética

Ao longo deste artigo, citei algumas das vantagens da ressonância magnética.

Contraindicações raras e imagens de alta resolução estão entre elas, mas não são as únicas.

A seguir, trago uma lista com os principais benefícios da RM:

  • Possibilidade de diagnóstico de doenças em estágio inicial, que não aparecem em outros métodos como o raio-X e a tomografia
  • Suporte à investigação de patologias cerebrais em primeiro estágio, permitindo a adoção de terapias que retardam o avanço de doenças como o Alzheimer
  • Preserva o paciente da exposição à radiação ionizante e consequente acúmulo dessa energia no organismo. Esse tipo de radiação tem potencial cancerígeno
  • Pode ser indicada para gestantes e crianças
  • É um exame relativamente rápido, com duração média de 30 minutos
  • É totalmente indolor para o paciente
  • Não utiliza contraste iodado, evitando reações adversas ao iodo
  • Pode ser repetida quantas vezes for preciso para a aquisição de registros suficientes
  • A descrição das doenças em detalhes é extremamente completa.

 

Quem não pode fazer ressonância magnética?

Embora haja poucas contraindicações para a RM, elas existem.

Pessoas que tenham próteses metálicas no corpo, como prótese coclear ou alguns tipos de marcapasso cardíaco não devem realizar a RM, devido ao forte campo magnético produzido pelo equipamento.

Deve-se ter cuidado, ainda, com quem fez tatuagem há menos de três meses ou sofre de claustrofobia (medo de permanecer em locais fechados).

Mulheres grávidas podem se submeter ao exame, contudo, o ideal é evitar a ressonância durante o primeiro trimestre da gestação.

Falando especificamente da RM com contraste, ela é contraindicada para recém-nascidos de até 4 meses, gestantes e mulheres que estejam amamentando.

Assim como para indivíduos com insuficiência renal avançada, que já fizeram transplante de rim ou hemodiálise.

Riscos da ressonância magnética

Ainda que o gadolínio não apresente riscos para a maioria das pessoas, esse composto pode causar reações adversas em 2% a 4% dos pacientes.

Inclusive eventos potencialmente fatais, como o choque anafilático.

A ressonância contrastada também é capaz de provocar complicações crônicas em doentes com insuficiência renal, uma vez que o contraste é eliminado através da urina.

Nesse cenário, é importante que indivíduos com qualquer problema renal ou idade acima de 60 anos realizem um exame de creatina para serem submetidos à RM com segurança.

Pacientes obesos ou claustrofóbicos podem ser avaliados por meio da ressonância de campo aberto, que gera imagens de menor qualidade, entretanto, com maior conforto.

Como interpretar o resultado da ressonância magnética?

A análise da RM é reservada a radiologistas qualificados na área do exame, que possuem conhecimentos sobre a anatomia e funcionamento dos tecidos observados.

Além, é claro, de saberes a respeito da tecnologia envolvida na ressonância magnética, que permite a produção da imagem ponto a ponto numa matriz. 

De forma básica, a interpretação das imagens de ressonância magnética envolve:

  • Considerar a hipótese diagnóstica e dados do histórico do paciente
  • Verificar as incidências e anatomia normal da região estudada
  • Buscar sinais de movimentos, incluindo incursões respiratórias na RM de tórax, que podem alterar o padrão dos registros
  • Procurar manifestações de doenças e agravos comuns na área examinada, como rupturas nos ossos do quadril de idosos – que podem indicar osteopenia.

 

Telemedicina agiliza os laudos da ressonância magnética

Se a clínica radiológica contratar uma empresa de telemedicina, consegue liberar o resultado do exame em minutos ou imediatamente, nas urgências.

Isso porque empresas modernas como a Telemedicina Morsch realizam uma configuração no aparelho de ressonância magnética, permitindo que envie os registros diretamente para o PACS.

Em seguida, um radiologista da equipe de especialistas logados na plataforma online interpreta os exames e assina o laudo digitalmente.

Essa facilidade viabiliza o diagnóstico rápido, reduzindo os custos para a clínica ou hospital.

Basta enviar as imagens de RM para que sejam analisadas a distância usando uma plataforma de telemedicina.

Graças ao telediagnóstico, estabelecimentos distantes dos centros urbanos podem contar com exames precisos e detalhados como a ressonância magnética, sem precisar manter um radiologista in loco.

Afinal, dá para contar com o time de especialistas da Morsch para receber laudos online em com agilidade, dispensando gastos com deslocamentos.

Apesar de ser o exame de imagem mais específico na atualidade, a RM acaba restrita em função do alto custo e da estrutura necessária para montar o serviço.

Aproveitar os benefícios da telemedicina para interpretar os exames irá baratear os custos dos laudos médicos e ampliar o acesso a exames para a população de sua região.

Clique aqui para aproveitar as vantagens da telemedicina radiológica.

Conclusão

São muitos os benefícios da ressonância magnética para pacientes, estabelecimentos e profissionais de saúde.

Neste texto, apresentei as vantagens, a tecnologia envolvida e as principais doenças diagnosticadas com o suporte da RM.

Mostrei também as oportunidades disponibilizadas pelo sistema de telemedicina online, que viabiliza a entrega do laudo da ressonância de forma ágil.

Conte com a experiência da Telemedicina Morsch para otimizar a interpretação dos exames radiológicos na sua clínica.

Se gostou deste conteúdo, leia mais artigos sobre radiologia que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin