O infarto é decorrente da aterosclerose, entenda como acontece

Por Dr. José Aldair Morsch, 14 de junho de 2015
Aterosclerose

Quem já ouviu falar de aterosclerose, vulgarmente chamado de entupimento das artérias? A resposta é todo mundo, mas você sabe como isso acontece?

As artérias são vasos sanguíneos que conduzem  sangue com oxigênio e nutrientes para o nosso corpo. Junto com os nutrientes temos o colesterol que é um tipo de gordura.

A aterosclerose é uma condição degenerativa de endurecimento e espessamento das paredes arteriais que costuma ocorrer pela idade somada a fatores genéticos, pressão alta, diabetes e depósito de colesterol.

Algum grau de aterosclerose está presente em praticamente todas as pessoas acima de 50 anos, sendo um fenômeno normal do envelhecimento. Ela predomina no sexo masculino, sendo a principal causa de morte no mundo ocidental. Nestes casos não sentimos nada e morremos de forma natural.

O que é aterosclerose?

Em resumo, a resposta para o que é aterosclerose é simples. Ou seja, é o acúmulo de placas de gordura, cálcio e outros tipos de substância nas artérias.

Além do coração, a doença também pode atingir outras áreas do organismo (de forma localizada ou difusa). Isso inclui os membros inferiores, o cérebro, entre outros. 

Por conta dos depósitos acumulados nos vasos sanguíneos, a passagem de sangue fica dificultada. No processo, as artérias se tornam mais estreitas e se enrijecem.

A patologia evolui gradualmente. Com o passar dos anos, as placas crescem e os estreitamentos se agravam. 

Como resultado desse processo, pode ocorrer uma obstrução completa, que restringe o fluxo de sangue da região afetada. 

Dessa forma, a parte do corpo atingida recebe menos nutrientes e oxigênio, o que faz suas funções serem comprometidas.

Dependendo da evolução, o quadro pode desencadear infartos, derrames, AVC e até a morte súbita. 

Por conta dessa variabilidade, os tratamentos também mudam de acordo com cada paciente. Eles vão desde mudanças nos hábitos cotidianos, até o consumo de remédios e cirurgias. 

Para entender melhor o que é aterosclerose e quais seus impactos, veja abaixo mais detalhes sobre a importância do seu diagnóstico. 

Por que é importante diagnosticar a aterosclerose?

Primeiramente, vale ressaltar que, a aterosclerose é uma condição degenerativa que leva ao endurecimento e espessamento das paredes arteriais

Quando ocorre essa mudança estrutural, a passagem do sangue pelos vasos não consegue ocorrer normalmente. 

Ou seja, o fluxo sanguíneo fica prejudicado, fazendo com que os órgãos não recebam a quantidade ideal de sangue e oxigênio.

Em seguida, podem ocorrer uma série de problemas de saúde, dependendo de onde a circulação foi comprometida. Os mais comuns são:

  • Infarto;
  • AVC isquêmico;
  • Derrame cerebral;
  • Angina (dor no peito).

E mais: a falta de tratamento adequado pode levar a pessoa à óbito.

Logo, é essencial entender o que é aterosclerose e realizar exames de rotina – especialmente se a pessoa fizer parte do grupo de risco.

Com isso, é possível promover o diagnóstico precoce, permitindo realizar as manobras necessárias para evitar que os sintomas e o quadro clínico piorem a ponto de se tornar algo ainda mais grave.

Quais são os tipos de aterosclerose?

Senil: há alterações das fibras elásticas que se tornam tecido fibroso e atrofia das células musculares, o que provoca perda de elasticidade das artérias e aumento da pressão arterial.

De Monckberg: é caracterizada pela necrose e calcificação da camada média muscular, lesões que podem existir sem ocasionar alteração circulatória, por não provocar nenhuma obstrução nem a formação de aneurismas.

Aterosclerose clássica: é acompanhada de alterações nas paredes internas das artérias, que se tornam mais rugosas e irregulares, dificultando a circulação e favorecendo a formação de placas (principalmente depósitos de gordura, colesterol e cálcio) que as obstruem total ou parcialmente.

Algum desses trombos podem se desprender das paredes arteriais, viajarem pelos vasos mais calibrosos e obstruírem os de menor calibre, causando sobretudo, infarto do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais isquêmicos, gangrena de membros inferiores, etc.

Ou então essas placas crescem lentamente e acabam por causar uma obstrução arterial total.

Aterosclerose

Conheça os principais fatores que facilitam o surgimento da aterosclerose.

Quais são as causas de aterosclerose?

Em suma, há fatores hereditários que tornam uma pessoa mais propensa à aterosclerose que outras, mas alguns outros fatores são reconhecidamente favorecedores:

  • Sedentarismo;
  • Tabagismo;
  • Ingestão excessiva de gorduras;
  • Colesterol elevado no sangue;
  • Diabetes tipo I e II.

Por exemplo, o cigarro faz as paredes das artérias ficarem ásperas e facilita a adesão de colesterol. 

Quais são os sinais e sintomas da aterosclerose?

A aterosclerose gera sinais ou sintomas de acordo com o local afetado.

Ela é uma doença sistêmica, portanto atinge todo o organismo, mas os órgãos mais afetados são o coração, o cérebro e os membros inferiores.

Nestes casos leva ao desenvolvimento de infarto agudo do miocárdio, AVC e trombose das pernas ou nas grandes artérias do corpo.

Os sintomas principais gerados pela aterosclerose são consequência da diminuição do fluxo sanguíneo nesses órgãos:

Angina pectoris, infarto do miocárdio, relacionados a entupimento das coronárias.

AVC ou  derrame cerebral, relacionados a entupimento de artérias no cérebro.

Claudicação ou dor nas panturrilhas ao caminhar pequenas distâncias quando relacionados a entupimentos das pernas.

Fatores de risco da aterosclerose

Agora que você já sabe o que é aterosclerose e quais são as suas principais características, é importante manter-se atento aos seus fatores de risco mais importantes.

Normalmente, a doença é desencadeada pelo excesso de colesterol no sangue. Isso porque, sua presença gera uma reação inflamatória no endotélio. Ele é a capa de células responsável por revestir as paredes internas das artérias.

Quando isso ocorre, as placas começam a surgir. Com o passar do tempo, mais camadas vão sendo formadas, o que congestiona a circulação até que sua interrupção ocorra. 

Todas as pessoas devem saber o que é aterosclerose, pois ela atinge praticamente todo perfil de indivíduo. 

Em contrapartida, apesar de ser uma patologia mais percebida com o avanço da idade, vale relembrar que seu processo é lento. Inclusive, o surgimento começa por volta dos 20 anos de idade e dificilmente é detectado por exames de rotina.

Contudo, certos fatores de risco podem fazer com que a condição e seus agravamentos sejam acelerados. Somado a isso, as chances de surgimento também são maiores.

Esses fatores incluem as causas que já citei acima, como o ato de fumar, uma rotina sedentária, consumo excessivo de gorduras, colesterol alto e diabetes.

Além disso, também entram nessa lista condições como o sobrepeso e a obesidade, a pressão alta e a predisposição genética ligada ao histórico familiar. 

Como se diagnostica a aterosclerose?

Em primeiro lugar, o diagnóstico começa na consulta onde o paciente se queixa de dor no peito, dor nas pernas quando caminha uma certa distância.

Por palpação das artérias superficiais o médico pode sentir o estado de endurecimento e a irregularidade das formas das artérias.

Dessa forma, esses dados podem ser complementados pelo eletrocardiograma, que transmite uma ideia indireta da circulação nas artérias cardíacas, pela arteriografia e pelo Doppler, um exame que permite visualizar mais diretamente a circulação nas artérias.

Fiz um ecg e deu normal, então estou bem?

Infelizmente não. Entretanto, a aterosclerose é uma doença silenciosa.

Na maioria das vezes não aparece no eletrocardiograma pois está nos estágios iniciais.

Em outras palavras, para que apareça a aterosclerose no eletrocardiograma, deve haver pelo menos 70% ou mais de entupimento numa coronárias principal. Percebe que o diagnóstico é bem tardio com o ecg.

Para o diagnóstico precoce da aterosclerose, devemos realizar anualmente um teste de esforço em esteira.

É um exame que se mostra positivo nos estágios iniciais da doença.

infarto agudo do miocardio

Por não ser curável, é importante ter um acompanhamento constante e mudança de hábitos, como resultado.

O que um médico pode fazer?

Como você verá no item seguinte, outro ponto importante sobre o que é aterosclerose é a variabilidade dos tratamentos. As dúvidas sobre as possibilidades podem causar verdadeiras dores de cabeça entre os pacientes, o que torna relevante ter as alternativas bem claras. 

Depois do diagnóstico, o médico pode recomendar mudanças no estilo de vida do paciente. Contudo, isso só é efetivo se a doença estiver em estágios iniciais e o indivíduo sem riscos imediatos.

Portanto, a primeira intervenção de fato é a medicamentosa. Apesar de não existirem medicamentos específicos para a patologia, diversas alternativas podem ser empregadas para melhorar as condições dos pacientes e minimizar riscos de agravamentos. 

Agora, vale citar que os remédios devem ser determinados pelo cardiologista. Ele considera os resultados dos exames e o perfil da pessoa atendida para escolher a opção mais eficaz. A automedicação nunca deve ser considerada, pois além de ineficiente, pode gerar efeitos adversos e riscos ainda maiores.

Confira alguns exemplos de medicamentos usados contra a aterosclerose: 

  • Betabloqueadores: servem para diminuir os batimentos cardíacos e para baixar a pressão;
  • Inibidores da enzima conversora da angiotensina: também atuam para diminuir a pressão arterial, o que protege especialmente os rins e o coração;
  • Bloqueadores de canais de cálcio: além de baixar a pressão, eles relaxam as artérias e minimizam as tensões na região cardíaca;
  • Diuréticos: reduzem a pressão e eliminam água do organismo;
  • Antiplaquetários: correspondem à popular aspirina. Sua função é prevenir o desenvolvimento de coágulos nas artérias;
  • Estatinas: contribuem para a diminuição do colesterol;
  • Nitratos: otimizam o fluxo sanguíneo para o coração e aliviam a dor no peito sentida pelo paciente.

Junto dos remédios, é imprescindível que o paciente preze por um estilo de vida mais saudável. Nos casos mais severos, intervenções cirúrgicas podem ser necessárias. Saiba mais sobre elas nos itens seguintes.

Como é o tratamento da aterosclerose?

A aterosclerose não tem cura, mas sua progressão pode ser diminuída por um acompanhamento médico constante, mudanças no estilo de vida, remédios para reduzir o colesterol, modificações nos hábitos alimentares, perda de peso, suspensão do vicio de fumar e aumento da atividade física.

Nesse sentido, num estágio em que o entupimento arterial já esteja avançado, há a utilização de medicações vasodilatadoras.

Em estados mais avançados ainda, pode ser necessário fazer cateterismo cardíaco, angioplastia e até ponte de safena.

Aterosclerose se resolve com cirurgia?

Um dos pontos que mais geram dúvidas entre quem procura saber o que é aterosclerose é a possibilidade de realizar cirurgia.

As intervenções cirúrgicas só são recomendadas quando o uso de medicamentos não é mais eficaz na diminuição das placas de gordura nas paredes das artérias.

Assim, essa alternativa mais severa, sendo o último recurso para que a retirada da gordura e as demais substâncias em excesso do local. 

Afinal, como nos casos anteriores, as técnicas escolhidas variam. O tipo de intervenção é definido pelo especialista de acordo com a gravidade da doença e as necessidades do paciente.

Entre os tipos de cirurgias para aterosclerose, destacam-se: 

  • Cateterismo: serve para facilitar a passagem de sangue na artéria. Para isso, a parte obstruída abre-se com o auxílio de um tubo, inserido no paciente e movido até a área do vaso comprometido;
  • Angioplastia com balão: nesta cirurgia, o cateter inserido tem uma espécie de balão em sua extremidade. Geralmente há a inserção do tubo na artéria da virilha e guiado até o estreitamento. Quando ele chega na área, o balão é insuflado e dilata o vaso atingido;
  • Ponte de safena: trata-se de um procedimento em que substitui-se a artéria entupida do coração por outra. Geralmente, utiliza-se uma artéria retirada da perna;
  • Endarterectomia: por fim, há a opção de remover a placa diretamente da artéria. Isso é feito por meio de sua abertura e remoção cirúrgica. Geralmente, realiza-se o procedimento  quando a área afetada tem localização nas artérias carótidas.

Ciente sobre o que é aterosclerose e suas possibilidades de tratamento, você certamente concorda que o melhor caminho contra a doença é a prevenção. 

Em seguida, confira mais detalhes sobre as práticas preventivas mais recomendadas contra a patologia.

Como prevenir a aterosclerose?

  • Evitar os alimentos gordurosos, cigarro e bebidas alcoólicas.
  • Afastar-se da obesidade.
  • Manter controle da pressão arterial.
  • Ingerir frutas e verduras regularmente
  • Manter o controle do colesterol no sangue.
  • Manter controle do diabetes mellitus, se houver.
  • Praticar atividade física, regularmente.

Como posso me curar dessa doença?

A aterosclerose é uma doença evolutiva que não tem cura, embora possa ter diminuída a velocidade de sua progressão.

Nesse contexto, sob sua forma mais grave (e mais frequente), de aterosclerose, pode levar a complicações importantes e até fatais, como infarto do miocárdio, a isquemia cerebral, AVC e o aneurisma da aorta, entre outras.

Quais são os benefícios de um acompanhamento adequado?

Por se tratar de uma doença degenerativa e que não possui cura, o paciente precisa de um acompanhamento especial.

No caso, avalie as mudanças de hábito e se o tratamento está de acordo com o recomendado.

No caso do tratamento medicamentoso, observe se ele está oferecendo os resultados esperados ou se há a necessidade de promover alguma modificação.

Além disso, o acompanhamento adequado envolve a realização de exames periódicos, para avaliar se o quadro piorou ou se estabilizou, pensando sempre nas consequências mais graves que a condição pode causar. 

Logo, os principais benefícios desse acompanhamento são:

  • Estabilização ou melhora do quadro clínico;
  • Possibilidade de modificar o tratamento rapidamente, quando necessário;
  • Redução dos sintomas que podem surgir conforme a condição avança;
  • Promoção de bem-estar e qualidade de vida, apesar da condição existente;
  • Prevenção de doenças mais graves relacionadas à circulação sanguínea baixa ou ineficiente.

Como a Telemedicina Morsch pode contribuir no diagnóstico da aterosclerose?

A Telemedicina Morsch é uma empresa de telemedicina que oferece a modalidade de laudo à distância.

Ela disponibiliza uma plataforma de telemedicina em nuvem que permite que clínicas e hospitais encaminhem exames pela internet para que sejam interpretados por especialistas das principais áreas de atuação.

No caso da aterosclerose, quem recebe as imagens a serem analisadas é o Cardiologista, que analisa os dados e libera os resultados na forma de laudo médico online em até 30 minutos.

Isso elimina a necessidade de clínicas e hospitais contarem com especialistas fisicamente presentes.

Afinal, a execução do exame ocorre por um técnico, que encaminha as imagens obtidas diretamente através da plataforma de telemedicina.

Isso é igualmente benéfico para os pacientes, especialmente aqueles que não moram nos grandes centros e, portanto, não têm acesso a hospitais e clínicas completas e com ampla infraestrutura.

Basta procurar uma instituição próxima que possua os aparelhos para realizar os exames, pois os laudos acontecem totalmente online.

Outra vantagem é a possibilidade de clínicas dispostas em regiões distantes receberem os aparelhos de eletrocardiograma em comodato – pagando apenas um aluguel e recebendo os laudos gratuitos mensalmente.

Assim, além de não precisarem desembolsar um valor alto para adquirir com os principais equipamentos para realizar exames especializados, ainda contam com laudos online ilimitados.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin