Quais as especialidades médicas que mais usam tecnologia?

Por Dr. José Aldair Morsch, 5 de abril de 2019
Especialidades médicas do futuro

Quais serão as especialidades médicas do futuro? Já pensou a respeito?

Certamente, novidades estão por vir, pois é assim que acontece há algumas décadas.

Inovações tecnológicas na comunicação e na saúde têm promovido transformações profundas na medicina, tanto na abordagem como no tratamento dos pacientes.

Essas mudanças permitiram que novos procedimentos fossem incorporados ao dia dia de hospitais e clínicas médicas.

Como exemplo, dá para citar o exame de partes internas do organismo humano sem cirurgia, muito menos invasivo e com foco na prevenção de doenças.

Em um futuro próximo, muitos outros avanços deverão ser consolidados, abrindo espaço para novos perfis de médicos e exigindo um aperfeiçoamento em especialidades que hoje são tradicionais.

Para saber mais sobre as principais habilidades e áreas promissoras, continue lendo este artigo.

A partir de agora, vamos conhecer as principais apostas para o futuro das especialidades médicas no Brasil e no mundo.

Boa leitura!

Especialidades médicas do futuro: o que podemos esperar?

O maior uso de tecnologias como robótica, genômica e inteligência artificial inspira diferentes previsões para a evolução das especialidades médicas.

Há quem acredite que, em breve, robôs serão capazes de realizar atividades que hoje são desempenhadas por especialistas, de forma tão ou mais precisa que esses profissionais.

É uma realidade possível, sem dúvidas, até porque já há sinais desse avanço.

Recentemente, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, criou um algoritmo que indica casos prováveis de câncer de pele.

Após receber treinamento com base em dados de cerca de 130 mil imagens de patologias na pele, a máquina se tornou tão precisa quanto dermatologistas para apontar o câncer.

O machine learning (aprendizado de máquina) também tem apoiado o desenvolvimento de braços robóticos que substituem cirurgiões durante as operações.

Esse tipo de cirurgia já é realidade há alguns anos, inclusive em hospitais brasileiros.

Para se ter uma ideia, 700 procedimentos foram feitos no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, apenas entre 2012 e 2015.

No entanto, não há razão para visualizar cenários apocalípticos, nos quais as máquinas substituirão por completo os médicos.

Afinal, por maior que seja sua contribuição, algoritmos e robôs não são capazes de avaliar aspectos morais, emocionais ou julgar situações conflituosas.

Essas decisões devem ser sempre tomadas por humanos que manejem bem as ferramentas disponíveis, culminando em diagnósticos assertivos e na democratização dos serviços de saúde.

O algoritmo que detecta câncer de pele, por exemplo, vai contribuir para uma avaliação mais ampla e rápida de grupos populacionais, levando ao diagnóstico e tratamento da doença precocemente.

Braços robóticos agregam precisão e reduzem as chances de erro durante cirurgias, mas precisam da supervisão de especialistas.

Portanto, o cenário que se apresenta para o futuro pede uma constante atualização profissional, conhecimento de dados e máquinas e gestão – tanto de recursos materiais quanto humanos.

Quais são as habilidades necessárias para os médicos do futuro?

Um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades“.

O conceito de saúde, definido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) se populariza à medida em que as abordagens ocidental e oriental sobre a medicina se aproximam.

A medicina ocidental se concentra no diagnóstico e tratamento de doenças, estudando os melhores procedimentos para aumentar as chances de recuperação do paciente.

A abordagem oriental, por outro lado, sempre disseminou a ideia de que as patologias se manifestam quando o organismo está em desequilíbrio, ou seja, a chave para uma medicina bem-sucedida está em hábitos saudáveis.

A integração entre essas duas perspectivas compõe uma visão ampla sobre as especialidades médicas, que tomam para si a missão de melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Para que seja concretizada, essa missão exige conhecimentos que vão além da medicina, englobando o funcionamento de novas tecnologias e negócios.

Vou falar agora sobre as principais habilidades dos médicos do futuro.

Fluência em tecnologias digitais

O campo da saúde foi um dos mais rapidamente impactados pela revolução digital, que agregou possibilidades animadoras para profissionais e pacientes.

No entanto, para que sejam bem aproveitadas, é necessário que os profissionais saibam manuseá-las da melhor forma, investindo na fluência em tecnologias digitais.

Nesse cenário, a urgência por atualização e treinamento deve crescer rapidamente.

Análise de dados é uma das especialidades médicas do futuro

Formada por dispositivos vestíveis (wearables) e apps para celular, a health mobile ou saúde móvel trabalha com dados para personalizar o atendimento e cuidados ao paciente.

Em alguns anos, o aumento no uso dessas tecnologias tem o potencial de gerar uma quantidade maciça de dados (big data), resultando em um histórico detalhado do paciente e alimentando bancos de dados sobre saúde.

O histórico mais completo deve ajudar médicos a conhecer melhor cada indivíduo, escolhendo os procedimentos, medicações e recomendações mais adequados ao seu perfil.

Já os bancos de dados poderão revelar tendências, histórico, dar suporte ao rastreamento e monitoramento de doenças e fatores de risco, fundamentando ações preventivas em larga escala.

Ambas as aplicações exigem especialistas bem informados e capazes de analisar os dados coletados por algoritmos.

Noções de programação também deve ser uma das especialidades médicas do futuro

Conhecer basicamente o funcionamento dos programas de computador e aplicativos já está se tornando uma vantagem competitiva entre profissionais de diversos setores.

E a saúde não é uma exceção.

É claro que médicos não precisarão compreender a linguagem de programação a fundo.

Porém, ter noções nessa área vai ajudar na avaliação de dados e identificação de tendências.

Gestão de pessoas

Uma das características mais marcantes da era digital é a fragmentação, fruto da grande quantidade de opções de produtos e serviços, além da grande oferta de informações.

Esse quadro mudou a dinâmica do mercado, levando profissionais a construir sua renda mensal a partir de várias fontes.

Na área da saúde, isso já era relativamente comum, uma vez que a maioria dos médicos trabalha em mais de um emprego ou tem seu próprio consultório ou clínica.

À frente de um negócio ou de equipes de saúde, médicos precisam adquirir a habilidade de gerir pessoas (e quem sabe futuramente robôs), de modo a se posicionarem como líderes eficientes e inspiradores.

Gerenciar os recursos humanos corretamente conduz a um atendimento mais humanizado, aumento na produtividade e qualidade dos cuidados em saúde.

Gestão de negócios

Empreendedores e gestores na área da saúde precisam se tornar bons administradores de empresas.

Caso contrário, clínicas, consultórios e hospitais podem perder pacientes e desperdiçar materiais, correndo o risco de sofrer impactos importantes no orçamento.

Para evitar esse cenário, especialistas devem investir em uma formação em negócios, tornando-se gestores capacitados a conduzir empresas saudáveis e lucrativas.

As 7 especialidades médicas do futuro mais promissoras

Quais as especialidades médicas do futuro mais promissoras

Áreas de pesquisa em diversos campos da ciência trazem novas especialidades para médicos.

Comentei, nos tópicos anteriores, que as inovações tecnológicas servirão para otimizar a rotina dos médicos, coletando dados para análise e realizando tarefas repetitivas ou de baixa complexidade.

Desse modo, especialistas poderão se concentrar no atendimento ao paciente e tomada de decisões importantes, como o melhor tratamento para uma pessoa com doença grave.

Confira, a seguir, as especialidades que mais se beneficiarão do uso de inteligência artificial e outras ferramentas.

Telerradiologia

A análise de imagens radiológicas e sua interpretação consomem boa parte do tempo desses especialistas atualmente.

Essa rotina pode mudar a partir do desenvolvimento do uso de inteligência artificial para criar algoritmos capazes de avaliar os registros de maneira assertiva.

É o caso do sistema desenvolvido pela empresa Arterys para analisar imagens cardíacas, aprovado pela FDA (órgão que controla alimentos e produtos de saúde nos Estados Unidos) em 2017.

O algoritmo utiliza deep learning, uma variação do machine learning, que configura parâmetros para permitir que o computador aprenda de forma autônoma, reconhecendo padrões nas imagens, a exemplo de anormalidades que possam sinalizar doenças no coração.

Daqui a alguns anos, outros sistemas semelhantes estarão operando, o que exigirá mais radiologistas para analisar os dados obtidos.

Médico virtualista é sem dúvida uma das especialidades médicas do futuro

Essa é uma das novas especialidades que surgirão com a popularização da telemedicina em todo o mundo.

A telemedicina utiliza tecnologias da informação e comunicação (TIC) para romper barreiras geográficas e possibilitar a troca de informações em saúde.

Emissão de laudos médicos a distância, segunda opinião qualificada e consultas entre profissionais e/ou pacientes são alguns serviços viabilizados por essa tecnologia.

Devido a benefícios, como comodidade e agilidade, unidades de saúde vêm aderindo cada vez mais à telemedicina, o que gera uma demanda por especialistas que saibam aplicá-la com eficácia.

Para tanto, precisam aprender a conduzir a interação virtual e se adequarem para as novas demandas do futuro.

Psiquiatria

A psiquiatria também se beneficiará dos serviços de telemedicina, permitindo o contato entre médico e paciente fora dos estabelecimentos de saúde.

Essa interação tende a favorecer tratamentos bem-sucedidos, pois o especialista pode observar seu paciente em um local no qual ele se sente seguro, como na própria residência.

Outra aplicação vantajosa envolve o uso de realidade virtual no tratamento de fobias.

Através de cenários criados especialmente para a abordagem médica, pacientes poderão enfrentar medos, como o de altura, sem arriscar a vida ou a saúde.

Além disso, os psiquiatras poderão comparar reações a diferentes cenários em um curto espaço de tempo.

Oncologia

Oncologia e dna estão intimamente envolvidos

Edição do DNA ira revolucionar a medicina.

Atualmente, um dos principais tratamentos contra tumores malignos, a quimioterapia, provoca uma série de efeitos colaterais nos pacientes, como a queda de cabelo e problemas gastrointestinais.

Esses efeitos ocorrem porque, durante o tratamento, células sadias são eliminadas junto às células doentes que causam o câncer.

Mas isso deverá mudar nas próximas décadas, com o aperfeiçoamento de técnicas que utilizam nanopartículas para direcionar os medicamentos somente ao tumor.

Um exemplo é a encapsulação do álcool perílico em Nanopartículas Lipídicas Sólidas, terapia que está em fase de estudo na Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE).

A pesquisa levará ao desenvolvimento de um nanomedicamento para tratar o câncer de cabeça e pescoço.

A nanotecnologia pode ser, ainda, combinada a fotoprocessos na administração de fármacos, resultando no combate e eliminação de células cancerosas em casos como cânceres de pele – exceto para melanomas.

Genética Médica é uma das especialidades médicas do futuro em crescimento

O estudo dos genes humanos não é um campo tão novo, mas avanços recentes têm propiciado uma rápida evolução no diagnóstico de doenças genéticas.

Elas são objeto de estudo da Medicina Genômica, uma das subáreas mais promissoras dentro da Genética Médica.

A Genômica identifica características pessoais do paciente, rastreando problemas de saúde e criando tratamentos personalizados e mais eficientes.

Medicina Nuclear

A especialidade se vale de materiais radioativos para fins terapêuticos e diagnósticos.

Por meio da administração de radiofármacos, a Medicina Nuclear apoia disciplinas como a cardiologia e neurologia, permitindo a visualização de anormalidades e alívio de sintomas do câncer, por exemplo.

Radiofármacos são substâncias que emitem baixas quantidades de radiação.

Como vimos, a nanotecnologia expandiu as possibilidades dessa área, direcionando os radiofármacos diretamente a células doentes.

Dermatologia

Ao longo deste texto, conhecemos algumas aplicações promissoras da inteligência artificial e machine learning na área dermatológica, que trata as desordens na pele.

Cânceres de pele podem ser identificados por algoritmos e tratados com o auxílio da nanotecnologia, de forma rápida, indolor e a custos relativamente baixos.

Robôs e Medicina Genômica também podem auxiliar em tratamentos estéticos, renovando e preservando células para promover uma aparência saudável.

Sobre a Telemedicina Morsch

Dentre as inovações que já integram o dia a dia dos brasileiros, podemos destacar a telemedicina e o serviço de laudos médicos a distância, que agregam agilidade e ampliam o portfólio de clínicas e hospitais.

Contando com uma estrutura básica, qualquer unidade de saúde pode se beneficiar desse serviço e oferecer mais exames a populações locais.

Basta treinar um técnico em radiologia ou enfermagem para que realize exames de diagnóstico por imagem usando aparelhos digitais.

Esses equipamentos enviam os registros a um computador, de onde os próprios técnicos podem compartilhar os dados via plataforma de telemedicina.

Em seguida, especialistas de diferentes áreas analisam e interpretam as imagens sob a luz do histórico do paciente e suspeita clínica.

Eles elaboram, então, o laudo médico e o assinam digitalmente.

Esse processo leva apenas alguns minutos, e logo o documento é liberado na mesma plataforma.

Graças à agilidade e a um time de profissionais dedicados à interpretação de testes, a Morsch emite pedidos urgentes em tempo real e os demais em até 30 minutos.

Assim, uma clínica médica não precisa investir alto na contratação de especialistas para obter laudos com qualidade e agilidade.

Conclusão

Apresentei, neste artigo, um balanço sobre as principais especialidades médicas do futuro, além de habilidades que serão requeridas para o exercício da medicina.

Ficaram evidentes as vantagens daqueles que já estão se preparando e aderindo a tecnologias inovadoras, como a telemedicina.

Deixe que a Morsch reforce os serviços na sua clínica ou hospital, fornecendo laudos médicos a distância com confiabilidade e rapidez.

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Referências Bibliográficas

Future Trends Help You Choose The Most Fitting Medical Specialty – The Medical Futurist. Nov/ 2018.

Five emerging medical specialties you’ve never heard of – until now – AAMCNews. Julho/2018.

Pesquisa propõe o uso da nanotecnologia no tratamento do câncer – Confap. Dez/2016.

Tratamento de câncer e outras doenças ganha impulso com a nanotecnologia – Agência Fapesp. Dez/2016.

The Top Medical Specialties with the Biggest Potential in the Future – The Medical Futurist. Julho/2017.

VIEIRA, D. B.; GAMARRA, L. F. Avanços na utilização de nanocarreadores no tratamento e no diagnóstico de câncer. Einstein. 14(1):99-103. 2016.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin