Qual a diferença entre Radiologia e Radiografia? Elas não são sinônimos

Por Dr. José Aldair Morsch, 10 de dezembro de 2018

Muita gente confunde os termos radiologia e radiografia, acreditando que são sinônimos.

Na verdade, eles são bastante próximos. Além disso, ambos foram – e continuam sendo – fundamentais para os avanços em exames de diagnóstico por imagem.

Neste artigo, você vai conhecer um pouco da história, aplicações e diferenças entre as duas áreas.

Vai ver também para que serve a radiologia, os tipos de radiografia existentes e conhecer a importância de tudo isso para os cuidados com a saúde.

Para finalizar, falarei sobre os progressos da telerradiologia, que tornou possível a emissão de laudos à distância para exames como raio X, tomografia e ressonância magnética.

Qual a diferença entre radiologia e radiografia?

Como citei no início do texto, a radiologia e radiografia estão bastante relacionadas.

A radiografia se refere ao exame de raio X, que mostra partes internas do organismo.

Existem radiografias específicas que, com o tempo, ganharam outros nomes, como a mamografia (radiografia das mamas).

Raio X e mamografia fazem parte de uma das áreas da radiologia, chamada radiologia médica.

Ou seja, a radiografia é um dos elementos que formam o universo da radiologia médica.

A importância da radiologia e radiografia para a sociedade

Radiologia e radiografia conceito

A importância da radiologia e radiografia para a sociedade

Imagine ter que abrir uma pessoa para poder examinar os seus órgãos internos.

Pois esse era o cenário da medicina mundial até o fim do século XIX, quando o raio X foi descoberto.

Era 1895 e o físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen suspeitava que a radiação ionizante pudesse mostrar registros internos do organismo.

Então, ele testou e tirou a primeira radiografia de que se tem notícia.

O teste durou aproximadamente 15 minutos, e coletou imagens da mão esquerda da esposa de Roentgen.

Por sua descoberta, o profissional foi agraciado com Prêmio Nobel de Física, em 1901.

Logo, os exames de raio X se popularizaram nos países ricos e, depois, nos mais pobres.

Sem eles, seria praticamente impossível diagnosticar várias doenças precocemente.

Essa popularização partiu da necessidade de diagnósticos assertivos para patologias crônico-degenerativas, infecto-contagiosas e causas externas, como traumas.

Elas representavam algumas das principais causas de morte há algumas décadas, tanto no mundo desenvolvido quanto no subdesenvolvido.

E desde a invenção da radiografia, a importância do radiodiagnóstico só cresce.

Para se ter uma ideia, pelo menos cinco das 10 principais causas de morte no Brasil em 2013 são de doenças que podem ser detectadas por exames radiológicos.

Doenças cerebrovasculares, infarto do miocárdio, pneumonia, traumas por acidentes de transporte terrestres e câncer de pulmão são exemplos.

Além de auxiliar no diagnóstico, exames como a mamografia são essenciais no rastreamento do câncer de mama.

Segundo estudo publicado em 2011 no periódico Radiology, a realização de mamografia periódica por mulheres com mais de 40 anos reduz em até 30% as mortes por câncer de mama.

Vale dizer que a implantação de um programa de acompanhamento com mamografia em países escandinavos teve resultados ainda mais animadores.

Em 2006, um levantamento publicado na scielo, constatou redução de 63% na mortalidade por câncer de mama entre as mulheres participantes.

Conceitos e fundamentos da Radiologia

Radiologia odontológica

Radiologia odontológica usa os mesmos princípios da Medicina

Como mencionei no tópico anterior, a radiografia deu origem à radiologia médica, gerando importantes avanços no diagnóstico de diversas doenças.

Mas essa especialidade é mais ampla, tendo aplicações odontológicas, veterinárias, metalúrgicas, ambientais e até para a esterilização de alguns itens.

O que é a radiologia?

Em termos gerais, radiologia é uma especialidade que utiliza radiação para captar imagens internas, sejam de estruturas, pessoas ou animais.

Fora da área médica, fontes radioativas podem ser empregadas, ainda, para esterilizar alimentos.

Neste texto, vamos focar a atenção na radiologia médica – especialidade que usa diferentes tipos de radiação para fins diagnósticos e terapêuticos.

Para que serve a radiologia?

A radiologia tem uma infinidade de aplicações.

Em medicina, essa especialidade serve para diagnosticar, rastrear e dar suporte no tratamento de patologias.

A história da radiologia no Brasil

A radiologia chegou rapidamente ao Brasil, sendo logo aplicada na medicina.

Por aqui, a primeira radiografia foi realizada em 1897, pelo professor Alfredo Brito.

Ele usou os raios X para localizar projéteis de armas de fogo que atingiram soldados durante a Guerra de Canudos, na Bahia.

No mesmo ano, um comerciante de Recife/PE importou um equipamento para realizar radioscopias das mãos de mulheres durante festas.

Esse fato indica que o uso de radiação ionizante conferia status na época.

Radioscopia ou fluoroscopia é um exame de imagem que usa radiação ionizante para mostrar uma imagem contínua, evidenciando movimentos.

Ainda no fim do século XIX, a primeira cidade no interior do país recebeu um aparelho para testes radiológicos, trazido pelo doutor Carlos Ferreira Pires.

O município de Formiga/MG passou, então, a contar com um equipamento rudimentar fabricado pela Siemens, que funcionava através de baterias ou combustíveis fósseis.

Isso porque a cidade não dispunha de energia elétrica.

Pouco tempo depois, o radiologista Álvaro Alvim voltou da França com conhecimentos para operação e realização de exames com as novas máquinas.

Ele também trouxe equipamentos usados na formação dos primeiros operadores brasileiros de raio X.

Esses profissionais foram os precursores dos técnicos e tecnólogos em radiologia.

A partir da década de 1920, mais médicos viajaram para o exterior a fim de adquirir capacitação e equipamentos radiológicos, que eram transportados para o Brasil.

Muitos donos de consultórios no interior que adquiriram os aparelhos não sabiam como utilizá-los e, por isso, enviavam funcionários às capitais para se formarem operadores de raio X.

Abreugrafia, uma técnica brasileira

A história da radiologia no século XX ficou marcada por uma invenção do médico Manoel Dias de Abreu.

Em resposta ao grande número de casos de tuberculose diagnosticados em estágio avançado, levando à morte, o especialista desenvolveu a abreugrafia.

Esse era um procedimento em que a tela de um raio X de tórax era fotografada, e registrada em filmes de 35 ou 70 mm.

Além de permitir um diagnóstico em fases iniciais, o exame reduziu os custos para identificar a tuberculose.

Afinal, o filme fotográfico era mais barato que as chapas radiográficas usadas até aquele momento.

A abreugrafia ganhou destaque internacional, mas, após alguns anos, se tornou obsoleta e caiu em desuso.

Áreas da Radiologia

Áreas da Radiologia

Áreas da Radiologia

Aplicada à medicina, a radiologia atua tradicionalmente no diagnóstico por imagem.

Recentemente, médicos radiologistas têm expandido sua atuação também para alguns procedimentos invasivos, como a biópsia.

Biópsia é um procedimento em que uma pequena amostra de um tecido é colhida, para que seja estudada em laboratório.

Conheça, a seguir, os principais exames radiológicos de diagnóstico por imagem.

Raios X

Radiografias são os testes mais simples, que mostram imagens em duas dimensões de partes internas do corpo.

Nos próximos tópicos, vou falar mais sobre esse exame.

Tomografia computadorizada

É um procedimento que permite a coleta de imagens transversais de várias partes do corpo.

Com a tecnologia empregada na TC, é possível até sobrepor registros para formar imagens em 3D.

Densitometria óssea

Utiliza o DEXA (Densitometria por Raios-X de energia dupla) ou  aparelho de tomografia (tomógrafo) para captar cortes dos ossos, evidenciados em vários ângulos, verificando a saúde do tecido.

A densitometria óssea auxilia no diagnóstico de doenças como a osteoporose.

Mamografia digital

Como mencionei antes, a radiografia das mamas tem sido uma importante ferramenta de rastreamento desse tipo de câncer.

Através do exame, é possível visualizar pequenas alterações no tecido mamário, que podem evoluir para essa grave doença.

A invenção de mamógrafos digitais conferiu mais sensibilidade à mamografia, permitindo a identificação de microcalcificações.

Cintilografia e PET/CT

Esses são dois exames da área de medicina nuclear, que usam materiais radioativos na identificação e tratamento de patologias.

A tomografia por emissão de pósitrons (PET/CT) é um teste que mostra a atividade metabólica de vários órgãos e sistemas do organismo.

Já a cintilografia é feita a partir da administração de radiofármacos, que são absorvidos pelos órgãos e emitem a radiação captada pelo equipamento durante o exame.

Ressonância magnética

Reconhecida como uma das principais técnicas de diagnóstico por imagem atualmente, a ressonância usa um campo magnético para captar imagens internas com alta resolução e clareza.

Um pouco sobre o exame de Radiografia

Radiografia

Radiografia

Como já comentei, o exame de raio X foi o primeiro a mostrar imagens internas do organismo, provocando transformações profundas na medicina.

Podemos dizer, inclusive, que a radiografia inaugurou a aplicação médica da radiologia.

Mesmo após diversas evoluções no uso da radiação ionizante para fins diagnósticos, o raio X continua sendo relevante e amplamente utilizado em todo o mundo.

O que é a radiografia ou raio x?

Radiografia é um exame que usa radiação ionizante para colher imagens de áreas internas do organismo.

Desde o fim do século XIX, esse teste dá suporte para a visualização de fraturas, tumores e outros males.

As imagens de um exame de raio X mostram as estruturas anatômicas em tons de cinza, sendo formadas de acordo com a densidade dos tecidos.

Partes mais densas, como os ossos, aparecem claras e com grande nitidez.

Já órgãos e partes moles aparecem mais escuros, pois absorvem pouca radiação.

Para que serve a radiografia

A radiografia serve para diagnosticar fraturas, cáries nos dentes, bloqueio de vasos sanguíneos, pneumonia (infecção nos pulmões), tumores e outros males.

Por ser um exame barato, simples, rápido, não invasivo e indolor, o raio X faz parte da rotina em qualquer unidade de saúde.

Qual a diferença entre tomografia e radiografia?

A tomografia computadorizada surgiu a partir de avanços no uso da radiação ionizante, a mesma usada no exame de raio X.

Porém, a TC é um tipo de radiografia ultrassensível, que resulta em imagens mais completas, obtidas a partir de vários ângulos.

Ou seja, enquanto a radiografia registra apenas uma chapa ou corte por vez, a tomografia gera centenas.

Isso é possível devido ao tubo presente no tomógrafo, que gira 360 graus em torno do paciente para mostrar estruturas anatômicas de diversas perspectivas.

Inclusive, os cortes de uma tomografia podem ser sobrepostos, resultando em imagens 3D.

Para isso, a tomografia usa uma dose de radiação ionizante 2,5 vezes maior do que em uma radiografia.

Tipos de radiografia

A radiografia é um teste versátil, que pode mostrar partes da maioria das regiões do corpo.

Talvez o exemplo mais comum seja o raio X de um braço ou perna, que aponta uma possível fratura.

Abaixo, veja mais algumas versões do exame.

Rx do Tórax

A área reúne grande número de ossos, vasos sanguíneos e órgãos vitais, como o coração.

A radiografia torácica costuma ser feita para identificar anormalidades nos pulmões, como tuberculose, pneumonia ou pneumotórax.

Rx dos Seios da Face

Serve para mostrar as cavidades ósseas em torno dos olhos, nariz e maçãs do rosto, conhecidas como seios da face.

Essa radiografia revela patologias como sinusite e sinais de câncer de cavidade nasal e seios paranasais.

Rx do Abdômen

Esse teste costuma ser indicado junto ao contraste, substância que realça os órgãos da região.

Em geral, a radiografia do abdômen identifica causas e sinais de obstrução ou distensão nas alças do intestino.

Indicações para a radiografia

De maneira geral, o raio X é indicado para investigação de suspeita de fraturas ou fissuras nos ossos, tumores e outras massas, e inflamações.

O estudo de vasos sanguíneos e estruturas do aparelho digestivo também pode ser feito com o auxílio de meios de contraste.

Por isso, a radiografia pode ser solicitada para examinar anomalias em veias, artérias e no intestino, entre outros tecidos.

O raio X tem poucas contraindicações, mas não deve ser realizado em mulheres grávidas.

Isso porque a radiação ionizante está relacionada ao desenvolvimento de câncer.

Telerradiologia como solução para laudos a distância em exames radiológicos

Telerradiologia como solução para laudos a distância em exames radiológicos

Tanto os exames de raio X quanto outros testes radiológicos têm se beneficiado de laudos à distância.

Essa inovação se tornou realidade graças à combinação entre radiologia e tecnologias da comunicação e informação (TICs), o que deu origem à telerradiologia.

Através da telerradiologia, clínicas e hospitais vêm reduzindo custos e ganhando agilidade com a emissão dos laudos médicos online.

Assim, não é mais necessário ocupar os especialistas in loco para a interpretação de exames.

Isso é importante, principalmente, quando há alta demanda por laudos.

Os especialistas da empresa de telemedicina ficam dedicados apenas à avaliação dos exames e, assim, podem ser um reforço fundamental para garantir o atendimento.

Tudo isso com segurança e atendimento às exigências de legislações como a Resolução CFM Nº 2.107/14, que regula a telerradiologia.

Conclusão

Neste artigo, trouxe alguns marcos históricos e falei sobre as diferenças entre radiologia e radiografia.

É inegável a importância dessa área médica e seus exames por imagem.

Mais recentemente, um dos grandes progressos nesse campo é a telerradiologia, que possibilitou a emissão de laudos à distância de forma confiável e rápida.

Você também pode reduzir custos na sua unidade de saúde, com o apoio da Telemedicina Morsch.

Entre em contato e conheça soluções vantajosas que cabem no seu orçamento.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin